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selena gomez martin short and steve martin in Only Murders in the building season 3
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Casper Libero | Culture > Entertainment

5ª temporada de Only Murders in The Building – O Arconia nunca dorme

Ana Antunes Student Contributor, Casper Libero University
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

Há algo admirável em séries que conseguem sobreviver às próprias repetições. Only Murders in the Building, que estreou em 2021 como uma sátira ao boom dos podcasts de true crime, chega à quinta temporada sem trair sua essência: uma comédia de mistério elegante, ambientada entre os corredores excêntricos do edifício Arconia, em Nova York. E, ao contrário do que se poderia imaginar, o desgaste não chega. Ele amadurece.

Logo nos primeiros episódios, a série mostra que aprendeu a dominar o tom da narrativa. O ritmo é mais calmo, o humor mais refinado e o mistério, ainda que absurdo em premissa, encontra emoção em um novo centro narrativo: o porteiro Lester. Personagem secundário desde o início, ele agora ocupa o protagonismo e dá à temporada um tom de melancolia e nostalgia.

A história começa de onde parou a quarta temporada, com a morte de Lester no pátio do Arconia. O que foi classificado como um acidente fatal se transforma em um enredo de segredos, heranças e crimes ligados à máfia nova-iorquina e a bilionários que usam o dinheiro para controlar silenciosamente parte da cidade. O crime funciona como gancho para o resto dos episódios.

O segundo episódio é o coração emocional da temporada. Em uma estrutura quase antológica, acompanhamos a trajetória de Lester desde o início da vida adulta. Sonhador, ele queria ser ator, mas acabou aceitando um emprego temporário como porteiro até “as coisas acontecerem”.

As tais coisas nunca aconteceram e a carreira na atuação não deu certo, mas tudo ficou bem, pois ele se acabou se apaixonando pelo condomínio, pelos moradores e pela Lorraine. O Arconia virou seu palco e os moradores seu público diário. Entre sonhos frustrados, um casamento e uma tentativa falha de aposentadoria, ele se torna o elo entre a velha e nova Nova York.

Essa abordagem mais íntima é uma das grandes pontos altos da temporada. Ao dar luz a um personagem secundário, a série fala sobre o tempo, sobre as vidas comuns e seus segredos. Há uma nostalgia que paira em cada cena, mas ela nunca pesa: pelo contrário, traz leveza.

Enquanto isso, o trio principal continua conduzindo a narrativa. Charles (Steve Martin), Oliver (Martin Short) e Mabel (Selena Gomez) seguem com a mesma química irresistível, de um trio improvável que, a essa altura, já funciona como família. Eles erram pistas, discutem teorias, se metem em confusões absurdas, mas nunca perdem o timing do humor. A série se mantém engraçada pela naturalidade com que esses personagens reagem ao caos.

Os roteiristas também demonstram domínio sobre a própria fórmula, sabendo que o público já reconhece os padrões e brincam com isso. Há momentos em que o roteiro parece rir de si mesmo, especialmente quando personagens comentam o excesso de assassinatos no prédio ou a coincidência de sempre haver uma temporada nova de podcast após cada crime.


Visualmente, a 5ª temporada é um retorno ao clássico. Nova York volta a ser protagonista: os planos abertos da cidade, os cafés lotados, os becos iluminados por neon e as fachadas do Arconia dão um ar cinematográfico ao cotidiano. A direção de arte aposta em tons mais frios e sofisticados, sugerindo um amadurecimento, tanto da série quanto dos personagens.

Ainda assim, há espaço para críticas. A estrutura episódica continua previsível: o crime, as pistas falsas, as reviravoltas e a revelação final seguem o mesmo molde das temporadas anteriores. Para alguns, isso pode soar repetitivo, mas, para outros, é justamente aí que está o encanto. Only Murders sabe o que é e não tenta fingir que é outra coisa.

O final, como sempre, amarra o mistério com ironia. As esposas dos falecidos se unem em uma última reviravolta que mistura tragédia e comédia e o trio encerra a temporada com uma sensação de círculo completo. Nada realmente termina no Arconia, apenas muda de andar.

No fim das contas, Only Murders in the Building é sim uma série sobre crimes, mas também charmosa, espirituosa e surpreendentemente emocional. A 5ª temporada é uma aula sobre como envelhecer bem, e termina preparando o terreno para a sexta temporada, que já está confirmada.

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O artigo acima foi editado por Olivia Nogueira.

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Ana Antunes

Casper Libero '28

Jornalista em formação, apaixonada pela arte de escrever e informar.