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Casper Libero | Culture

Por que nem todo mundo ama o próprio aniversário? Entenda a ansiedade dessa data

Maria Eduarda Toti Student Contributor, Casper Libero University
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

Aniversários. Essa é a data – ou era para ser – mais aguardada por todos nós. Um momento em que somos o centro da atenção e não paramos de receber mensagens de carinho e grandes desejos para nossa vida. No entanto, muitas pessoas não gostam de comemorar seus aniversários, por questões como ansiedade, medo, comparação etc. Esse é o seu caso? Sendo ou não, nesse artigo vamos entender o porquê algumas pessoas não gostam do próprio aniversário.

Eu odeio o meu aniversário (por que ninguém me entende?)

Comemorar o aniversário é um assunto muito delicado para certas pessoas. Embora seja um dia do ano em que é muito aguardado para alguns, é interessante entender de onde vem todo esse repúdio em comemorar o próprio aniversário.

Para o psicólogo clínico psicanalista Leandro Ruiz Constantino, existem certos aspectos inconscientes que podem estar ligados a essa repulsa. “Essa aversão pode representar um medo profundo de ser observado e julgado, ou mesmo uma repetição da forma que entende o afeto. Quando chega essa data, a pessoa pode sentir que está sendo forçada a se expor, o que gera angústia. O desejo de ser celebrado pode conflitar com a insegurança de não ser suficiente, levando a um desejo de evitar a comemoração.”

O medo de não ser uma pessoa altamente suficiente se esconde no ódio pelo próprio aniversário. Estar ao redor de pessoas que nunca nos sentimos bons o bastante dói, mas dói mais ainda ser o centro das atenções no seu próprio dia, onde algumas expectativas são construídas e quebradas.

Estou ficando velho (e não gosto de lembrar disso)

Crescer. Somos tomados por uma onda de nostalgia e vemos o quão longe chegamos. Nos aniversários, essas memórias nos atacam como uma rajada de vento. O que pode significar que estamos deixando nossa infância para trás, trazendo consigo uma certa melancolia. Fazendo com que nossos sentimentos sobre nossos próprios aniversários se tornem depressivos e vazios.

Além da nostalgia, os aniversários podem trazer uma sensação de perda. Como se estivéssemos envelhecendo e deixando a nossa beleza de lado. “Se alguém define seu valor com base na aparência ou em conquistas, o aniversário se torna um lembrete de que está envelhecendo. Isso gera uma sensação de perda, pois a imagem que se tem de si mesma pode não corresponder ao que gostaria.” Diz Leandro.

É vital lembrarmos que envelhecer faz parte da vida. Quando aceitamos que vamos envelhecer uma hora ou outra, passamos a aproveitar mais os momentos que a vida nos dá, e então poder aproveitar nossos aniversários como se fossem únicos – e afinal, eles são.

O passado que gera trauma

Talvez você ache que é “só não gosto de festas”, mas pode ser o seu psicológico te protegendo de algo pior. Se na sua infância, o seu aniversário foi uma leva de experiências como: esquecido, marcado por brigas ou negligenciado. O seu cérebro cria uma proteção e traz sentimentos como: raiva, ansiedade, angústia, para evitar as lembranças de momentos dolorosos.

“Experiências ruins deixam marcas emocionais. Se alguém teve um aniversário triste ou decepcionante, faz com que a pessoa evite celebrar novamente. O medo de reviver essas memórias dolorosas leva à decisão de não comemorar. O passado influencia o presente e cria uma espécie de bloqueio emocional.” Afirma o psicólogo. Mesmo com as lembranças ruins, dê espaço e oportunidade para se criar recordações boas e felizes. Como ir ao parque com os amigos próximos, fazer piquenique ao pôr do Sol ou ir a praia, deixe a imaginação te guiar para você poder aproveitar seu aniversário.

Aniversários não são mais assustadores


Trocar memórias ruins por boas pode ser um bom avanço para começar a gostar do seu aniversário. Existem certas práticas que podem trazer à tona essa paixão pelo aniversário novamente. A autônoma e diarista, Eliane Ramos Pereira, relata a sua experiência de como ela passou a amar seu próprio aniversário: “Eu passei a gostar da data do meu aniversário quando eu entendi que a data em si não refletia sobre o meu nascimento e sim sobre mim. Eu sou uma pessoa anti-social, não gosto muito de pessoas. Eu sou limitada. Quando eu entendi isso, as coisas ficaram mais fáceis. Mudei minha cabeça após essa descoberta.”

Aceitar nossos traços e divergências podem ser úteis para entendermos que está tudo bem certas coisas nos incomodarem, aceitar isso, pode ser um verdadeiro divisor de águas. 

Quando questionada quais hábitos a fizeram mudar de opinião sobre seu aniversário, Eliane disse que foi com a aceitação de ser uma pessoa anti-social. “Hoje eu descobri que sou assim, não gosto de ser o centro da atenção e tudo bem. Hoje em dia, eu não deixo passar em branco. Então eu compro um bolinho e comemoro com meu marido e filhos.” A comemoração do seu dia não precisa ser necessariamente uma festança com grandes atrações, ela pode ser simples, algo que deixa a sua marca registrada.

Buscar um acompanhamento psicológico pode ajudar bastante, um profissional pode te ajudar a lidar com traumas e situações estressantes e, quem sabe, fazer seu coração arder de amores novamente pelo seu aniversário.

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O artigo acima foi editado por Beatriz Tomagnini.

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Maria Eduarda Toti

Casper Libero '28

Journalism student at Casper Libero university, sports lover, books, lifestyle, movies and communication :)