O Carnaval é uma das festas mais populares do Brasil, muito conhecido pela alegria, bloquinhos de rua, trios elétricos, desfiles de escolas de samba e principalmente pelas cores e muito glitter!
Mas você sabe quais são as consequências dessa festa, tão amada pelos brasileiros, para o meio ambiente?
O plástico
Para entender um pouco melhor sobre como o carnaval tem ligação com a poluição do meio ambiente, temos que contextualizar um dos materiais mais utilizados no mundo todo: o plástico.
Os plásticos podem ser definidos como um conjunto de materiais sintéticos ou semissintéticos que usam polímeros como ingrediente principal, são compostos extremamente maleáveis e resistentes, que, atualmente, são utilizados para a produção de praticamente todos os materiais presentes em nossas casas.
Por se tratar de um material tão resistente, composto de ligações químicas muito fortes e extremamente difíceis de serem quebradas, nem o primeiro material plástico, produzido pela humanidade em 1863, foi completamente decomposto, ele apenas passou por um processo de fragmentação, tornando-se um microplástico.
O problema do microplástico e o carnaval
De acordo com a professora de ciências, biologia e laboratório, Elismara Brito, os microplásticos são pedacinhos minúsculos de plástico, geralmente menores que 5 mm, que acabam se espalhando pelo meio ambiente. Eles podem vir da degradação de plásticos maiores, como garrafas e sacolas ou já serem produzidos assim, como o glitter e os usados em cosméticos e produtos de higiene.
E é durante o período do carnaval que o microplástico ganha total destaque. A maioria das pessoas tem esse item como um componente indispensável para comemorar esse feriado, e é aí que mora o problema! O glitter é utilizado para enfeitar fantasias e compor maquiagens, e normalmente, tem um destino que prejudica o meio ambiente.
Todo esse glitter não sai facilmente do corpo e a maneira mais efetiva de se livrar dele é durante o banho. Nesse processo todo esse microplástico é levado pela água, o que o distribui pelos canos e bueiros, chegando a rios, mares e oceanos, contaminando praticamente todos os ecossistemas que conhecemos.
“Infelizmente, eles estão em todo lugar! Eles já foram encontrados nos oceanos, como as ilhas de plásticos espalhadas pelo planeta, em rios, no solo, no ar e até na água potável. Estudos recentes mostram que já foram encontrados na placenta e até no leite materno. Como o plástico demora séculos para se decompor, ele vai se fragmentando e se acumulando nos ecossistemas.” – Complementou Elismara.
De acordo com estudos recentes, pesquisadores também estão fazendo uma ligação entre a presença de microplástico em nosso organismo com a maior chance de ataques cardíacos e derrames. O microplástico já faz parte da cadeia alimentar, e volta de maneira cíclica para dentro de nossos organismos, causando efeitos diversos e até então desconhecidos pelos cientistas.
Desperdício e descarte incorreto
Além do problema gerado pelos materiais plásticos produzidos com tamanho menor a 5 mm, também devemos nos preocupar com os plásticos que estão se fragmentando ao redor do mundo.
O desperdício de plástico é um problema que assola o mundo durante todo o ano, mas durante o período de festas do carnaval os dados sobre o descarte incorreto de lixo tem um aumento significativo. De acordo com uma matéria produzida pela Revista Piauí, no ano de 2023, as coletas de lixo pós-carnaval nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo somaram mais de 1700 toneladas de resíduos, número que equivale à produção média de um ano de lixo gerado por 5 mil pessoas.
Elismara nos deu mais detalhes sobre os resíduos mais encontrados nas ruas: “Durante o Carnaval, o volume de lixo dispara, principalmente em grandes festas de rua. Copos descartáveis, latinhas, garrafas PET e glitter plástico ficam espalhados por todo canto. Se não houver um descarte adequado, muito desse lixo vai parar nos bueiros, rios e oceanos”.
Como conscientizar as pessoas
Para que essa questão possa ser tratada, devemos ficar atentos aos nossos hábitos e aos materiais que consumimos. Elismara Brito também comentou sobre como deve ocorrer essa concretização: “O ideal é educação ambiental e campanhas práticas. Ações como incentivar copos reutilizáveis, distribuir sacos de lixo e promover a reciclagem fazem toda a diferença. Além disso, quanto mais falarmos sobre os impactos do plástico, mais pessoas vão se preocupar com o descarte correto. Esse trabalho eu sempre faço com os meus alunos, ações e projetos sustentáveis para que eles possam conhecer e praticar essas ações”.
Ah! E também devemos utilizar a regra dos Rs: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Apesar de esse ser um assunto muito sério, que está gerando preocupação com a saúde do meio ambiente e dos seres humanos, ainda podemos encontrar soluções possíveis para desacelerar o uso do plástico na composição dos materiais.
“Existem alternativas como o bioplástico, feito de materiais biodegradáveis, e opções como vidro, metal e papel reciclado. Mas o mais importante não é só substituir, e sim reduzir o consumo e melhorar o descarte correto dos resíduos.” – Disse Elismara.
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O artigo acima foi editado por Anna Muradi
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