Na noite de dois de fevereiro, a cantora norte-americana Billie Eilish saiu do Grammy de mãos vazias, fato que chocou os fãs, a imprensa e até mesmo a cantora. Com o álbum HIT ME HARD AND SOFT, Billie entregou um trabalho inovador e aclamado pela crítica – mas não o suficiente para levar algum prêmio. O que aconteceu?
HIT ME HARD AND SOFT, terceiro álbum de estúdio lançado pela cantora em maio de 2024, contou com um lançamento cheio de recordes – como a maior estreia em streaming e o álbum mais rápido da história a alcançar dois bilhões de streams, precisando de apenas dois meses para esse feito. Ele possui dez faixas de diferentes sonoridades e histórias, sendo considerado o álbum mais vulnerável da carreira de Billie. A própria cantora afirma que este projeto marcou a primeira vez em que se sentiu adulta como profissional, mencionando também, através de uma entrevista à Vogue, que aos 22 anos está traçando novos caminhos e apreciando os momentos mais simples da vida.
O álbum traz músicas que contam histórias pessoais sobre suas amizades, como “Birds Of a Feather” e sobre seus relacionamentos antigos e a insegurança que vem com eles, como “Wildflower”. Ele também contém músicas que detalham a parte mais privada de sua vida, falando sobre sua sexualidade e a pressão que Billie sofreu com a cultura da magreza e com a maneira como as pessoas começaram a tratá-la após ter passado por mudanças no seu corpo. As dez faixas desse álbum foram muito bem recepcionadas pelo público e pela crítica, se destacando pelo amadurecimento artístico e a inovação sonora, consolidando Eilish como uma das artistas mais influentes da atualidade.
Jornais como o The Telegraph classificaram o álbum como “uma obra-prima de partir o coração”, destacando-o como o melhor trabalho da cantora e fazendo com que o projeto fosse listado entre os melhores álbuns de 2024, solidificando seu impacto cultural e artístico. Já os fãs também receberam o álbum com entusiasmo, levando-o rapidamente ao topo das paradas e fazendo músicas do projeto viralizarem e criarem tendências no TikTok.
Com o início da cerimônia do Grammy, Billie e os fãs esperavam receber a notícia de que HIT ME HARD AND SOFT levaria pelo menos um troféu da premiação, mas nem tudo aconteceu do jeito que desejávamos. Mesmo que a cantora tenha sido indicada em sete categorias, duas delas sendo as maiores da premiação, ela saiu de mãos vazias e virou pauta de um debate na internet sobre a injustiça desse resultado.
É questionável que a cantora não tenha levado nenhum prêmio, principalmente Álbum do Ano e Música do Ano, visto que o álbum indicado não só teve a maioria das músicas como hits pelo mundo todo, como teve uma escrita sensacional e profunda, além de uma produção impecável. Além disso, “Birds of a Feather”, que concorria como Música do Ano, teve uma repercussão maior que a música vencedora “Not Like Us” de Kendrick Lamar, visto que muitas pessoas também conseguem se sentir representadas com a letra da música de Billie.
Essas perdas foram injustas na opinião de muitos, mas é inegável que a vitória de outros artistas que estavam concorrendo na mesma categoria de Eilish foram muito merecidas. Um exemplo seria a vitória de Sabrina Carpenter nas categorias: Melhor Performance Pop Solo e Melhor álbum Pop Vocal e a vitória de Charli XCX com Melhor Gravação Pop Dance.
A ausência de prêmios para HIT ME HARD AND SOFT levanta questionamentos sobre os critérios de Grammy e como a Academia enxerga artistas que desafiam padrões. O histórico da premiação já mostrou que certos artistas enfrentam barreiras invisíveis quando suas narrativas fogem do convencional – seja por suas identidades ou pela forma como desafiam expectativas da indústria. Além disso, a edição de 2025 parecia determinada a corrigir uma dívida histórica, finalmente concedendo um prêmio que há anos era esperado (e merecido, só não com esse álbum). Se há algo que a história do Grammy nos ensina, é que nem sempre os troféus refletem a verdadeira influência de um artista. E, nesse quesito, Billie Eilish já garantiu seu lugar.
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O artigo abaixo editado por Ana Carolina Carvalho.
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