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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Depois de cinco anos, Taylor Swift retorna aos palcos com uma das maiores produções já vistas em turnês. Com mais de 50 shows confirmados apenas nos Estados Unidos e cerca de três horas de apresentação, os fãs podem acompanhar uma performance dividida em 10 atos em que a cantora retrata cada um de seus álbuns de estúdio já lançados.

A turnê foi carinhosamente apelidada por ela e seus fãs de “eras”. Taylor se supera ao apresentar um show no qual os telespectadores não apenas assistem, mas são imersos na jornada musical de sua carreira e suas eras.

“Com segmentos dedicados a todos os 10 álbuns de estúdio de Swift, o show entreteve uma plateia com ingressos esgotados e frequentemente gritando no estádio por 3 horas e 15 minutos, como Swift mostrou incansavelmente seu conjunto de habilidades e várias personalidades artísticas em 44 músicas”

Billboard sobre a The Eras Tour

Trazendo toda apresentação ao tema de eras, a loirinha canta cada ato com encenações alinhadas ao tema, à paleta de cores e às estéticas de seus videoclipes e álbuns. Tudo isso em cima de três palcos conectados por duas passarelas, sendo o principal e o intermediário equipados com blocos que se elevam do centro para formar plataformas de diferentes formatos.  

Com uma produção comparada às da Broadway, o show contém também acústicos no piano, dançarinos, backing vocals, fogos de artifícios internos, pirotecnia, pulseiras de LED, telões de projeções de imagens e piso interativo. O cenário ambicioso e astuto contém diversos componentes que deixam os fãs maravilhados.

 “Swift é sempre esperta para garantir que os aspectos mais preparados para a Broadway em suas turnês não impeçam momentos individuais. É possível um show durar mais de três horas e não apenas não parecer uma maratona, mas realmente ‘deixá-los querendo mais’”

Verity sobre a The Eras Tour
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Carreira

Cobranças excessivas sempre estiveram entrelaçadas nos 17 anos de carreira de Taylor. Desde muito nova, ela sofreu pressão midiática para se reinventar no country, pop e folk, para continuar a fazer sucessos após realizar eras premiadas, e, principalmente, para não realizar shows apenas com violão — apresentação mais comum entre artistas masculinos —, e sim com grandes produções.

Em sua primeira turnê, a Fearless Tour, que ocorreu entre 2009 e 2010, Taylor já apresentava aos seus fãs uma cuidadosa produção, com mudanças de cenários e trocas de figurinos. Em virtude do aumento de sua fama, as produções e cobranças da mídia também aumentaram e ela foi evoluindo até seus shows não serem mais apenas shows produzidos, mas espetáculos e experiências. 

Mariah Clarah, administradora de um dos maiores portais de notícias da Taylor Swift, o Uptades Swift Brasil, acredita que isso se deve não somente ao aumento de recursos para produzir esses shows, mas também pela cobrança da mídia para que as estrelas pop mostrem o quanto são grandiosas através de suas performances.

“Enquanto artistas masculinos são aclamados simplesmente por fazerem o básico do básico, as artistas femininas têm que ser impecáveis em tudo e, se elas falham em algum aspecto — como a Taylor que não é boa com dança, mas, ainda assim, se esforça para entregar o seu melhor —, isso é motivo para tentar diminuí-las de alguma forma.”

Mariah Clarah, administradora do Updates Swift Brasil

A própria cantora já falou, escreveu e cantou sobre as dificuldades que as mulheres na indústria da música passam. Em 2019, no álbum Lover, Swift lançou a música “The Man”, na qual questiona se o tratamento que ela recebe da mídia seria diferente caso ela fosse um homem. 

Ela admitiu, em entrevista para a Billboard no mesmo ano, que escreveu a canção não apenas baseada em sua experiência pessoal, mas também em experiências compartilhadas por diferentes mulheres que trabalham em todas as áreas da indústria musical.

Outro momento marcante de sua carreira, em que comentou a problemática, é o seu discurso ao receber o prêmio da Billbord de Mulher da Década em 2020:

“Artistas femininas da música dominaram esta década em crescimento, recorde de streamings, vendas de discos e ingressos e aclamação da crítica. E por que estamos indo tão bem? Porque nós temos que crescer rápido. Temos que trabalhar muito, provar que merecemos isso e superar nossas últimas conquistas. Mulheres na música, no palco ou nos bastidores não estão autorizadas a se acomodar. Somos mantidas em um padrão mais elevado e, às vezes, impossível de se sentir.” 

Mulheres na música

Desde sempre, as mulheres lutaram para alcançar um lugar no mundo e ter espaço em todas as profissões, incluindo a música. Ao ingressar no mercado musical, as artistas femininas tiveram que enfrentar problemas que seus colegas masculinos não enfrentavam, como falta de credibilidade, de apoio e preconceito.

Chris Fuscaldo, jornalista e pesquisadora musical, em entrevista à Her Campus Cásper Líbero, comenta sobre a trajetória das mulheres na música: “As mulheres precisaram desbravar muita coisa, cortar muita mata, para estas que estão aí hoje poderem chegar e passar com alguma tranquilidade. Elas ainda têm que se provar muito.”

De acordo com dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), em 2022, apenas 8% dos direitos autorais na música no Brasil foram destinados a mulheres. Segundo Isabel Amorim, superintendente do Ecad, “nesses três anos do relatório ‘Mulheres na Música’, vimos que as mulheres continuam mantendo seu papel de coadjuvantes na indústria, com a participação ainda pequena em todo esse ecossistema cultural.” 

Além das dificuldades encontradas no mundo da música, um estudo da Data SIM mostra que mais de 41% das trabalhadoras da área no Brasil têm uma carga horária superior a 40 horas semanais. “As mulheres precisam se reinventar como seres humanos, principalmente, para conseguir ocupar esse lugar [na música]”, afirma Fuscaldo.

Ao analisar produções de shows de artistas masculinos e femininos, é visível a diferença nas produções. Os shows da maioria das mulheres, como Taylor Swift, Katy Perry, Ariana Grande, Rihanna e Madonna, têm diversos dançarinos, trocas de figurinos, cenários elaborados, muitos efeitos especiais e apresentações pirotécnicas. 

Enquanto isso, os de artistas masculinos ganham mesma notoriedade e importância, como Ed Sheeran, Shawn Mendes, Justin Bieber e Drake, mas contam apenas com o artista tocando um violão ou andando pelo palco, sem muita produção, figurino, cenário ou efeitos especiais. E. quando algo minimamente diferente, como um figurino inusitado. acontece, esses homens são aplaudidos como se fosse algo totalmente inovador – como a atenção que Harry Styles ganhou nos últimos anos, por exemplo.

Exigência feminina

Giovanna Bianco, cantora, diz à Her Campus que todo artista que expõe seu trabalho ao público está sujeito a críticas, elogios e julgamentos. “O público é exigente, gosta de shows bem produzidos e boas performances.”

Sobre sua jornada na música, ela conta: “Fiz faculdades de administração de empresas e jornalismo, sempre conciliando a música e meus estudos de canto paralelamente. Estudava durante a semana e, aos finais de semana, me apresentava em eventos sociais e corporativos.”

Segundo o Data SIM, o mercado musical é composto por mulheres com alto nível de escolaridade. Cerca de 38,3% possuem ensino superior completo e 18,7% possuem alguma pós-graduação. De Giovanna à Taylor, a cobrança de mulheres na indústria da música é muito maior do que a dos homens, o que exige que as artistas estejam se reinventando a todo momento.

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The article above was edited by Julia Bonin.

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Júlia Darú

Casper Libero '26

My name is Júlia Darú and I'm a journalist student at Casper Libero University.
Rebeca D’Angelo

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