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Felipe Neto X BookTok: todo e qualquer livro merece ser lido?

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Um novo vídeo do influencer Felipe Neto gerou uma discussão entre ele e os influenciadores do nicho de literatura do TikTok. Em postagem no Instagram, o também youtuber fez uma resenha negativa do livro A Biblioteca da Meia-Noite, de Matt Haig, e criticou duramente as sugestões literárias feitas pelos BookTokers.

A Her Campus Cásper Líbero trouxe os desdobramentos da briga, além da opinião de profissionais do campo literário sobre os comentários polêmicos. Saiba mais lendo abaixo.

 Felipe Neto X A Biblioteca da Meia-Noite

Foi por meio do Instagram que Felipe Neto teceu críticas ao livro A Biblioteca da Meia-Noite, que se popularizou graças às boas avaliações dos BookMakers e BookTokers  – youtubers e tiktokers que indicam livros, respectivamente.

No story postado pelo influencer, ele chama o título de “auto-ajuda dos mais vagabundos, mas fantasiado de ficção no nível mais raso possível, com alegorias e metáforas tão estúpidas que qualquer pessoa que é inteligente por estar conseguindo  se relacionar e entender”. E ainda aconselha: “se você gostou deste livro, por favor, do fundo do coração, leia mais livros”.

Muitas pessoas expressaram sua indignação por meio das redes sociais, pois foi através de A Biblioteca da Meia-Noite, assim como outros títulos recomendados por influencers do YouTube e TikTok, que começaram a adquirir o hábito da leitura.

Felipe Neto X Booktok

Após a postagem repercutir negativamente, Felipe Neto fez novos stories culpando os BookTokers (a quem chamou de “BookFloppers”) por indicar livros com narrativas “pobres”. Os influencers do nicho de literatura responderam com cartas de repúdio ao youtuber, alegando que os vídeos influenciaram positivamente no interesse do público jovem em consumir literatura.

Esse posicionamento foi confirmado por Rafaella Machado, editora-executiva da Galera Record, selo jovem de leitura, em uma entrevista concedida a emissora da  CNN. Ela admite que uma parte das editoras ainda é “muito elitista, que ainda prefere o que chamam de ‘alta literatura’, o que acaba impedindo pessoas comuns de se apaixonarem por grandes histórias. Elas só vão chegar na ‘alta literatura’ se elas começarem a ler livros mais fáceis antes”.

A editora-executiva sugere que o êxito da TikTok pode ser atribuído à autenticidade característica da geração Z. A tremulação da câmera, a iluminação improvisada e a sinceridade na expressão verbal contribuem para uma credibilidade especial apreciada por esse grupo, que valoriza análises francas e genuínas.

Segundo os números divulgados pelo Painel do Varejo de Livros no Brasil, as vendas de livros aumentaram 2,98% no de 2022. A entidade também aponta que esse aumento se deve por conta do interesse infanto juvenil em livros indicados pelos influenciadores. O mercado editorial também faturou R$ 270,69 milhões no décimo terceiro período de 2022 (6 de dezembro e 2 de janeiro) – 15,18% a mais do que no mesmo período de 2011.

Mas afinal, todo e qualquer livro merece ser lido?

Segundo Danilo Bernardes, Doutor em Teoria Literária pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e professor universitário da Faculdade Cásper Líbero, os comentários de Felipe Neto foram apressados, grosseiros e de tom ruim. “Ao agir assim, ele não foi responsável com a construção de hábitos de leituras dos jovens”, pontua.

Outro ponto levantado por Bernardes é bem perigoso. “Esse hábito de apagar livros sumariamente da lista de leitura me lembra muito da Contrarreforma ou de épocas em que certos livros eram proibidos”. Ele ainda afirma que é importante ler todo o tipo de obra, mas sempre com um olhar questionador justamente para gerar uma cultura da crítica no campo da literatura.

“É importante definir a chave de leitura, ou seja, se o leitor vai ler determinada obra como forma de recreação, estudo ou crítica. Portanto eu acho que existem várias chaves de leitura, logo, todos os livros merecem e devem ser lidos”, finaliza.

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Esse texto foi editado por Diovanna Mores Monte.
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Nathalia é uma apaixonada por comunicação e está cursando Jornalismo na Fundação Cásper Líbero. Sempre está se atualizando em cursos como está se aprimorando com cursos como: Pacote Office, Comunicação Empresarial, Organização Pessoal, Desenvolvimento Profissional, Cultura Digital, entre outros. Também participou de palestras para estar apta e qualificada para o mercado de trabalho. É apaixonada por comunicação, pessoas, tecnologia, história, literatura, ciências, cinema e gastronomia. Há mais de 3 anos vem trabalhando e estudando na área de textos, sendo que atualmente estagia no jornal da Gazeta de São Paulo como jornalista, produzindo matérias “evergreens”, além de atualizar o banco de fotos e trabalhar periodicamente em outros setores. Também tem textos publicados em seu blog pessoal, na Revista Esquinas e no Diário do Litoral.