Com o aumento do uso das redes sociais como ferramenta de trabalho, muitas profissões do meio da comunicação se veem em um grande dilema, e com o jornalismo não é diferente. Saber o caminho ideal entre o que fazer para dosar as postagens pessoais e profissionais ainda é um grande desafio. A possibilidade de permear entre o lado pessoal e profissional nas redes sociais faz com que os jornalistas fiquem em uma linha tênue entre postar demais ou postar de menos.
Em conversa com 3 profissionais, fica claro que essa realidade está cada vez mais presente na área da comunicação e que há inúmeras alternativas para lidar da melhor maneira possível.
Combinação dos dois mundos: profissional e pessoal
João Barretto, repórter da CazéTV, comenta como é sua experiência em relação a esse desafio. “Eu acho muito que o meu olhar pessoal é o que mostra o meu trabalho, as minhas experiências pessoais são o que moldam a forma profissional como eu olho os eventos que eu tenho que relatar.’’ – comenta o jornalista.
Letícia Marques, setorista do Flamengo no ge.globo, comenta que cada rede social ela utiliza de uma forma com o intuito de dosar os dois lados e reforça dizendo que as suas redes sociais são uma junção do seu lado pessoal e profissional. “No Instagram, eu posto sem me cobrar. Família, aniversário, amigos e trabalho. Mas no Twitter fica só as coisas de trabalho mesmo. Penso que eu sou a junção de tudo que sou: pessoal e profissional.” – ressaltou a jornalista.
Junção entre jornalismo e produção de conteúdo
As redes sociais estão sendo utilizadas como uma ferramenta que amplia o dia a dia dos jornalistas, um espaço que pode ser utilizado para mostrar o que acontece fora das câmeras e, dessa maneira, trazendo mais proximidade com seu público.
Caio Cappato, repórter Band/Bandsports comenta sobre o crescimento do mercado digital e como alinhar essa nova realidade com a sua profissão. “Entendo o quanto é absolutamente fundamental estar ativo nas redes, pela própria capacidade e sobrevivência no mercado. Acho estimulante e somos também bem estimulados a produzir conteúdos relacionados à pauta que temos na TV.”, afirmou Caio.
João Barretto também ressalta que mostrar o que as pessoas têm curiosidade como bastidores de um evento esportivo, de um clube ou de uma viagem, contribui de maneira significativa na relevância do perfil e pode trazer um público que queira consumir mais aquele conteúdo. “Porque a rede social, você pode estar em um veículo que vai chegar para um nicho, para uma galera que está te assistindo e a rede social pode te abrir para uma outra galera que não necessariamente acompanha o seu trabalho, mas que pode consumir a sua rede também.”
Desafios para encontrar um equilíbrio
A principal pergunta que permeia os jornalistas é: de que maneira achar seu próprio equilíbrio e encontrar um caminho que seja proveitoso sem ser desgastante?
Letícia Marques comenta que o primeiro passo é entender até que ponto você quer expor sua vida pessoal e a partir dessa reflexão ver o que faz sentido postar naquele momento.
Caio Cappato compartilha do mesmo pensamento, para ele, é se adaptar de tal forma que ele se sinta o mais confortável possível. “Uma maneira de entrar no meio é fazer da rede social uma extensão do seu trabalho jornalístico, levando em conta a compreensão das diferenças de público, linguagem e interesse de conteúdos. Mas é uma situação inevitável. Precisamos fazer. Quem não faz nada relacionado está ficando pra trás.”
O jornalista complementa dizendo que o equilíbrio acaba sendo encontrado de forma intuitiva. “Acho que isso rola de uma forma muito natural. Como na vida, você tem momentos profissionais e pessoais. A rede social acaba sendo um reflexo disso.”
Barretto diz que está no processo de encontrar o equilíbrio e relata que a forma pela qual ele se comunica nas redes torna esse processo de dosagem mais difícil. “A forma como eu falo é diferente, eu empresto um pouco da minha intimidade para as redes sociais. O dosar é mais difícil, porque você tem a pessoa que você é e tem a pessoa que você mostra nas redes sociais e eu misturo muito elas”, conta o repórter da Cazé TV.
Redes sociais e suas diferentes possibilidades
Jornalistas têm conversado entre si com o objetivo de entender de quais maneiras eles se adaptam mais em relação às redes sociais e a melhor forma de utilizá-las. Cada um tem optado seguir de um jeito, mostrando as inúmeras possibilidades que o mercado digital oferece.
João Barretto, comenta que começou a mudar sua mentalidade e pensar que não precisa estar o tempo inteiro produzindo conteúdo. O repórter da CazéTV complementa que tem conversado com outras pessoas para entender como elas estão lidando com esse processo.
“É muito difícil você ser ativo nas redes sociais o bastante sem deixar isso te contaminar. A não ser que você tenha uma equipe, que você entenda que o seu papel seja simplesmente estar lá” – afirmou o jornalista.
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O artigo abaixo editado por Ana Carolina Carvalho.
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