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Casper Libero | Culture

Lagum, Anavitória, Rubel e a ascensão do novo MPB

Maria Luísa Paulino Student Contributor, Casper Libero University
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

A Música Popular Brasileira (MPB), que já teve ícones como Caetano Veloso, Elis Regina e Gilberto Gil, continua viva – mas em constante mutação. Nos últimos anos, uma nova geração tem redefinido o que significa fazer MPB, incorporando influências do pop ao indie e até do R&B.

Entre os nomes mais proeminentes estão Lagum, Anavitória e Rubel, artistas que, apesar de estilos distintos, compartilham uma sensibilidade poética e sonora que conquista uma audiência cada vez maior e mais jovem. Enquanto isso, Carol Biazin, surge como um dos nomes mais promissores desse movimento. Com uma sonoridade pop refinada, influências do R&B e composições carregadas de emoção, a cantora vem conquistando seu espaço no cenário da nova MPB, dialogando diretamente com o público jovem e reafirmando o papel da música brasileira como reflexo da sensibilidade de seu tempo.

A nova MPB não se apega a fórmulas rígidas, pelo contrário: ela se alimenta da diversidade e da mistura de gêneros. Lagum, por exemplo, mescla pop rock, reggae e MPB em letras que falam de amor, inseguranças e juventude com honestidade crua. Depois de anos trilhando um caminho entre o pop rock, o reggae e a melancolia solar, o Lagum chega a 2025 com um disco que sintetiza tudo o que a banda construiu – e o que ainda quer dizer. As Cores, as Curvas e as Dores do Mundo, lançado em maio, marca a entrada definitiva do grupo em uma fase mais madura, sem perder a leveza que sempre os acompanhou. Com dez músicas inéditas, o disco percorre os sentimentos contraditórios da vida urbana, do amor líquido e das dores silenciosas que todos carregamos. O título já antecipa: há beleza, intensidade e melancolia em cada curva sonora.

Entre as faixas do novo álbum, “A Cidade” se destaca como um retrato íntimo da vida urbana contemporânea. Com versos que falam sobre solidão, excesso de estímulos e a busca por sentido em meio ao caos, a música revela uma faceta mais madura do Lagum. A canção se torna quase uma crônica melódica sobre o viver coletivo e, ao mesmo tempo, tão solitário das metrópoles.

Se o Lagum aposta na mistura entre pop rock, reggae e MPB, Anavitória se destaca por reinventar a doçura da canção brasileira com simplicidade e lirismo. A delicadeza das composições, combinada com arranjos minimalistas e vocais entrelaçados, fez com que as artistas se tornassem símbolo de uma MPB afetiva, leve e geracional. O seu último álbum, Esquinas, marca uma virada de estilo: mais maduras, introspectivas e dispostas a explorar labirintos sonoros, ele reflete os quase 30 anos de Ana Caetano e Vitória Falcão. O disco traz influências que vão do psicodélico ao rock dos anos 80, e inclui colaborações como Jorge Drexler em “Não Sinto Nada”. Na estética audiovisual que acompanha o álbum, elas resgatam o clima cinematográfico de décadas passadas, reforçando uma identidade sonora mais sofisticada e experimental.

Já Rubel transita por uma MPB contemplativa, com forte influência do folk ao indie. Em “Partilhar”, seu maior sucesso, o artista canta o amor com uma suavidade que remete à tradição da música brasileira, mas com um frescor contemporâneo. O quarto e mais novo álbum de Rubel traz uma continuação natural da jornada autoral iniciada com As Palavras, Vol 1 & 2 (2023), e se consolida como um trabalho ainda mais maduro. O título, Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?, é quase uma pergunta existencial que reflete a inquietação e o humor sutil que atravessam as canções.

Esse álbum enfrenta a dualidade entre beleza estética e reflexões cotidianas: há um espaço para folk, influências eletrônicas e colaborações sutis. Apesar da ausência de singles de grande alcance até o momento, a crítica já aponta um aspecto mais amplo e ousado do artista.

Por fim, Carol Biazin talvez represente a fusão mais evidente entre MPB e o pop internacional. Com uma estética sonora que se aproxima do RB, sua música carrega intensidade emocional e força narrativa. No Escuro, Quem É Você? conta com dois discos, seu último sendo lançado recentemente e mergulha ainda mais na dualidade entre introspecção e recomeços. Produzido com extrema atenção e manualidade, o álbum foi pensado para exigir atenção plena do ouvinte, fugindo da ambientação casual. Carol compartilhou que a ideia foi explorar “mundos diferentes, energias diferentes”, alternando entre melancolia profunda e esperança renovada. O trabalho inclui colaborações como Ebony e assume sua vocação pela escuta vulnerável.

Carol canta sobre amores complicados, autoestima e identidade com coragem e sensibilidade. Sua presença no cenário do novo MPB marca uma abertura maior para artistas que vêm do pop e que, mesmo fora da “linha tradicional” do gênero, ressignificam a canção brasileira com autenticidade.

Esses lançamentos recentes deixam claro que a nova geração da MPB não é homogênea – pelo contrário, ela é múltipla, inquieta e profundamente conectada com o presente. Os nomes mencionados são só a ponta do iceberg. Ao lado deles, artistas como Ana Frango Elétrico, Marina Sena, Tim Bernardes, entre tantos outros, mostram que a nova MPB é viva, plural e em constante transformação. Cada um à sua maneira expande as bordas do gênero, criando pontes como o pop, o RB, o eletrônico, o samba, rap e folk – e, mais importante, conversando diretamente com a geração que vive e sente o agora.

Essa cena não se prende a fórmulas. Ao contrário, ela abraça o risco, a sensibilidade e a liberdade como fundamento. E é justamente isso que a torna tão urgente e relevante.

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O artigo abaixo editado por Ana Carolina Carvalho.

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Maria Luísa Paulino

Casper Libero '28

Radio, TV & Internet student @ casper libero.
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