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40% dos torcedores de F1 são mulheres: entenda a mudança no perfil de fã

Sofia Cingotta Student Contributor, Casper Libero University
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

Se há dez anos alguém dissesse que quase metade da torcida da Fórmula 1 seria formada por mulheres, provavelmente ouviríamos uma gargalhada incrédula, seguida de um “mas corrida não é coisa de homem?”. Pois bem, 2025 chegou e autódromos ao redor do mundo ganharam ‘outra cara’. Segundo a pesquisa Global F1 Fan Survey, feita pela F1 em parceria com a Motorsport Network, 41% dos fãs atuais são mulheres e, entre os novos torcedores, três em cada quatro são do público feminino. Mas quando essa virada de chave aconteceu?

Quando tudo começou

A ‘largada da mudança’ foi na chegada da Liberty Media, em 2017. A empresa americana assumiu a gestão da F1 com uma estratégia diferente daquela que vinha sendo utilizada por anos: transformar o esporte em entretenimento global, acessível e próximo de novos públicos. A ideia era acabar com a imagem de uma categoria ‘elitista’, difícil de entender e focada em um público específico.

Para mudar esse cenário, entrou a forte presença nas mídias sociais: Instagram, Tiktok, conteúdos interativos e pilotos participando de trends. Atualmente, os perfis oficiais da categoria em diferentes redes somam mais de 80 milhões de seguidores, gerando um engajamento poderoso. 

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Como disse Stefano Domenicali, CEO da F1, em 2023: “Precisamos falar com todos, não apenas com nossos fãs mais fiéis, mas também com aqueles que não fazem ideia do que é a F1.”

A influência da Netflix

Mas uma explosão de audiência veio também com a série Drive to Survive”, da Netflix, que estreou em 2019. Foi como acender as luzes no grid de largada para um novo público. De repente, a F1 deixou de ser só ‘carro e motor’ e passou a mostrar o que acontece nos boxes, nos rádios e até nas fofocas do paddock. Ali, o público descobriu que por trás do capacete existe um piloto de carne e osso, com inseguranças, rivalidades e até histórias românticas. 

Nomes como Daniel Ricciardo, Lando Norris e Charles Leclerc começaram a aparecer em trends do Twitter (X) não só por ultrapassagens, mas por frases engraçadas, memes e momentos que viralizaram. Nas redes sociais, comentários como: “Eu nem sabia quem era o Verstappen, mas agora torço contra ele só porque é o rival do meu favorito”, mostram como novos torcedores se envolvem pela rivalidade entre pilotos, que vai muito além do interesse técnico. 

Mas, vale lembrar que, apesar do efeito positivo da série de atrair um público novo para a categoria, a produção utiliza recursos narrativos ficcionais para contar algumas histórias e torná-las mais interessantes, dramatizando alguns fatos. 

Pódio feminino nas arquibancadas

Os dados mostram o tamanho da mudança: Em 2017, apenas 10% da base de fãs era feminina. Em 2021, já variava entre 18% e 45%, dependendo da pesquisa. Em 2023, Domenicali cravou: 40% do público já eram mulheres.

Em 2025, o novo Fan Survey confirma que as mulheres não só são 41% da base total, como representam 75% dos novos torcedores. Dentro da parcela da Geração Z, o público feminino representa 50%.  

Se antes a F1 era vista como um esporte técnico, restrito a gearheads (entusiastas e apaixonados por carros) e ao ‘paddock de sofá’, hoje ela virou também assunto de grupos online, trend no TikTok e até inspiração de moda.

Dentro e fora da pista, um novo grid

A transformação do público também mudou a forma como a categoria é vista dentro e fora das pistas. Hoje, além das tradicionais empresas da indústria automobilística e tecnológica, a F1 atrai patrocínios de moda, beleza e estilo de vida, interessadas em dialogar com esse novo perfil de fãs. Mas a resposta não veio apenas na publicidade: em 2023 nasceu a F1 Academy, categoria de base exclusivamente feminina. “Não é apenas uma ideia de marketing: ‘vamos colocar uma garota no carro para fazer as pessoas falarem sobre nós’. Tem de ser algo crível e real”, afirmou Susie Wolff, Diretora Geral da categoria. 

Com esse movimento, a F1 projeta manter o crescimento em mercados estratégicos como Estados Unidos, Oriente Médio e Ásia, regiões onde as torcedoras ocupam o primeiro lugar no pódio. A expectativa é de que a presença feminina ultrapasse 45% nos próximos anos, redefinindo não só quem acompanha o esporte, mas também como ele é transmitido e consumido. 

A Fórmula 1 pode até ter 20 pilotos no grid, mas quem está no volante da mudança agora são as mulheres.

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O artigo acima foi editado por Olivia Nogueira.

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Sofia Cingotta

Casper Libero '28

Journalism student at Cásper Líbero College, specializing in entertainment, culture, automotive, trends, and travel ✨