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The Sims o filme: a nova tendência no mundo do cinema de adaptar videogames está funcionando?

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Ver o seu jogo favorito se transformar em uma grande produção audiovisual é o sonho de consumo de muitos gamers. O público quer consumir as suas histórias preferidas em diferentes tipos de mídia, e uma delas é o cinema. 

Nos anos 2000, o primeiro The Sims surge com a proposta inovadora de ser um simulador da vida real. Com gráficos coloridos e um sistema de construção expressivo, o jogo conquistou o público jovem, que tinha em mãos total liberdade para criar personagens virtuais e controlar a vida cotidiana deles. Desde lá, a franquia acumulou quatro jogos e uma legião de fãs. 

A desenvolvedora Electronic Arts anunciou em setembro que o simulador vai ganhar uma faceta ainda mais real: um filme live-action para os cinemas. O longa contará com a produção de Margot Robbie, pela produtora Lucky Chap, e a direção de Kate Heron, que trabalhou na série Loki, da Disney.

GAMES SÃO POP!

A tendência de transportar o videogame para as grandes telas do cinema se intensificou nos últimos dez anos. Desde 2014, foram produzidas 18 adaptações de jogos eletrônicos, sem contar com aqueles filmes com uma temática voltada para games, como Pixels (2015) e WiFi Ralph: Quebrando a Internet (2018), mas que não retratam um jogo em específico.

Já se foi a época em que jogar videogames era uma cultura nichada. De acordo com pesquisa levantada pela Newzoo, cerca de 79% da população online global se engaja com videogame de alguma forma – seja jogando, assistindo ou socializando. Portanto, é natural que cada vez mais adaptações sejam feitas, porque o gamer está imerso na cultura pop. 

OS DESAFIOS DE UMA PRODUÇÃO TRANSMÍDIA

A cultura de convergência teorizada por Henry Jenkins mostra como um mesmo produto pode se manifestar progressivamente em diferentes mídias. Contudo, o processo de transformar games em filmes é um tanto nebuloso, tendo em vista que algumas características próprias dos videogames são perdidas quando ajustadas para o audiovisual, como a interatividade. O jogo não existe sem o jogador, que é quem determina o ritmo e o encaminhamento da narrativa. No cinema, essa atuação acaba se perdendo, contribuindo para um possível estranhamento do player com a obra apresentada.

Além disso, alguns jogos são mais populares e aclamados mais pela mecânica do que pelo roteiro propriamente dito, como a franquia Super Mario Bros., que já teve duas adaptações para as grandes telas, pela primeira vez em 1993 e novamente em 2023. O primeiro filme foi um live-action em que o roteiro foi baseado na simples premissa do jogo, de “encanador salva princesa de vilão dinossauro”, e foi um completo fiasco, justamente porque o jogo não tem uma história que renderia uma grande obra cinematográfica, e os roteiristas inventaram e incrementaram tanto que mudou totalmente o sentido do que é o Super Mario. 

Já a adaptação de 2023 foi mais certeira por escolher a animação, uma linguagem mais próxima do game, e pela escolha de trabalhar com referências do universo do jogo da Nintendo, estabelecendo uma relação com os fãs da franquia, sem perder o sentido para quem nunca jogou os jogos. 

Esse é o ponto-chave quando se fala em filmes baseados em jogos eletrônicos: a busca pelo equilíbrio entre agradar aos fãs, familiarizados com a narrativa, ao mesmo tempo, em que busca atrair um futuro consumidor. Nesse cenário, há a grande chance de não agradar nenhum dos dois, e assim produzir um filme que não conversa com nenhum público. 

Assim aconteceu com a adaptação mais recente em cartaz nos cinemas, Borderlands, em que a recepção da crítica e do público foi devastadora. Marcado por problemas na produção, com mudanças constantes na direção e no roteiro, o filme estreou com uma rara desaprovação de 0% no Rotten Tomatoes, site referência na avaliação crítica de obras audiovisuais. Isso porque a narrativa tangenciou o enredo e características intrínsecas do jogo. O resultado mostrou que não tem uma fórmula: cada videogame deve ter suas individualidades respeitadas e aprimoradas para a linguagem cinematográfica. 

CINEMA PODE APRENDER COM O STREAMING

Não é possível dizer com assertividade se essa tendência está funcionando na capacidade máxima, tendo em vista o potencial enorme dos videogames na indústria do entretenimento. Tal como as séries de televisão baseadas em jogos se tornaram um sucesso absoluto e um exemplo de como produzir conteúdo audiovisual bem executado.

A série “The Last of Us” da HBO Max foi uma das mais aclamadas e premiadas de 2023. A produção conquistou o público, mas principalmente os fãs do jogo, justamente pela roteirização, que manteve fidelidade aos elementos que tornaram o jogo tão próspero. Outras séries para o streaming tornaram-se populares pelo mesmo fator, como “Arcane” da Netflix e “Fallout” do Prime Video.

Talvez o que falte no âmbito da adaptação para os cinemas seja o desenvolvimento de recursos dentro do roteiro que reafirmam essa fidelidade com as histórias dos games, porque uma produção que não respeita a lore original é uma ofensa para os fãs. As narrativas são extensas e precisam ser condensadas sem que a essência se perca durante a trajetória.

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O texto acima foi editado por Eduarda Lessa.

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Sofia Faltz

Casper Libero '26

brazilian journalism student and coffee enthusiast <3