O status de “noiva” está se tornando um sonho de consumo entre as mulheres. Ao longo dos últimos anos, notamos uma mudança de pensamento na geração atual, que está se tornando mais conservadora, trazendo a glamourização de pontos que antes criticavam.
Nos últimos anos, a Geração Z se consolidou como a mais progressista da história, defendendo pautas feministas, independência financeira e questionando instituições tradicionais, como o matrimônio. Porém, desde o final de 2024 até o começo de 2025, o casamento entre os jovens vem ganhando força.
Antes, ser dona de casa era visto como algo ruim, mas, na atualidade, muitas mulheres postam no TikTok que gostariam de assumir esse papel ou expressam o desejo de se tornarem “esposas troféu”, em outras palavras, donas de casa com “maridos ricos”.
Basta um rápida navegação pelo TikTok e, ao entender que você é mulher, o algoritmo te mostra pedidos de casamento cinematográficos, revelando cada detalhe da cerimônia e usando hashtags como #BrideEra. Mas o que faz a Geração Z, conhecida por sua militância e críticas aos padrões tradicionais, começar a se interessar em casamento?
O “sim” INSTAGRAMÁVEL
Com as redes sociais, principalmente Instagram e TikTok, foram criados cenários de vidas perfeitas, mostrando apenas a parte boa e romântica da vida, principalmente dos relacionamentos, transformando o matrimônio em um verdadeiro evento aspiracional.
O casamento, em muitos casos, era um peso social, mas, hoje em dia, ele se ressignificou. Para muitas jovens, receber o título de “noiva” virou um símbolo de conquista, tal qual um troféu. Mas, claro, só se for a tendência do momento. Não basta apenas ser pedida em casamento; tem que ser filmado. Um exemplo disso é mostrado no filme da Prime Video About Fate, em que a personagem da Madelaine Petsch aceita o pedido de noivado, mas pede que seja refeito para ser filmado no ano novo.
O anel de noivado, a escolha do vestido e a cerimônia passaram a ser exibidos não apenas como um ato de amor, mas como um evento majestoso. A busca pelo casamento perfeito se transformou em um novo tipo de objetivo de vida, onde a estética e a experiência visual da cerimônia muitas vezes se sobrepõem à própria relação do casal.
Se antes o casamento era um momento privado, agora ele é uma narrativa construída em tempo real. As redes sociais estão repletas de vídeos e trends virais de casamentos dignos de filmes. Essas imagens criam um ideal de que casar é uma experiência essencial, algo que toda mulher deveria viver para se sentir completa.
Sempre a madrinha, nunca a noiva
A viralização desse tipo de conteúdo também reforça uma nova pressão social: se tantas mulheres estão sendo pedidas em casamento e vivendo essa fase mágica, por que algumas ainda não chegaram lá? A romantização da “bride era” pode acabar transformando o matrimônio em um novo padrão de validação, fazendo com que muitas jovens se sintam pressionadas a alcançar esse status.
Além disso, há a necessidade de itens luxuosos e tendências sobre o anel de noivado, criando expectativas nas mulheres para anéis bilionários, como o que a Franciny Ehlke recebeu de seu noivo bilionário Tony Maleh.
busca por estabilidade?
Outro fator que pode explicar essa mudança de mentalidade é a instabilidade da vida moderna. A Geração Z cresceu em meio a crises econômicas, mudanças sociais rápidas e relações cada vez mais frágeis. Nesse contexto, o casamento pode ser visto como um porto seguro, uma forma de garantir estabilidade emocional e financeira.
Além disso, com tantas exigências no mercado de trabalho e na vida adulta, a ideia de construir uma vida a dois pode parecer uma alternativa confortável e acolhedora. Para muitas mulheres, casar se tornou um símbolo de estabilidade em um mundo que parece cada vez mais incerto.
Se, no passado, o matrimônio era visto como uma obrigação para as mulheres, hoje ele está sendo ressignificado como uma escolha. Para muitas da Geração Z, casar não é um retrocesso, mas sim uma decisão consciente dentro de um contexto de empoderamento feminino.
No entanto, essa linha entre escolha pessoal e imposição social pode ser tênue. Se antes a sociedade cobrava das mulheres que se casassem para serem aceitas, hoje a pressão vem das redes sociais e da construção de um ideal aspiracional, uma trend. O casamento pode até ter adquirido uma nova roupagem, mas a necessidade de aprovação e pertencimento ainda persiste.
A Geração Z pode ter reinventado o casamento, mas a questão fundamental continua a mesma: até que ponto esse desejo é uma escolha real ou apenas mais um padrão imposto de maneira sutil?
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O artigo acima foi editado por Anna Muradi
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