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Culture

Dia dos Professores: A Visão De Uma Professora da Pré-Escola Sobre O Ensino Online

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Durante a pandemia, as instituições de ensino tiveram de migrar das salas de aula para o formato digital. Essa transição originou uma série de mudanças, em especial para os alunos, pais e professores da pré-escola — 2 aos 6 anos de idade — que envolve processos de aprendizagem complexos.

Para melhor compreender essa realidade, conversamos com a professora Alessandra Gafanovitch, que leciona para crianças de 4 a 5 anos de idade, alunos do que se denomina Infantil 4, no Colégio Renascença, da rede privada da cidade de São Paulo. 

As aulas acontecem via Zoom todos os dias. A classe foi dividida em dois, então eu dou duas aulas de 45 minutos para cada uma, todos os dias. Além das aulas, vimos a necessidade de realizar semanalmente uma conversa individual de 20 minutos com cada aluno e um encontro de 30 minutos de uma dupla de alunos com a professora-auxiliar, também semanal. Nesses encontros, são abordadas todas as linguagens: matemática, português, noção corporal e psiconutricidade”, conta Alessandra, a respeito da grade curricular de seus alunos.

Ela explica que esses novos encontros virtuais foram uma adaptação pensada para suprir as necessidades dos alunos no período da quarentena. “A criança tem que fazer tudo sozinha, porque eu não estou lá para ajudar ela. Por exemplo, se ela segura o lápis errado, ou se ela não faz as atividades gráficas que nós enviamos, nós não temos como manter esse controle. Às vezes nós pedimos para eles mostrarem, mas não temos como avaliar todas”, a professora comenta. “Também tivemos que pensar em formas de trazer o aprendizado gerado por atividades impossíveis de serem realizadas virtualmente”, conclui.

A respeito de suas maiores dificuldades, Gafanovitch comenta que é um grande desafio para uma criança dessa faixa etária ficar em frente a uma tela de computador por tanto tempo. “Muitas vezes, os alunos dispersam, ou saem da aula e voltam depois, dificultando o andamento. Soma-se a isso o fato de que não há contato físico, não há toque, abraço, olho no olho, todos esses aspectos fazem muita diferença”, explica.

É importante enfatizar, também, que cada criança possui seu próprio ritmo de desempenho e aproveitamento. “Temos alunos que estão avançando na parte cognitiva, temos alunos que precisam de um incentivo maior, que no caso é dado durante os encontros individuais, quando são identificados os avanços de cada um e lançados desafios personalizados. Nós entendemos e respeitamos essas diferenças”, afirma Alessandra sobre essa questão.

Não há perspectiva de retorno às aulas presenciais esse ano no colégio, apenas para atividades extracurriculares, como esporte e dança. “Será muito difícil para as crianças seguirem todos os protocolos, terá que ser uma adaptação de ambas partes, tanto dos professores quanto dos alunos. Eu não sei como vai ser, mas imagino que vá ser um processo bastante trabalhoso”, Alessandra confessou.

A professora atenta também para a relação dos pais com os filhos. Ela diz que a família tem auxiliado muito na questão tecnológica, ensinando os filhos a entenderem as plataformas digitais usadas, enviando vídeos e atividades que são pedidos a eles, e também nas atividades gráficas, já que demandam leitura e as crianças ainda não são alfabetizadas. “Alguns pais ainda têm de acompanhar os filhos durante a aula, para que eles se concentrem e se mantenham na aula, embora a grande maioria já fique sozinha, pois já se adaptaram”, comenta.

Ainda sobre isso, com a reclusão, causada pelo coronavírus, e o acompanhamento mais de perto de seus filhos durante as aulas, muitos pais passaram a conhecê-los melhor. “Alguns pais perceberam que a criança começou a falar mais sobre os sentimentos, outros disseram que não sabiam que o filho era tão disperso, ou não sabiam que o filho tinha uma necessidade tão grande de exercitar o corpo. Tudo isso possibilitou-lhes entender muito mais”, afirmou.

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This article was edited by Amanda Oestreich.

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Melissa Charchat

Casper Libero '23

Currently studying journalism at Faculdade Cásper Líbero, Melissa is passionate about music and writing. As a professional, her main goal is to promote a larger access to information by doing what she loves.