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The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Na última quarta feira de maio (27), um dos juízes da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo demandou que uma enfermeira preta apagasse um post no Facebook em que havia um cartaz com as palavras “fogo nos racistas” marcadas nele.

Segundo o portal Rap+, o post havia sido feito para relatar um episódio racista que havia ocorrido com um dos membros da família. De acordo com a enfermeira, a irmã havia sido enganada e pagado a mais por um adereço capilar de menor qualidade. Quando descobriu, foi até a loja trocar e teve a proposta negada pela dona do estabelecimento.

Nada foi feito para remediar a situação de fraude, mas a Justiça determinou a exclusão imediata da postagem.

A ORIGEM

A frase “Fogo nos Racistas” se popularizou em 2017, a partir da música “Olho de Tigre” do rapper, historiador e militante racial Djonga. A frase se tornou um movimento antirracista por si só, tendo milhares de adeptos que a utilizam como símbolo de luta em pautas raciais que clamam por justiça. 

OPINIÃO DE DJONGA

O cantor, logo após o acontecimento com a enfermeira, se pronunciou nas redes sociais: “Quando eu trouxe essa frase em ‘Olho de Tigre’, eu não sabia que ela se tornaria um dos gritos mais importantes da nossa geração. Nunca me apropriei dela como minha, inclusive por sentir que o caráter dela é maior que artístico. Eu e meus irmãos, minhas irmãs, fomos perseguidos uma vida inteira, fomos acusados do que não fizemos uma vida inteira, alguns de nós tomaram tiro… por uma vida inteira fomos relatados na mídia em tom de deboche.”

Nos stories, Djonga também rebate críticas de estar ajudando um movimento de “racismo reverso” ou incitando violência com a frase que criou: “Se a nossa reação contra a mentira deles é gritar ‘Fogo nos Racistas’ é um absurdo! MAS A PERGUNTA É: TÁ COM MEDO DE QUÊ? O RACISTA É VOCÊ????”.

O fogo de Djonga não é palpável: é a ideologia de ser intolerante com o intolerável. Como defendido pela filósofa e ativista Angela Davis, “em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista”. O fogo é não aceitar o intragável, e lutar por justiça sem parar. E só se incomoda com isso, quem tem medo de ser queimado.

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O artigo acima foi editado por Izabella Giannola.

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Gabriela Antualpa

Casper Libero '25

Journalism student, passionate about writing ever since I touched a book for the first time. Always interested in learning new things and - most of all - talking and writing about them. Contact me here: gabrielantualpa@gmail.com