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A Maldição Da Mansão Bly: Mais Do Que Uma História De Fantasmas

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

A Maldição da Mansão Bly não poderia ser mais distinta do que sua antecessora, a Maldição da Residência Hill. As diferenças já se iniciam no material base, visto que a Residência Hill é uma adaptação do livro  “A Assombração da Casa na Colina” de Shirley Jackson, enquanto a Mansão Bly é adaptação do livro “A volta do Parafuso” de Henry James.

Parte dos atores da primeira temporada se manteve nesta produção. Nomes como Victoria Pedretti (Nellie), Kate Siegel (Theo), Henry Thomas (Huge Crain), Oliver Jackson (Luke), Katie Parker (a fantasma Poppy Hill) e Carla Gugino (Olivia Crain) estão presentes. Além disso, o restante do elenco não passa despercebido, os atores mirins (Amelie Bea Smith e Benjamin Evan Ainsworth) conseguem transmitir toda a peculiaridade de seus personagens, resultando em um show de atuação.

Two of the main characters from the Netflix serie \"The Haunting of Bly Manor\" looking for the camera
Eike Schroter / Netflix

A premissa da série pode parecer simples e até “batida”. Dani, uma jovem estadunidense, é contratada como au pair para ser professora de dois órfãos (Miles e Flora) em Bly, no interior da Inglaterra. Logo a jovem percebe que tanto as crianças quanto a casa possuem algo de estranho. Essa fórmula já foi explorada diversas vezes, um exemplo disso é o longa lançado no início do ano, “Os Órfãos” e o célebre filme “Os Inocentes”, da década de 1960.

No entanto, Mike Flanagan consegue, novamente, ir além. O sobrenatural é usado apenas como pano de fundo para alegorias mais profunda, portanto, a Mansão Bly e seus fantasmas são apenas um cenário para os personagens. A série explora os medos, desejos, traumas e as consequências das escolhas promovidas por eles.

Em ambas as séries, o terror não é gratuito, é calcado em alguma questão da nossa psique, seja como enfrentamos o luto, no caso da Residência Hill, ou em como as memórias exercem poder sobre nós, no caso da Mansão Bly. E é esse o grande mérito de Mike Flanagan em suas obras: o terror é só uma ferramenta para falar sobre assuntos mais profundos.

Por conta disso, o suspense é construído lentamente conforme a trama se desenrola e por causa disso, alguns telespectadores podem achar a trama “arrastada”. O horror é mais sutil, justamente por isso os jumpscares são escassos em comparação a sua antecessora, na Mansão Bly o espectador encontra melancolia e lirismo constituindo todo o clima da narrativa.

A série expõe como encontramos conforto em memórias, após um trauma. Afinal, somos feitos de memórias, são elas que nos moldaram e moldam o nosso futuro, além de mostrar como podemos ficar presos no passado, abdicando do presente e o que deixamos como principal legado são as lembranças que compartilhamos com quem amamos.

Portanto, a experiência não é das mais assustadoras, A Maldição de Mansão Bly segue por um caminho diferente de A Maldição da Residência Hill. Logo, se você está esperando ficar com a espinha arrepiada, essa segunda produção de Flanagan talvez não seja a ideal. A obra é permeada de simbolismos, o terror perde força aqui, pois entendemos as motivações dos fantasmas, passamos a compreendê-los e até mesmo sentir empatia. Como a própria série diz, não é somente sobre uma história de fantasmas, é uma história de amor.

A Maldição da Mansão Bly não decepciona ao trazer um elenco de calibre, um alto padrão de roteiro e fotografia, além de uma ótima história sobrenatural. A obra é digna de uma maratona e, como diria a personagem Flora: “perfeitamente esplêndida”.

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O artigo acima foi editado por Vivian Cerri.

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Bianca Lucarelli, 18 anos e jornalista em formação. Possui uma paixão indescritível por séries e livros, assim como pelos seus pets. Vê a escrita como uma forma de tirar o peso do mundo de seus ombros. Atualmente divide o tempo entre a calmaria do interior e a correria de São Paulo.