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Casper Libero | Culture

Do fenômeno de Marília ao sucesso da Boiadeira: as mulheres na música sertaneja

Beatriz Felizardo Student Contributor, Casper Libero University
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

O feminejo chegou aos nossos ouvidos em 2016 e nunca mais foi embora. Desde então, as mulheres tomaram conta do mercado e dos topos das paradas de sucesso em todo o Brasil. Mas isso não é uma novidade, temos que lembrar da Inezita Barroso que já cantava sobre beber pinga lá em 1951. 

A música sertaneja sempre foi uma potência no Brasil, desde o surgimento do gênero no século XX com as modas de viola, esse cenário passou por um bom tempo com a predominância de vozes masculinas como Milionário & José Rico e Chitãozinho & Xororó, estes que tinham estilos que narravam a vida no campo e a natureza. Foi na década de 80 que o ritmo se expandiu e deixou de retratar somente o homem no campo e começou a abordar temas urbanos e de relacionamento. 

A inserção das mulheres nesse cenário não é recente, antes do boom das patroas, vozes femininas já ecoavam nas rádios. Destaca-se Maria de Jesus e Lourdes Amaral, conhecidas como Irmãs Castro, que formaram em 1938 a primeira dupla feminina a gravar música sertaneja no Brasil.

Décadas depois, outras mulheres seguiram abrindo os caminhos. As Irmãs Galvão, por exemplo, se tornaram a dupla feminina mais duradoura da música sertaneja, com mais de 70 anos de carreira. Nos anos 80, Roberta Miranda foi pioneira ao vender mais de um milhão de cópias em seu disco de estreia. 

Do palco ao coração do brasil

Embora a presença feminina já estivesse consolidada no sertanejo, foi com Marília Mendonça que o sertanejo feminino ganhou uma nova e grande dimensão. As cantoras que surgiram na onda do feminejo como Maiara & Maraisa, Naiara Azevedo, Simone & Simaria cantam sobre traição, amor não correspondido, bebedeira, de certa forma algo que o sertanejo sempre cantou, mas sob uma perspectiva diferente.

Em entrevista ao podcast “Marília- o outro lado da sofrência” produzido por Carol Prado (G1), a figurinista Flavia Brunetti diz que Marília ficava furiosa só de ouvir a palavra feminejo. 

“O incômodo com o termo “feminejo” tinha a ver com a lógica de separação. Marília não queria um espaço reservado às mulheres. Queria o mesmo espaço. Igualdade na prática. E nos palcos, nas rádios, nos cachês.”, relata a figurinista.

Mesmo após o falecimento, Marília continua acumulando recordes, a prova disso é a música “Leão” que foi lançada em dezembro de 2022, tornando-se a faixa mais ouvida pelos brasileiros nas plataformas digitais. 

Futuro do sertanejo é feminino

Atualmente, ninguém imagina um festival de sertanejo sem Ana Castela, Mari Fernandez e Lauana Prado, elas representam o novo sertanejo feminino com letras de empoderamento e fusões com o pop e piseiro. 

Ana Castela, mais conhecida como “A Boiadeira” é dona de sucessos com milhões de ouvintes nas plataformas e uma legião de fãs adultos e crianças. Em seu novo trabalho Let ‘s Go Rodeo”, a estrela do “agronejo” aposta nas raízes do country estadunidense, reforçando sua identidade rural junto à estética pop. 

O sertanejo feminino não é apenas uma tendência, mas sim algo transformador para o gênero musical, tornando-o mais plural e representativo. Das pioneiras até as atuais, elas ocupam diversos espaços, contam lindas histórias e inspiram gerações. Hoje, elas são protagonistas de algo que veio para ficar e segue crescendo com muita identidade. 

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O artigo abaixo foi editado por Carol Malheiro

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Beatriz Felizardo

Casper Libero '27

Jornalista em formação, apaixonada em comunicar sobre o mundo.