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Fim De Um Ciclo: Casperianas Falam Sobre As Dificuldades De Se Formar Durante Uma Pandemia

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

A pandemia de covid-19 transformou o 2020 de todas as pessoas. Eventos, festas e shows foram cancelados, aulas deixaram de ser presenciais e passamos a enfrentar o famoso EAD (ensino à distância). Entretanto, para alguns, o processo foi mais doloroso do que para outros. Se para quem é primeiro, segundo ou terceiranista já foi difícil, imagina para quem se formou em meio à pandemia. Sem viver um último JUCA, sem festas universitárias, sem contato com os amigos e professores e sem ao menos pisar na Paulista 900. 

Em entrevista, algumas alunas do quarto ano falaram sobre as angústias e desafios de ter vivido o último ano da faculdade em meio a uma pandemia. “Brochante. Desconfortável. Desafiador. Resiliente”, essas foram as palavras escolhidas para definir a situação.

Deborah Kovesi, de 21 anos, estudante do curso de jornalismo, disse que teve dificuldade para entender que mesmo com todo o caos, o ano letivo ainda estava rolando: “foi muito complicado focar, e ter uma disciplina em relação às aulas. Já é complicado por ser o último ano, dessa maneira remota então… Era muito complicado de focar, muito mesmo. De ter essa disciplina de sentar, assistir aula, ter esse comprometimento com a faculdade, fora o TCC”.

Já Leticia Mendes, de 22 anos, estudante de publicidade, diz que foi triste ter vivido praticamente o ano inteiro em EAD: “Eu criei muita expectativa em relação a tudo para o meu último ano na faculdade, festas, convivência com amigos, jogos e tudo mais… Mas, da mesma forma, se tornou inesquecível, único e especial”.

Assim como Leticia, Daniela Boyadjian, de 21 anos, do curso de rádio, tv e internet, enxerga que foi um processo difícil por conta das distâncias físicas: “Foi muito doloroso. Eu sou muito apegada à Cásper, aos meus amigos, ao curso, às dependências, por ser uma faculdade menor. Eu prezava muito por isso, o toque, o abraço, viver as coisas pessoalmente… Isso foi uma coisa muito difícil de aceitar, que um dia eu pisei na Cásper e foi meu último dia como aluna, e eu não sabia que era meu último dia. Até hoje, já passou quase 9 meses de pandemia, e mesmo assim ainda é muito difícil aceitar. Agora eu estou me formando, a banca foi online, eu não pude abraçar meus amigos, não vou abraçar eles durante as bancas deles, não vou estar vendo esse último momento de “estamos nos formando”. É complicado de aceitar por eu ser muito apegada”.

Photo by MD Duran on Unsplash
Deborah diz ter a sensação de que o ciclo não foi fechado, pois não teve um final como deveria ter sido: “Agora que a ficha de todo mundo está caindo que acabou, a gente está tendo essa percepção de que foi triste, que não teve uma conclusão. A conclusão não é o TCC, não é uma nota, a conclusão é o processo de você ir, olhar para a cara das pessoas, poder celebrar isso em conjunto e o EAD não permite isso. O físico ajudava nisso, criava uma atmosfera de faculdade que o EAD não cria. As vezes tenho a sensação de que vivi 3 anos de faculdade. O EAD roubou uma vivência. A gente tá entregando os últimos trabalhos, o TCC, e a gente pensa, “meu, mas acabou sem acabar”. A minha angústia vem muito dessa sensação, eu fico muito triste porque essa vivência faz muita falta. Estou feliz de estar me formando, mas é isso, fico triste não viver o clichê de último ano”.

Daniela também concorda que a vivência foi o que mais fez falta: “É não poder ter ido para as últimas festas como aluna, não ter ido pro meu último JUCA como aluna. É não poder ter aproveitado meus últimos momentos com os meus amigos. Eu queria poder estar na Cásper e falar esse é meu último dia, entender que era meu último dia, poder abraçar. Isso é o que mais faz falta, esse toque, a presença, poder ver as pessoas. Eu fiz um trabalho de filosofia, onde a gente fala sobre viver em uma comunidade de telas, mas nada substitui o toque. É muito isso que eu senti esse ano. A gente está tendo aula pelo computador, celular, e a gente não tem o toque. Tudo é mais fácil pela internet, mas nada substitui os momentos que a gente passa presencialmente. Eu sinto muita falta disso, de poder ter vivido essas coisas. Com certeza as aulas foram super importantes, então se tivessem sido presenciais, eu poderia ter aproveitado mais, mas não só isso, os amigos são o nosso principal escape no dia a dia. A gente vai para a faculdade não só para ter aula, mas para ficar feliz também. Acho que isso foi o que mais me fez falta esse ano, o toque. Poder olhar as pessoas, poder abraçar, conversar com elas. Fico até emocionada falando. Queria muito poder viver esse último ano com as pessoas”

Em relação ao tão temido e esperado TCC, Leticia aponta que seu grupo não foi prejudicado: “Não tivemos que mudá-lo pois não consideramos o cenário atual em nossa campanha, mas fez bastante diferença. Tivemos que nos adaptar para conseguir levar o processo da melhor forma possível em meio a todo o caos externo. E o melhor: conseguimos e ficou incrível, não poderia ter sido melhor”. Entretanto, a jovem também cita os desafios do processo: “No começo, foi difícil nos manter na mesma página e deixar tudo alinhado mesmo com a distância. No final, não ter o grupo inteiro por perto para comemorar a nossa conquista!”.

Daniela também reconhece que a quarentena foi um período produtivo para fazer o TCC acontecer: “Justamente por ter sido puramente teórico, escrito. Eu não precisei mudar nada, porque eu já não ia gravar ele. Então era basicamente eu dependendo de mim, de sentar na cadeira e escrever. Então na verdade me ajudou, eu fiquei vários meses em quarentena, sem trabalhar, então eu estava com a minha cabeça 100% no TCC. Eu tive muito tempo pra pensar, para fazer as coisas, então na verdade me ajudou. A minha qualificação a gente entregava em junho e na primeira semana de maio já estava pronta. E o próprio TCC, a data final era dia 9 de novembro e ele estava pronto na primeira semana de outubro, tudo isso porque eu me adiantei no primeiro semestre”.

Já Deborah, teve que mudar a ideia inicial do projeto, mas afirma que foi um algo necessário e muito gratificante em relação ao resultado final: “A quarentena exerceu uma força muito ambígua no meu TCC. Por um lado, a gente teve que mudar de tema. A quarentena desmotivou a gente em relação ao tema que tínhamos, que exigia uma atmosfera social que não tinha como ser criada nesse contexto, então trocamos de ideia. O que foi muito legal, porque a gente conseguiu encaminhar o trabalho para um tema mais interessante do que ele ia ser. Por outro lado, ela atrapalhou no sentido da disciplina. Estava muito difícil, e a disciplina para fazer o TCC estava mais difícil ainda. E é muito solitário. Por mais que eu tivesse meu grupo, era isso, a gente ficava horas no telefone e essas eram as reuniões. Foi bom porque causou uma mudança necessária, muito produtiva, mas ao mesmo tempo, estranha”.

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The article above was edited by Danielle Amedore.

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Bárbara Moura

Casper Libero '21

Caiçara, nascida e criada em Santos hoje vivo na loucura de São Pauloa atrás do sonho de contar e conhecer novas histórias.