Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro sacerdote latino-americano e jesuíta a se tornar papa. Foi eleito pontífice depois de dois dias de Conclave, no dia 13 de março de 2013, adotando o nome de Francisco.
Antes de se tornar papa se formou em Química, mas aos 20 anos, em 1957, decidiu se tornar padre. Entrou para o seminário de Villa Devoto e, em 1958, começou o noviciado na Companhia de Jesus, sendo ordenado padre em 1969. Em 1992, foi designado bispo auxiliar de Buenos Aires, tornando-se arcebispo em 1998. Em 2001, foi elevado ao posto de cardeal pelo papa João Paulo II.
Em sua autobiografia, Vida – Minha história através da história, Francisco contou que em 21 de setembro de 1953, estava indo encontrar alguns amigos para um piquenique, mas sentiu certa necessidade de entrar na Basílica de Flores, onde morava, e durante sua confissão, sentiu que “algo estranho” teria acontecido, algo que mudou sua vida: “eu estava maravilhado por ter encontrado Deus subitamente. Ele estava lá me esperando, antecipou-se a mim”.
O futuro papa ainda não tinha comentado com ninguém de sua família, nem amigos, sobre o chamado até pegar seu diploma. Logo após contou ao pai, que ficou contente, mas temiam como seria contar à sua mãe, então inventou que iria cursar Medicina, mas a dona de casa acabou encontrando livros de teologia enquanto limpava a casa e não aceitou muito bem a revelação.
Mesmo com os incentivos de sua mãe para que Bergoglio fizesse faculdade e depois se decidisse, o mesmo entrou no seminário arquidiocesano aos 19 anos. Além de toda sua trajetória, por seis anos foi reitor da Faculdade de Filosofia e Tecnologia de San Miguel.
Francisco foi alvo de críticas por suposta omissão durante a ditadura argentina. Em sua autobiografia, ele nega as acusações, afirma que intercedeu junto a autoridades militares e que os padres presos foram libertos após cinco meses de prisão e torturas.
Ascensão na igreja
Foi nomeado cardeal por João Paulo II, em 2001. Ao receber esta notícia, convenceu centenas de argentinos a não irem a Roma, pediu que dessem o dinheiro que gastariam na viagem aos pobres.
O papa emérito Bento XVI renunciou e Jorge Mario Bergoglio foi escolhido como papa no segundo dia de Conclave, dia 13 de março de 2013. Após a votação, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, se aproximou de Jorge e disse “nunca se esqueça dos pobres”.
E assim surgiu o nome Francisco, o papa tomou a decisão depois das palavras do brasileiro, em uma homenagem a São Francisco de Assis, conhecido por ter exercido sua vida religiosa na simplicidade e se dedicando aos pobres.
Francisco além de ser o primeiro papa latino-americano, foi o primeiro pontífice não europeu em mais de 1.200 anos, desde o papa Gregório III.
O que acontece quando o papa morre?
Após a morte do papa Francisco, anunciada pelo Vaticano na manhã da última segunda-feira (21), a igreja católica Romana dará início aos processos que marcam o fim de um papado e o início do próximo.
Depois da constatação da morte do papa, é considerado “Cadeira Vazia” (em latim, sede vacante), e o cardeal camerlengo, Kevin Joseph Farrel, passa a administrar a igreja. Ele também é responsável pela confirmação da morte do papa, com a palavra de um médico e um atestado de óbito.
O camerlengo e três cardeais decidem quando o corpo deve ser levado à Basílica de São Pedro, para que o público possa prestar suas homenagens. Eles também garantem que o Anel do Pescador seja quebrado para que essa joia única não possa ser usada por mais ninguém.
Os rituais de luto duram nove dias, a data do funeral e o do sepultamento deve ser decidida pelos cardeais.
O papa Francisco modificou e simplificou muito o funeral papal. A missa fúnebre ainda será realizada na Praça de São Pedro, e geralmente os papas são enterrados na Basílica de São Pedro, mas Francisco pediu para ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, para ficar mais próximo de sua imagem favorita de Nossa Senhora.
Também pediu para ser enterrado em um caixão simples de madeira, diferentemente de outros papas que foram todos enterrados em três caixões: um de cipreste, um de chumbo e outro de carvalho.
Como funciona o conclave?
Após 15 dias de luto, cardeais do mundo todo vão a Roma e realizam reuniões diárias, para discutir as questões da Igreja e decidir quais devem ser as características do próximo papa. Os cardeais com mais de 80 anos podem participar das congregações gerais, mas não podem entrar para o conclave, apenas cardeais com menos de 80 anos podem fazer parte.
Os participantes são proibidos de se comunicar com o resto do mundo. Celulares, internet, jornais, qualquer coisa que os ligue com o mundo exterior não são permitidos.
Os cardeais votam duas vezes ao dia, exceto no primeiro dia, que só tem uma votação. Para a escolha de um novo papa, são necessários dois terços dos votos mais um. Se após 13 dias ninguém for eleito, um segundo turno com os dois principais candidatos é realizado, mas ainda são necessários os dois terços mais um dos votos.
Quando um papa é eleito, ele é questionado se aceita e qual é o nome que deseja adotar, mas caso ele recuse, o processo começa novamente.
O novo papa coloca vestimentas brancas, que foram preparadas em três tamanhos, e se senta em torno da Capela Sistina para que os cardeais possam prestar homenagem e obediência. O anúncio para o mundo que o papa foi escolhido acontece quando um funcionário queima papéis com produtos químicos que lançam uma fumaça branca. Quando o papa ainda não foi escolhido, a fumaça é preta.
Quais são os nomes indicados como possíveis papas?
- Jean-Marc Aveline
-
Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, é conhecido por seu olhar aberto ao diálogo, especialmente em temas como imigração e relações com o mundo muçulmano, pontos em comum com o Papa Francisco. Aos 66 anos, o francês é formado em filosofia e doutor em teologia.
Sua caminhada na Igreja foi rápida, se tornou bispo em 2013, arcebispo em 2019 e cardeal apenas três anos depois. Em 2022, organizou uma grande conferência sobre os desafios do Mediterrâneo, que teve o próprio Papa como convidado especial. Se eleito, Aveline seria o papa mais jovem desde João Paulo II.
- Cardeal Peter Erdo
-
Em 2013, o húngaro foi candidato papal. Ele é considerado um conservador em teologia, em discursos por toda a Europa enfatizou as raízes cristãs do continente, mas também é visto como pragmático e nunca entrou em conflito conflito com Francisco apesar de seus ideais diferentes.
Porém, em 2015 foi contra o pedido do Papa Francisco para que as igrejas acolhessem refugiados, o cardeal disse que isso iria equivaler a tráfico de pessoas, mesmo discurso usado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.
Erdo, que agora tem 72 anos, se tornou bispo aos 40 anos e cardeal com 51, em 2003, o que o fez ser o membro mais jovem do Colégio dos Cardeais até 2010.
- Cardeal Mario Grech
-
Mario Grech, maltês de 68 anos, foi nomeado pelo Papa Francisco secretário geral do Sínodo dos bispos, o que é um cargo muito importante no Vaticano.
O cardeal era visto como conservador, já que em 2008 quando cidadãos gays estavam deixando a Igreja, não demonstrou oposição as ideias anti-LGBT do papa Bento XVI. Em 2014, não demonstrou muita simpatia mas pediu para que a Igreja fosse mais receptiva com membros LGBT em um discurso, algo positivo para ele.
- Dom Sérgio da Rocha
-
Dom Sérgio começou sua jornada na Igreja ainda jovem, sendo ordenado sacerdote aos 25 anos, em 1984. Sua trajetória ganhou força em 2001, quando foi nomeado bispo auxiliar de Fortaleza, marcando o início de uma caminhada de destaque na hierarquia eclesiástica.
Com passagens importantes como arcebispo de Teresina e depois de Brasília, ele foi ganhando cada vez mais espaço. Em 2021, o Papa Francisco o escolheu para integrar a Congregação para os Bispos, e, dois anos depois, entrou para o Conselho de Cardeais. Sua nomeação como cardeal aconteceu em 2016, consolidando sua influência dentro da Igreja.
- Cardeal Pietro Parolin
-
Pietro Parolin, de 70 anos é italiano e diplomata do Vaticano, serviu como secretário de estado desde 2013. Este cargo é semelhante ao de um primeiro-ministro e frequentemente esses secretários de estado são chamados de “vice-papas”.
- Matteo Zuppi
-
O arcebispo de Bolonha, está entre os favoritos para ser o sucessor do papa Francisco.
Matteo Zuppi foi promovido em 2015 e assumiu a Arquidiocese de Bolonha, a imprensa local se referiu a ele como o “Bergoglio italiano”, devido à sua afinidade com Francisco, cujo nome de batismo é Jorge Mario Bergoglio.
Padre Matteo seria o primeiro papa italiano desde 1978. Se ele for eleito, os conservadores provavelmente não confiarão tanto nele.
O cardeal italiano está intimamente associado à Comunidade de Santo Egídio, um grupo católico global de paz e justiça sediado no histórico bairro romano de Trastevere, onde passou a maior parte de sua vida como padre.
- Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson
-
Peter Turkson nasceu em Gana, em uma família simples e numerosa. Ao longo da vida, uniu formação religiosa em seminários de Gana, Nova York e Roma com forte atuação pastoral e acadêmica, sendo ordenado padre em 1975.
Foi o primeiro cardeal ganês e ocupou cargos importantes no Vaticano, liderando iniciativas ligadas à justiça social e mudanças climáticas. Sua experiência e origem africana fazem dele um dos nomes mais cotados para ser o primeiro papa da África Subsaariana.
- Cardeal Luis Antonio Gokim Tagle
-
O cardeal filipino é frequentemente chamado de “Francisco asiático” por ter posicionamentos semelhantes aos do papa Francisco.
Tagle tem décadas de experiência pastoral. O papa Bento XVI o nomeou cardeal em 2012, o que alguns dizem que foi uma “estratégia” de Francisco para que o Cardeal tenha alguma experiência no Vaticano.
As Filipinas têm a maior população católica da região, então alguns dizem que o Cardeal vem do “pulmão católico da Ásia” e se fosse eleito, seria o primeiro pontífice da Ásia.
————————————
O artigo acima foi editado por Duda Kabzas.
Gostou desse tipo de conteúdo? Confira Her Campus Cásper Líbero para mais!