O mês de outubro é dedicado à prevenção do câncer de mama. A campanha teve início na década de 1990, criada pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, nos Estados Unidos, com corridas de rua e atividades voltadas ao diagnóstico e prevenção da doença. O laço rosa, entregue aos corredores durante os eventos, rapidamente ganhou as ruas e passou a ser distribuído em locais públicos, desfiles de moda e diversas outras iniciativas. Esse símbolo se tornou um marco na conscientização de milhares de mulheres ao redor do mundo.
Reconhecer que o câncer de mama pode atingir qualquer mulher, independentemente de idade, profissão ou hábitos, é fundamental. Muitas mulheres, inclusive no meio esportivo, têm encarado essa batalha. Mesmo atletas de alto rendimento, que dedicam a vida ao esporte, podem receber o diagnóstico. Seus relatos de superação e força se tornaramum farol para outras mulheres, reforçando a importância do diagnóstico precoce e do cuidado com a própria saúde.
Raquel Kochhann
O caso da jogadora brasileira de rugby, Raquel Kochhann, se tornou um dos mais comentados e é considerado um verdadeiro símbolo de resiliência. A atleta que estava prestes a se apresentar para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, encontrou um caroço no seio, que, a princípio, não apresentava riscos. Seis meses após os Jogos, Raquel sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho, uma lesão comum entre atletas de alto rendimento. Durante esse período de recuperação, ela destacou em entrevista ao UOL que “a operação seria inevitável, por isso aproveitei para resolver dois problemas: o joelho e o tal caroço que estava com o dobro do tamanho e visível na pele, inclusive”.
Após a biópsia, o nódulo apresentou células cancerígenas, e o tratamento foi iniciado. “Depois encontraram anormalidade no esterno (um osso plano, em forma de T, localizado na parte frontal e central do peito) e comecei a fazer radioterapia e quimioterapia para neutralizar esse câncer. Hoje ainda sigo com o tratamento de bloqueadores”, ressaltou Raquel ao Comitê Olímpico do Brasil.
Durante todo o processo, a atleta contou com apoio incondicional de suas companheiras de equipe.“Todo o time me ajudou durante o processo de quase dois anos. Quando ia para as sessões de quimioterapia, tinha a companhia delas, que não queriam me deixar dirigir”, relembrou em entrevista ao UOL. Com esse suporte, manteve-se motivada a seguir em frente: “Eu segui 100% na disciplina. Não falhei um dia. Terminei o tratamento de quimio e radio sem nenhum efeito colateral”.
Fabíola Constâncio
A jogadora profissional de vôlei Fabíola Constâncio, também enfrentou uma dura batalha contra o câncer de mama. Parou de jogar em 2018 e um ano depois, por meio do autoexame, descobriu um nódulo no seio. Passou por duas cirurgias, sessões de quimioterapia e perdeu o cabelo, até receber a notícia mais do que especial: poderia voltar a competir profissionalmente no Circuito Brasileiro do Vôlei de Praia, em 2021. Durante o tratamento, Fabíola manteve uma atitude positiva e determinada, tornando-se uma inspiração para outras atletas.
No entanto, em 2023, ela enfrentou uma recidiva da doença , precisando passar novamente por cirurgia e tratamento com radioterapia. Além da luta pessoal, Fabíola transformou sua experiência em ativismo ao criar o projeto “Fabíola Consciente”, que busca conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Sua trajetória inspiradora também foi determinante para a criação da Lei Distrital nº 7.050/2022, que garante a preservação da pontuação de atletas diagnosticadas com câncer, permitindo que retornem suas carreiras esportivas sem prejuízo na classificação. Atualmente, ela estuda Educação Física, com foco na área oncológica, e participa de pesquisas sobre os benefícios da atividade física para mulheres que enfrentam o câncer de mama.
Apesar da superação, Fabíola relata momentos de frustração com a Confederação Brasileira de Voleibol. Em entrevista ao ge, afirmou:
“Acho que a sugestão que eu daria para a CBV seria para serem humanos. Às vezes a impressão que me dá é que eles só agem como empresa, e a humanidade fica de lado. É muito triste você ter um atleta voltando de um câncer, onde eu poderia ter sido melhor abraçada, inclusive nesse momento de Outubro Rosa, que era minha intenção, estar juntamente com a instituição passando uma mensagem de positividade para as mulheres, e não só. É muito maior do que aquele núcleo privilegiado de atletas”.
Isabel Cristina Nunes (Bel)
A ex-jogadora de futebol Isabel Cristina Nunes, mais conhecida como Bel, ícone dos anos 1980 e 1990, enfrentou uma batalha contra o câncer de mama após deixar os gramados. Em 2015, ela descobriu um caroço no seio por meio do autoexame, que acendeu um alerta que mudaria sua rotina. Oito meses antes, um médico da rede pública havia orientado que evitasse fazer mamografias com frequência, alegando que a radiação poderia ser prejudicial e que o intervalo entre os exames poderia ser de quatro a cinco anos. Apesar da informação equivocada, o diagnóstico precoce foi decisivo para que ela iniciasse o tratamento a tempo. Bel passou por cirurgia, radioterapia e quimioterapia, enfrentando os efeitos colaterais com coragem e determinação.
Durante o tratamento, Bel compartilhou sua experiência com a comunidade, reforçando a importância do autoexame e da detecção precoce. Ela também destacou os desafios emocionais e físicos enfrentados durante o processo, incluindo a queda de cabelo e os efeitos da quimioterapia. Mesmo diante das dificuldades, manteve uma atitude positiva e determinada a se recuperar. Com a conclusão do tratamento, Bel retomou suas atividades profissionais e pessoais. Ela voltou a lecionar e se dedicou a projetos sociais voltados para a promoção da saúde e bem-estar.
Sua história de superação inspirou muitas mulheres a adotarem práticas preventivas e a enfrentarem o câncer com coragem. Além disso, Bel passou a atuar ativamente em iniciativas de conscientização sobre o câncer de mama, participando de campanhas educativas e palestras sobre a importância do diagnóstico precoce.
Atletas Internacionais
A velocista jamaicana Novlene Williams‑Mills foi diagnosticada com câncer de mama em junho de 2012, poucas semanas antes de disputar os Jogos Olímpicos de Londres. Logo após os Jogos, iniciou o tratamento cirúrgico,passando por uma mastectomia dupla, com reconstrução, e precisou enfrentar diversas outras cirurgias até eliminar todas as células cancerígenas remanescentes. Poucos meses depois, retornou às competições, tornando-se um exemplo de força e resiliência para atletas ao redor do mundo.
A ciclista de montanha e atleta de endurance Jen Hanks, enfrentou o câncer de mama em 2011, quando foi diagnosticada com carcinoma de mama em estágio dois. Após cirurgias, quimioterapia e outros tratamentos, conseguiu retornar às competições. Em 2013, no entanto, enfrentou uma recidiva, um nódulo na axila, indicando o retorno do câncer. Novamente submetida a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, Jen venceu a doença mais uma vez. Ela transformou sua experiência em fonte de inspiração ao compartilhar sua jornada no blog Athlete Fights Cancer, mostrando que vida de atleta pode continuar mesmo após um diagnóstico de câncer.
As histórias de Raquel, Fabíola, Bia, Novlene e Jen não são casos isolados, representam milhares de pessoas que enfrentam o câncer de mama dentro e fora do esporte. A conscientização sobre o próprio corpo, o autoexame e os exames preventivos são ferramentas essenciais para a detecção precoce, aumentando significativamente as chances de um tratamento eficaz.
Se você perceber qualquer mudança no seu corpo, procure orientação médica o quanto antes e incentive e outras pessoas a fazerem o mesmo. Embora o Outubro Rosa seja uma campanha anual, a prevenção deve ser constante, dentro e fora dos campos, quadras e pistas.
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O artigo acima foi editado por Isabella Gouvea.
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