Her Campus Logo Her Campus Logo
Culture > News

Chuvas no litoral norte de São Paulo: o impacto dos eventos climáticos extremos

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

O carnaval deste ano no litoral norte do estado de São Paulo foi marcado pela falta de desfiles e de folia. Foram sete dias da maior chuva de todo o país, segundo a prefeitura de São Sebastião, cidade mais afetada

Todos os anos, entre janeiro e fevereiro, ápice do verão no país, muitas populações sofrem com as fortes chuvas que atingem, principalmente, os mais vulneráveis. Durante uma semana, começando na madrugada do dia 19 de fevereiro, um grande volume de chuvas atingiu as cidades de São Sebastião, Bertioga, Ubatuba, Guarujá, Ilhabela, Caraguatatuba, Riviera de São Lourenço entre outras.

A precipitação

Para essa época do ano, já era esperado um grande volume de precipitação, mas os números foram excepcionais e bateram recordes. A projeção do modelo exclusivo de alta resolução da MetSul indicava acumulados de 500 mm a 700 mm e os volumes em alguns locais já se aproximavam da marca dos 500 mm de sábado de carnaval.

Não só o grande volume preocupou as autoridades, mas também o quanto choveu em tão pouco tempo. Na rede do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), o acumulado de 24h entre sábado e domingo atingiu 472 mm em Bertioga (Praia de Guaratuba), sendo 473 mm em apenas seis horas.

A agência de previsão do tempo MetSul explica que a chuva que atingiu a região era orográfica, ou seja, é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento frio em razão de uma massa de ar frio que atua no Sul do Brasil, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa. A medida que isso acontece, o vapor condensa e a chuva é induzida pelo relevo.

Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação muito altos e até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil, explica o centro de pesquisa.

O cenário era propício. Naquele contexto, o resultado foram inundações e os ainda mais destrutivos deslizamentos de terra. A MetSul alertou durante as primeiras horas de chuva que volumes na magnitude de 500 mm ou mais em poucas horas têm potencial de gerar massivos escorregamentos de encostas com partes de morros inteiros vindo abaixo. E foi isso que causou as diversas interdições nas estradas e destruição total de casas.

Rodovias

As rodovias Mogi-Bertioga e Rio-Santos foram as mais atingidas. Alguns trechos tinham previsão para desobstrução de até dois meses após as piores precipitações. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) iniciou no dia 21 de fevereiro os serviços de recuperação da Rodovia Mogi-Bertioga (SP-098) nos trechos onde houve a interrupção total do tráfego. 

De acordo com a Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, a expectativa é que as obras na rodovia sejam concluídas em até 180 dias, com investimento previsto de R$ 9,4 milhões.

No entanto, o governo de SP antecipou a liberação da Rodovia Mogi-Bertioga, um mês e meio antes do previsto. O DER informou que o tráfego já estava liberado para veículos leves e pesados nas rodovias da região de São Sebastião desde o dia 07 de março. Já as obras totais do projeto devem ser concluídas em até 180 dias.

Mortos e desaparecidos

Até o último balanço divulgado pelo governo de São Paulo no dia 07 de março, foram confirmados 65 óbitos, sendo 64 em São Sebastião e um em Ubatuba. A Defesa Civil informa que foi concluído o encaminhamento de 1081 desabrigados para pousadas e hotéis da região, sendo 838 adultos e 91 crianças, ainda segundo o último relatório divulgado pelo governo.

Em um último boletim, também divulgado pelo estado de São Paulo, os trabalhos de busca, resgate e salvamento seguiam ininterruptos na região por um homem desaparecido no bairro Vila Baleia Verde, o bairro mais atingido de São Sebastião.

Ajudas do governo

O governador Tarcísio de Freitas visitou as áreas afetadas pelas chuvas (19/03) e fez um sobrevoo sobre toda a área atingida pelas chuvas juntamente com a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Foi anunciado por ele dia 19 de fevereiro o envio de ajuda humanitária para a região.

O Governo do Estado também conseguiu a prorrogação por 180 dias do prazo do recolhimento para contribuintes do Simples Nacional do Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba. 

Foram repassados cerca de R$13,3 milhões em ações de respostas e restabelecimento de infraestrutura após as fortes chuvas do mês passado pelo MIDR (Ministério do Ministério do Desenvolvimento Regional).

Moradias

Com mais de 4 mil desabrigados, o governo de SP transferiu cerca de 1.200 pessoas de São Sebastião às unidades cedidas na cidade de Bertioga, até a conclusão das moradias definitivas em São Sebastião. O grupo começou a ser transferido dia 13 de março para as unidades e tem previsão de saída depois de oito meses.

Prevenção 

Com vistas a evitar que novos desastres aconteçam, o MPSP e o Ministério Público Federal (MPF) solicitaram a revisão do Zoneamento Ecológico-Econômico do Litoral Norte paulista (Decreto Estadual 62.913/2017). O documento estabelece as normas de ocupação do solo e de uso dos recursos naturais nos municípios de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba. 

The article above was edited by Mariana Torezan

Liked this type of content? Check out Her Campus Cásper Líbero home page for more!

Catarina Nestlehner

Casper Libero '24

Jounalism student at Casper Libero. Travel and art lover.