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Haikaiss e O Retorno do Boombap: é possível consolidar a vertente na hegemonia do trap?

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

No mês passado, Haikaiss lançou seu single “O Retorno do Boombap”, que tinha como proposta relembrar a era de ouro do grupo e honrar o estilo.

Por conta do nome dado ao lançamento, o grupo foi alvo de diversas críticas. Enquanto uns afirmavam que o Haikaiss estaria retornando a produção de novos sons inspirados em sua melhor fase, outros diziam que era um equívoco afirmar que o Boombap estaria voltando, já que ele nunca havia desaparecido.

Em uma entrevista exclusiva ao Rap Dab, Pedro Qualy afirmou que o single também foi uma referência a “Return of the Boombap”, disco de sucesso do KRS ONE, que esse ano completa trinta anos do seu lançamento.

MAS O QUE É O BOOMBAP E COMO ELE SE DIFERE DO TRAP? 

Considerado um clássico dentro do rap, o boombap nasceu na Costa Leste dos Estados Unidos, entre 1980 e 1990. Ele é marcado pelos tambores bumbo, caixa e samples. Referência no estilo, KRS-One diz que o “boom” seria o bumbo e o “bap” a caixa. Aqui os BPMs variam entre 80 e 96. No Brasil, temos grandes nomes que se destacam nesse meio, como Kamau e Flora Matos.

Já o trap, subgênero do rap, surgiu em meados dos anos 2000. Devido às produções de rappers no Sul dos Estados Unidos, o estilo ascendeu entre grandes nessa época, como Lil Wayne e Nicki Minaj.

Ele traz um lifestyle autentico, ao mesmo tempo, melancólico e voltado para ostentação. Diferente do boombap, os beats de trap estão em torno de 70 BPM.  Hoje o trap é um dos estilos mais ouvidos do mundo.

Além da técnica e produção, é possível dizer que pelo conteúdo em sua maioria, o trap não conta com o compromisso social que é abraçado pelo boombap. É nítida essa separação pelo contraste geracional existente entre os ouvintes dos dois estilos.

O boombap, desde o seu nascimento, focou em uma abordagem mais politizada, composta por denúncias sociais de todos os tipos. Enquanto o trap, por ser mais recente, vem amadurecendo nesse sentido.  Existem críticas em suas produções, mas não com a precisão que existe no boombap.

Na letra de “O Retorno do Boombap”, Haikaiss faz referência a grandes nomes presentes na construção do estilo, quando diz:

“MC que o verso ecoa, fã de rap há 20 anos, não enjoa

Salve pro Carandiru, salve Santana

Salve Tio San, salve Doctors Mc’

UBC, Wu Tang Clan, whoa!

Vocês fizeram escola (mais que isso, mano!)

Cês fizeram história 

É sempre bom dar os créditos”

 A SOBREVIVÊNCIA DO BOOMBAP NA ERA DO TRAP

A essência do rap está no questionamento e na crítica do meio vivenciado na sociedade, e o boombap é o estilo de batida clássica do gênero. Mesmo com a ascensão do trap, sempre haverá espaço para um clássico. 

“Mano, eu acredito que o trap é um estágio musical do rap, não é necessariamente uma evolução, porque tudo que na teoria, evolui, é melhor, e eu não encaro assim. O boombap não é coisa que precisava de evolução, mas o tempo fez o rap tomar outro caminho, assim como todo estilo musical.” comenta o beatmaker e MC, Rodrigo Locaut. 

A intenção do grupo, Haikaiss, ao trazer um single com um nome que dá ênfase ao estilo era reforçar essa ideia: mesmo com o crescimento de outros subgêneros (como o trap) dentro do rap é preciso sempre honrar as origens e os artistas que formaram esse cenário.

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O texto acima foi editado por Izabella Giannola.

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Caroline Magalhães

Casper Libero '26

Journalism student at Cásper Líbero & Copywriter.