Sabe quando um livro parece que conversa com a sua alma? É essa a sensação de abrir Atravesso meu peito ao teu, de Letícia Tavares.
A obra reúne textos curtos e intensos, cheios de emoção, saudade e amor. O livro é íntimo e um verdadeiro diálogo com o coração. Com muita honestidade crua, Letícia conquistou os leitores rapidamente, trazendo essa sensação de ler um diário aberto.
Mas, o que torna esse livro ainda mais instigante é a forma como ele dialoga com a música. E não é qualquer música. Estamos falando de Anavitória, uma das duplas mais queridas dessa geração.
Quem é Letícia Tavares?
Médica, escritora e poeta, Letícia é conhecida por sua escrita delicada e visceral ao mesmo tempo. Com Atravesso meu peito ao teu, ela mergulha fundo em sentimentos que vão do amor mais doce até a dor da ausência, sempre com uma sensibilidade única que toca quem lê. Ela tem o talento de transformar emoções complexas em palavras que parecem sussurrar direto ao coração, criando uma conexão íntima com o leitor.
Quando a literatura encontra a música
Entre os fãs, existe uma teoria que deixa a experiência de leitura ainda mais interessante. É quase um senso comum entre os amantes de Anavitória que Letícia teria vivido um relacionamento com Ana Caetano, compositora e integrante da dupla. Apesar de não haver confirmações concretas, os textos carregam referências que remetem às canções de Ana, e isso não passou despercebido pelo público.
Enquanto Ana escrevia músicas que falam de peito aberto, saudade e afeto intenso, Letícia traz agora sua versão literária. É como se duas vozes se cruzassem, cada uma em sua arte, construindo uma narrativa paralela de amor e memória.
Referências escondidas
Ler Atravesso meu peito ao teu também é como brincar de caça ao tesouro. A cada página, surge uma frase que parece ter escapado de uma música da Anavitória, e os fãs não deixam passar nada.
Logo no começo, Letícia escreve: “se eu pudesse pedir algo a mais, seria apenas isso”. Esse detalhe do “pedido a mais” remete à atmosfera da canção “Água-viva”, que fala justamente desse desejo de prolongar o encontro, mesmo que na memória.
Outra pista aparece quando ela escreve que “há cor nos meus dias e nos meus pensamentos”. Não é coincidência que COR seja o nome de um dos álbuns mais intensos da dupla, lançado em 2021. E, não para por aí. Mais adiante, Letícia escreve: “talvez hoje estivéssemos noutro tempo, outra história” – frase que poderia facilmente ser associada a versos de “Se eu usasse sapato”.
Para completar o quebra-cabeça, Letícia faz referência a muitos outros trechos de músicas que foram escritas por Ana Caetano, como “Tenta acreditar”, “Terra” e “Quero contar pra São Paulo”. Essa mistura de pistas sutis e confissões veladas torna a leitura muito mais envolvente.
Vale a pena ler?
Definitivamente, sim. Mais do que uma curiosidade literária-musical, o livro é muito bem escrito e entrega exatamente o que promete: um mergulho no coração humano. É daqueles que tocam, que fazem a gente se sentir visto e acolhido. E pra quem já se pegou interpretando músicas de amor como se fossem confidências secretas, a leitura se torna ainda mais especial.
No fim das contas, seja você fã de Anavitória ou apenas alguém que gosta de textos que fazem o peito apertar (no melhor sentido possível), Atravesso meu peito ao teu é uma leitura certeira. Porque, quando a arte é feita de verdade, seja em acordes ou em palavras, ela sempre encontra um jeito de atravessar nosso coração.
O artigo acima foi editado por Luana Zanardi.
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