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Primeiro, a França, Depois, o Chile: o Brasil em Atrito Internacional

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Por muitos anos, a soberania brasileira foi famosa pela proeminência territorial, populacional, abundância em recursos naturais e por não estar vinculado a conflitos armados que, por fim, a qualificou para ter uma voz em temas de interesses globais. No entanto, as recentes decisões feitas por Jair Messias Bolsonaro, atual presidente da República, como a aproximação com os EUA, a criação de uma pauta ideológica e atritos cada vez mais inflamados com países anteriormente considerados aliados vão destruindo sistematicamente a fama do Brasil. 

Em uma entrevista com Verônica Teixeira Glória, internacionalista formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), esclarecemos alguns pontos importantes para entender a situação e os problemas das relações exteriores do país.

Apenas uma semana após seu desentendimento com o presidente francês Emmanuel Macron e respectiva esposa, Bolsonaro se envolveu em mais uma polêmica. Após Michele Bachelet, ex-presidente do Chile e atual alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU), criticar o governo brasileiro em uma entrevista, Bolsonaro difamou o pai da chilena, torturado na ditadura, e também fez uma breve homenagem ao ditador do Chile, de 1973 a 1990, Pinochet.

Apesar de não ser possível fazer um insight ou futurologia sobre o governo brasileiro atual e suas ações, de acordo com Verônica, ficamos com o impasse incerto de que as atitudes polêmicas do presidente são um arroubo, um impulso agressivo característico da personalidade política do governante, ou uma estratégia pensada para concluir uma possível agenda.

Bolsonaro, desde seus anos como deputado federal, sempre se envolveu em questões polêmicas com uma postura conservadora. Sua campanha eleitoral em 2018 manteve o mesmo tom e, deste modo, seu governo também. É possível então, que muitos dos posicionamentos ante a críticas ao seu governo sejam de cunho impulsivo e não pensado.

Mas isso pode prejudicar o Brasil no diálogo internacional?

De acordo com Vêronica sim. Ao ter atritos com figuras importantes, como o presidente Macron e Bachelet, o presidente inflama ainda mais os conflitos com os países já desconfiados por sua postura conservadora e radical, indo contra a onda da sociedade no século 21. Faz, então, com que o Brasil se alinhe cada vez mais à postura de países sob governos mais autoritários, exaurindo suas chances de ser participativo nas decisões internacionais.

A proximação com os Estados Unidos e suas consequências

É notório a recente amizade do Brasil com os EUA e seus respectivos presidentes. E, apesar de ser uma necessidade a relação amistosa com a potência mundial norte americana, a aproximação do Bolsonaro e sua família para com o presidente estadunidense é considerada por alguns como apenas uma tentativa forçosa e falha. De acordo com Verônica, “o que chama a atenção nesse momento é que a proximidade tão forte com o Trump, sendo a iniciativa sempre do Brasil o acompanhando até mesmo em votações, contrarie seu histórico de relacionamento diplomático”. A criação desse desequilíbrio de interesses embasam atitudes como o desentendimento do Brasil com os países co-integrantes da organização intergovernamental Mercosul, que se mostrou extremamente vantajosa para o Brasil desde sua fundação, conta a intercionalista.

Pensando na falta de traquejo do presidente com o restante do mundo, os olhos se voltam para o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty. Este tem como meta orientar o desenho de política externa, sendo muito importante no papel de estabilizador e está em constante tentativa de atenuar as ações do atual governo com os outros países. Todavia, seu planejamento deve conversar com o governo e suas diretrizes, e é por isso que há uma incoerência massiva na diplomacia brasileira. Por fim, fica apenas o seguinte questionamento: no espaço internacional, há realmente esperanças para o Brasil ficar acima de tudo e de todos?

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Giovanna Pascucci

Casper Libero '22

Estudante de Relações Públicas na Faculdade Cásper Líbero que ama animais e falar sobre séries.