Aos 29 anos, a arquiteta Samantha Bosco é a criadora e dona da empresa Espelho Meu Cadernos, que produz materiais de papelaria com o objetivo de oferecer aos clientes – em sua maioria mulheres – um meio de auto-expressão. “A ‘Espelho Meu’ hoje tem mulheres que querem se organizar e se desenvolver pessoalmente”, explica a empreendedora.
A marca surgiu em 2012, com a vontade de Samantha de produzir os próprios cadernos personalizados e a falta de cadernos sem pauta no mercado. “Naquela época eu ainda não entendia que estava empreendendo, estava fazendo por diversão, para tirar um dinheirinho extra para pagar os lanches, né”.
Até então, a ‘Espelho Meu’ era um hobbie, mas, em 2015, já na faculdade de arquitetura, ela estava com dificuldades para encontrar um estágio, em um mercado de trabalho majoritariamente masculino e patriarcal. Neste momento, começou a participar de grupos feministas, compostos apenas por mulheres, no Facebook.
- Feminismo & Comunidade de Mulheres
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“Comecei a gostar daquela comunidade de mulheres, tanto de querer adquirir os produtos de outras mulheres, que estavam criando coisas incríveis, quanto de começar a comercializar os meus produtos lá”. Segundo a empreendedora, foi neste momento, que se sentiu acolhida, que decidiu posicionar o próprio negócio, e se entendeu como empreendedora.
Em 2016, ao se formar na faculdade, foi quando fez o primeiro planner – que passou, aproximadamente, 2 anos desenvolvendo – e as vendas cresceram muito. “Foi uma grande loucura, a produção era 100% artesanal mesmo, e eu ainda não tinha entendido como melhorar o meu sistema de produção”, diz.
- Sobre empreender
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Samantha recebia os pedidos por encomenda, dava prazo de 15 à 20 dias para entrega, e tinha lista de espera. “Passei dezembro e janeiro com várias noites viradas e atrasei algumas entregas. Falo isso para mostrar que as coisas não são bonitas e fáceis no caminho, a gente tem dificuldade”.
A empreendedora ainda reforça a importância de desromantizar o empreendedorismo, que nem sempre é uma jornada linear, fácil e, muito menos, para enriquecer, segundo a arquiteta. “Inclusive, as clientes me retornaram alguns produtos com falhas e eu tive que consertar, isso faz parte do processo de aprendizado e do empreendedorismo, é querer melhorar constantemente para atender os seus clientes”.
Naquela época, ela escrevia os pedidos em papéis e colava na parede em ordem de prioridade. “Foi um processo muito grande de aprendizado, de uma coisinha que eu vendia, para uma marca que tem visibilidade, alcance e demanda”, reflete.
Hoje, com uma produção mista: parte dos produtos são feitos no ateliê da arquiteta e outros são produzidos em gráficas comandadas por mulheres. Afinal, a temática do feminismo é recorrente na vida de Samantha: foram as mulheres que a empoderaram no começo do próprio negócio, e hoje ela procura retribuir da melhor forma. “Foi muito bacana pegar um dinheiro que era meu, que não era pequeno, e investir em outra mulher”.
Para o futuro da ‘Espelho Meu’, Samantha diz: “Eu quero alavancar a marca, e eu quero vender. É muito estranho, porque as pessoas acham que a gente cria e empreende para um sonho eterno, mas não é bem assim”. Segundo ela, um sonho leva à outro, e com a venda da marca ela poderá investir no próprio escritório de arquitetura.
“A ‘Espelho Meu’ é uma marca que me acompanha há muito tempo, fez parte do meu desenvolvimento e eu sei que ela tem muito potencial para estar nas mãos de outra pessoa. A vida é feita de ciclos e momentos, o desapego faz parte do processo de empreender também”
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