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É O Dia Perfeito Para Um Jantar Secreto: Conheça o Suspense Policial de Raphael Montes

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

“Um sujeito se depara com um restaurante que serve carne de gaivota. Ele entra, pede a tal da carne e come. Logo em seguida, o homem voltou para casa e se matou.” O dilema da gaivota é uma peça central da obra Jantar Secreto. O motivo? Você terá que ler o livro para descobrir, mas já aviso que o desenrolar da história é um tanto quanto surpreendente e bastante perturbador.

Descubra o autor

O carioca Raphael Montes é o cara do momento quando o assunto são suspenses policiais e contos de terror. Dono de sucessos como “Suicidas”, “O Vilarejo” e “Uma Mulher no Escuro”, o jovem autor também é o roteirista-chefe e produtor-executivo de Bom Dia, Verônica, série da Netflix inspirada em livro escrito por ele junto a escritora e criminóloga Ilana Casoy. Sua habilidade de construir personagens realistas e de fácil identificação, que possuem porém uma tendência ao afloramento do pior que há na natureza humana é um de seus trunfos. E isso fica mais do que claro na obra O Jantar Secreto, lançada em 2016.

Os anfitriões do Jantar Secreto

O livro tem como núcleo central 4 amigos que nasceram em uma pequena cidade no Paraná, e se mudaram para o Rio de Janeiro a fim de fazer faculdade. Então vamos às apresentações: Dante – que inclusive é o narrador da história – cursa administração, mas não consegue emprego na área; Hugo estuda gastronomia e pode-se dizer que é o “heterotop” do grupo; Miguel faz o papel do clássico estudante de medicina certinho; e Leitão é o hacker da turma, que fez ciência da computação. Eles dividem um apartamento em Copacabana, porém todos estão praticamente sem dinheiro. Para piorar, descobrem que precisam pagar uma dívida de 26 mil reais ou serão despejados – o motivo de estarem devendo tanto dinheiro também vou deixar em aberto para curiosidade de vocês.

Como todos os problemas começam

O pânico toma conta do grupo, até que o Hugo, já um chefe de cozinha, sugere que eles façam jantares gourmets na casa deles para arrecadar a grana. E aí que começam os problemas. Isso, porque Leitão resolve pregar uma peça nos amigos e coloca no menu do primeiro jantar o seguinte prato: carne humana. A ideia, obviamente, era apenas uma brincadeira absurda, no entanto os meninos começam a receber muitas respostas de membros excêntricos da alta sociedade carioca dispostos a pagar grandes quantias pela “iguaria”. Pronto, está armada a receita para o desastre (literalmente).

A partir daí, eles se envolvem em uma espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos e grã-finos no mínimo esquisitos. Presos nessa situação, os amigos são levados ao limite do perverso e beiram o macabro, descobrindo uma índole impiedosa que nunca imaginaram habitar cada um deles. Na medida em que os acontecimentos se sucedem, o leitor fica com aquela sensação de falta de ar e angústia, sem saber qual será a resolução para uma trama que parece não ter escapatória.

Você vai encarar a carne de gaivota?

Raphael consegue nos transportar para esse universo tão perturbador de forma quase natural, com um tom descontraído e diálogos extremamente verossímeis. O autor inclui até mesmo trechos de conversa por mensagem de texto, o que proporciona mais uma camada à obra. Mas fique atento aos seus limites, pois não somos poupados de descrições grotescas, viscerais, violentas e até certo ponto repulsivas. Se isso não é um problema para você, essa é uma ótima opção de leitura. Um daqueles livros que é impossível parar de ler e quando você percebe já está na última página, uma obra tensa e, possivelmente, um pouco transtornada.

Outro alerta importante é que Jantar Secreto levantou questões a respeito da gordofobia na literatura. Além do próprio Leitão receber esse apelido por ser gordo, outros casos chamam atenção ao longo do enredo, chegando próximo de um limite aceitável. Alguns alegam que o tom gordofóbico é uma característica exclusiva dos personagens, ou seja, não representaria necessariamente a opinião pessoal do autor, ele estaria apenas retratando uma realidade. No entanto, é importante tomar cuidado com discursos problemáticos como esse que acabam sendo naturalizados e podem, sim, provocar negativamente o público.

Após essa consideração – e apesar dela – Jantar Secreto é uma escolha certeira para os amantes de suspenses policiais com violência extrema. E só para te deixar um pouco mais curioso, o final, como todo bom suspense, tem uma reviravolta surpreendente!

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O artigo acima foi editado por Vivian Cerri.

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Fernanda Valente

Casper Libero '21

Jornalist fernanda.dg.valente@gmail.com