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Culture

Futebol Feminino Brasileiro: Um Caminho de Percalços

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

A Copa do Mundo Feminina é realizada de quatro em quatro anos. Por time, são 23 jogadoras convocadas. Esta é a oitava edição do campeonato mundial, sendo que a primeira ocorreu em 1991 na China e, a princípio, foi muito difícil para a mulher assumir esta posição no futebol.

Durante o governo de Getúlio Vargas foi até mesmo criado o Decreto-Lei 3199, o qual proibia a atuação da mulher no esporte, deixando bem explícita a posição do presidente em relação a imagem feminina. As mulheres que tentavam praticar futebol, nesta época, eram presas.

As ações das jogadoras eram comparadas com as de prostitutas, segundo estudos. Até 1979, as mulheres não podiam entrar em campo. Percebemos, pela história, que o futebol feminino iniciou sua trajetória profissional tardiamente, o que dificultou o crescimento futebolístico feminino e a visibilidade das garotas.

A cultura de que a mulher não pode jogar se enraizou em muitos países, inclusive no Brasil. Atualmente, os patrocinadores e os brasileiros tentam mudar essa visão social. Para isso, há a criação de muitos comerciais incentivadores, campanhas e eventos. Assim, pela primeira vez, a Copa Feminina será transmitida em um televisão aberta, o que é um grande avanço para este ano de 2019. Espera-se que esta visibilidade ao futebol feminino continue mesmo após o fim do torneio.

Começo da Seleção Brasileira

Foto: Dibradoras – UOL

O time da Seleção Feminina não foi criado logo após a revogação da lei. O regulamento para o futebol feminino transcorreu depois de quatro anos, um bom tempo posteriormente. Mesmo após a sua criação, as regras tentavam demonstrar a inferioridade da mulher. O tempo das partidas era de 70 minutos e não 90 minutos como no masculino, a trave era menor e a bola, mais leve. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) originou a equipe feminina 70 anos mais tarde que a masculina. Assim, em 1988, nascia a primeira Seleção Feminina Brasileira.

Essas mulheres se juntaram para disputar um evento teste, como uma competição provisória de cunho mundial. O evento aconteceu na China, contando com grandes nomes como Pretinha (Delma Gonçalves), Michael Jackson (Mariléia dos Santos) e Sissi (Sisleide Lima do Amor). As grandes jogadoras fizeram sucesso e, em 1991, ocorreu a primeira edição oficial da Copa do Mundo Feminina.

No começo foi difícil. As mulheres precisavam usar uniformes masculinos e chuteiras tamanho 41, pois eram as únicas disponíveis. Felizmente, as situações se transformaram ao longo dos anos, havendo melhoras no futebol.

As nossas estrelas

Foto: UOL Esportes

É impossível falar de Seleção Feminina e não lembrar de nomes como Marta, Cristiane, Formiga, Marcia Tafarel, Fanta (Rosilane Motta), entre outras. Essas mulheres marcaram o Brasil, lotaram os campos com garra, jogaram por amor. Possivelmente, essa será a última Copa do Mundo do trio MCF (Marta, Cristiane e Formiga), e será uma tristeza não vê-las atuando mais com nossa seleção. Jogadoras que fizeram a diferença e marcaram épocas de lutas, agora estão colhendo os frutos e suas glórias.

Miraildes Maciel Mota, conhecida como Formiga, tem 41 anos e está na sua sétima copa. Tornou-se a única jogadora, entre masculino e feminino mundial, a disputar esta quantidade de copas e todas as olimpíadas. Formiga bateu ainda mais recordes: aos 37 anos, foi a mulher mais velha a fazer um gol pela Seleção. Como a camisa 8 já entrou em campo na França, agora ela é a mulher mais velha a disputar uma Copa do Mundo.

Já a camisa 10 e capitã, aos 33 anos, passou Messi e Cristiano Ronaldo na quantidade de prêmios de melhor jogador do mundo. Marta possui 6 prêmios de melhor futebolista do mundo, sendo 5 consecutivos. É um recorde entre mulheres e homens.

Marta Vieira da Silva, como registrada, nasceu em Alagoas. Abandonada pelo pai e sofrendo preconceito da população alagoense, a menina nunca desistiu do seu futebol. Aos 14 anos, já no Rio de Janeiro, atuava pelo Vasco da Gama e foi considerada a melhor jogadora do Sub-17. A capitã é uma das maiores artilheiras de copas, com 15 gols.

Osasquense de 33 anos, Cristiane nunca pensou em algo diferente sem ser o futebol. Há 14 anos jogando pela Seleção Feminina, ela atua pelo São Paulo e já passou por vários times internacionais. A jogadora tem duas conquistas Pan-Americanas e participação em muitas olimpíadas e copas. Cristiane relata ainda sofrer muito machismo, mesmo com toda carreira sólida que possui. “Uma vez, um torcedor perguntou se havia sido vítima de machismo no exterior. Respondi que não. Nunca vivi qualquer preconceito jogando fora do meu país, mas sofri bastante machismo aqui”- disse em entrevista para a rádio Gazeta AM.

Além de Cristiane, a jogadora Andressa Alves e o Vadão, técnico do time nesta copa, também deram entrevistas para a Gazeta a AM. Andressa comentou na rádio, comandada por alunos da Cásper, sobre sua experiência de ser a primeira brasileira a jogar no Barcelona e o que ainda falta melhorar no futebol feminino brasileiro. Já o técnico relatou o que o motivou a voltar a treinar o time feminino de futebol e justificou as nove derrotas seguidas da seleção.

A cada ano mais, novas meninas são destaques da Seleção e disputam a Copa do Mundo Feminina com garra para trazer este primeiro título ao Brasil. Neste ano, a Seleção tem um time que conta com experiência, mas também, com carinhas novas e jovens. Você pode saber mais sobre as jogadoras no Podcast das Minas.

Tayna Fiori

Casper Libero '22

Primeiro ano de Jornalismo, extremamente apaixonada pela informação e sempre buscando me inovar! Disposta a agarrar novos desafios e me tornar melhor a cada dia!
Giovanna Pascucci

Casper Libero '22

Estudante de Relações Públicas na Faculdade Cásper Líbero que ama animais e falar sobre séries.