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Casper Libero | Culture

Claraboia: O 5º álbum autoral de Anavitória 

Luana Zanardi Student Contributor, Casper Libero University
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

Claraboia, quinto álbum autoral de Anavitória, chegou de surpresa às plataformas digitais no dia 16 de setembro de 2025, sem nenhum single prévio. As compositoras e cantoras Ana Caetano e Vitória Falcão se recolheram no interior de São Paulo, em Paranapanema, e transformaram a casa alugada em um estúdio e espaço criativo. Entre fevereiro e abril deste ano, trabalharam diariamente na composição e gravação das 20 faixas, sob produção de Gabriel Duarte, Janluska e Pegê.

O resultado, é um disco que reflete intimidade, sinceridade e liberdade artística. A dupla constrói um universo contínuo de acordes e melodias, onde violão e piano criam a sensação de casa, enquanto pequenas experimentações acústicas dão personalidade às músicas. Essa nova produção é  a materialização do tempo dedicado, da imersão no interior e da vontade de criar um álbum que soa acolhedor e profundamente pessoal.

Entre memórias e reflexões

O álbum abre com canções que trazem à tona a poesia cotidiana, imagens do interior e sensação de recolhimento. A delicadeza das melodias permite que cada faixa se conecte à anterior, criando um fluxo contínuo de sons e sentimentos. Faixas como “rua dos abacateiros”, “olhar pra você”, em parceria com Bruno Berle e, “em voz alta”, estabelecem esse clima de proximidade, convidando o ouvinte a se perder na sonoridade caseira e íntima do disco.

Em “como é que a gente foi chegar aqui?”,a compositora Ana revisita arrependimentos e conversas passadas, já citadas em Esquinas, álbum anterior, em “Mesma trama, mesmo frio”. A melodia acústica amplifica a sinceridade da letra, tornando a experiência quase confidencial.

 Queria voltar, pensar algumas vezes antes de explodir. Te disse muitas coisas que me arrependi, mas era tudo que eu tinha. 

Trecho de “como é que a gente foi chegar aqui?”

Tempo e relações

Faixas como “estátua de mármore”, “a lua que a minha cabeça tá” e “aza” exploram pequenas memórias e sensações do dia a dia, sem precisar de versos explícitos.

Já na música, “seis anos depois” transmite ao público o ápice do tema de amadurecimento, porém  ao mesmo tempo carrega uma certa dor entre os versos..

Seis anos depois, uma vida. Já não sabemos mais, o que é sermos juntas, como mulheres juntas. 

Trecho de “seis anos depois”

A música reflete mudanças pessoais, lembranças e a construção do “eu” após experiências passadas, mantendo o álbum ancorado na sinceridade. Os fãs da dupla ousam dizer que a canção, escrita por Ana Caetano, foi para um antigo relacionamento da cantora, Letícia Tavares, em resposta ao livro Atravesso meu peito ao teu escrito pela mesma.

Fragmentos curtos, humor e experimentação

O álbum também se diverte com pequenas vinhetas que funcionam como respiros entre os momentos mais densos. Faixas curtas como submarinos, “spokane” e “bilhete secreto” adicionam leveza e ritmo, enquanto “manteiga”, dedicada ao cachorro da casa de Paranapanema, representa ternura e humor. Esses fragmentos reforçam a sensação de álbum orgânico, feito de pequenos momentos que refletem a vida da dupla.

Já em “búzios”, a narrativa se abre para memórias compartilhadas e o que ficou pelo caminho. A sensação de observar o mundo e os amigos sem conseguir resgatar o que se perdeu cria uma delicada melancolia, reforçada por arranjos suaves que evocam nostalgia sem pesar.

Agora nas faixas, “isso é deus”, com participação de Rubel, e “o amor habita os mais inconcebíveis dos lugares” exploram reflexões existenciais e a percepção da vida como fluxo de experiências. Enquanto uma faixa convida a aceitar tropeços e encontrar sentido nas pequenas coisas, a outra traz surpresa e encantamento em gestos cotidianos, tudo isso sustentado por melodias delicadas e acústicas, que conferem intimidade ao álbum.

O coração do álbum

No fechamento, “paranapanema” captura a essência do lugar e do processo criativo, com suingue leve e rusticidade que remetem ao interior paulista. Já a faixa-título “claraboia” mistura falas, risos e piano, convidando o ouvinte a imergir no estúdio e testemunhar o nascimento das músicas.

Cada faixa, do primeiro acorde de, “rua dos abacateiros” à introspecção final de Claraboia, funciona como um fragmento de lembrança, uma conversa íntima, um olhar sobre o tempo e as relações. O álbum é ao mesmo tempo delicado e profundo: os arranjos de violão e piano costuram as histórias pessoais da dupla, enquanto as melodias simples evocam memórias, emoções e cenários do interior paulista.

Claraboia não é apenas um disco para ouvir, é um convite para entrar na casa de Ana e Vitória, sentar-se no estúdio improvisado e acompanhar de perto o processo de criação de cada canção. É um trabalho que reforça a maturidade artística da dupla, mostrando que a música pode ser espaço de sinceridade, recolhimento e celebração da vida cotidiana. 

Ao final, o ouvinte sai desse universo não só com a lembrança de melodias suaves, mas com a sensação de ter compartilhado momentos genuínos, íntimos e universais, um retrato de Anavitória em sua forma mais honesta e próxima.

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Esse artigo á cima foi editado por Larissa Vilapiano Prais.

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Luana Zanardi

Casper Libero '26

Writing is my greatest passion. Here, you’ll find a glimpse of the stories I love to tell. :)