Para Rafaela Rossatti, fazer donuts não estava exatamente em seus planos. Aos 32 anos, a instrumentadora cirúrgica se encontra casada e com um bebê de dez meses. Rafaela, definitivamente, não tinha muito tempo livre. Mas, com a pandemia do novo coronavírus, isso mudou.
Em março, após o decreto de quarentena, Rafaela foi afastada por tempo indeterminado de seu trabalho no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Não sabendo quando as coisas voltariam ao normal, foi nesse momento em que ela pensou em fazer alguma coisa. De um jeito ou de outro, empreender sempre foi algo reincidente em sua vida. E foi aí que Rafaela se tornou a dona de seu próprio negócio.
Com um mês de vida, a marca Go’ Donuts não para de crescer e vem conquistando cada vez mais espaço no mercado paulista.
Abaixo, leia a entrevista completa.
- Você sempre gostou de fazer donuts? Por que decidiu começar a vendê-los?
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Eu nunca tinha feito donuts, resolvi começar o negócio porque sou supervisora de estágio de alunos de instrumentação cirúrgica, no Hospital das Clínicas. No início da pandemia, o estágio dos meus alunos foi suspenso, por tempo indeterminado, para não expor alguém ao risco da Covid-19, por isso fui afastada. Foi neste momento que pensei em empreender, já havia tentado um outro negócio de bijuterias, mas não levei a frente, pois já trabalhava no hospital e minha vida era maluca em questão de horários.
- Quando percebeu que o seu negócio estava crescendo?
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Quando a Go’ Donut estava na terceira semana, nosso estoque de produtos acabou e ficamos dois dias sem vender, até os novos produtos chegarem. Além disso, quando as pessoas me falavam que estavam comprando nossos donuts por indicação de alguém, percebi que estávamos no caminho certo, porque quem gosta, indica.
- Alguém te ajuda na produção dos donuts e administração da marca?
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Eu mesma cuido da parte administrativa, porque sou formada em administração e trabalhei por 9 anos na área financeira. Minha carreira na área da saúde é nova, tem apenas 4 anos. Sobre ajuda, recebo, todos os dias, um apoio dos meus pais, que ficam com meu bebê.
Durante o dia, minha mãe me ajuda na montagem de caixas e nos donuts recheados. Já o meu pai, me ajuda com os pedidos e realiza as entregas. Além disso, o meu esposo também que me dá um super apoio!
- A Go’ Donuts te empodera de alguma forma?
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Minha marca me empodera quando eu consigo levar esperança para alguém, acho que empoderamento não tem a ver com uma satisfação individual, e sim coletiva.
Não consigo sentir esse super empoderamento porque me sinto extremamente privilegiada, por ter tido dinheiro para investir no meu negócio e começar, e por tantos outros privilégios que carrego. Muitas pessoas não tem o valor nem para comprar produtos para produzir uma receita, vivem uma realidade totalmente diferente da minha.
Mas sinto, sim, esse empoderamento quando ajudo as pessoas. Por exemplo, uma moça do Espírito Santo me mandou mensagem pedindo ajuda na produção de donuts e como começar a sua própria marca, eu dei a receita do recheio que eu uso, dica de fotos e de sabores que ela poderia criar. Também fiz um logotipo para ela e uma tabelinha de preço. Me sinto empoderada quando, através do meu trabalho, tenho a possibilidade de ajudar alguém, de encorajar alguém a arriscar, mesmo que com pouco.
Ajudar as pessoas me faz acreditar que estou no caminho certo, não acredito em negócio sem propósito.
- Você se sente realizada? Quais são as suas expectativas para o futuro?
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Sim, me sinto feliz e realizada quando alguém consome uma caixa de donuts que montamos com carinho e todo o cuidado. Também me sinto realizada quando os clientes tem feedbacks positivos, e nos dizem que o sabor condiz com a beleza da foto.
Com relação ao futuro, minhas expectativas são que a Go’ Donut cresça para que eu possa ajudar mais pessoas.
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