Com o título ‘Adultização’, o vídeo publicado na última semana pelo influenciador Felca viralizou rapidamente, provocando intensos debates na internet e chegando ao Congresso Nacional. No material, Felca denuncia a adultização infantil e apresenta uma investigação detalhada sobre.
A mensagem é clara: crianças não devem ser expostas a situações próprias do universo adulto, especialmente à sexualização de menores, prática que configura crime e, segundo ele, ocorre “debaixo dos panos” com a conivência do silêncio social. A denúncia ganhou ainda mais força com a prisão do influenciador Hytalo Santos , que foi detido por acusações de tráfico humano e exploração sexual infantil.
Felca também aponta o papel dos algoritmos das plataformas digitais na disseminação desses conteúdos, que alcançam predadores sexuais, tornando o problema ainda mais grave. A repercussão do tema ultrapassou o ambiente digital e reacendeu discussões sobre regulamentação e segurança nas redes. O presidente da Câmara,Hugo Motta (Republicanos – PB), falou sobre o assunto e prometeu pautá-lo, afirmando: “Esse é um tema urgente, que toca no coração da nossa sociedade“.
As Faces da Adultização
No vídeo, o influenciador inicia apresentando casos amplamente conhecidos na internet, como o fenômeno dos coaches mirins – menores de idade que adotam posturas e discursos típicos de adultos. Esse comportamento de adultização se manifesta na forma de se vestir e nos assuntos abordados, que incluem marketing digital, venda de infoprodutos e supostos “cases de sucesso”. Em um dos exemplos citados, um adolescente conta ter faturado R$ 6 mil “em um dia na igreja”, episódio que viralizou e gerou debates sobre a influência desses modelos na infância.
O youtuber também aborda o papel das famílias influencers, perfis que expõem rotineiramente a vida dos filhos em busca de engajamento e monetização. Segundo Felca, essa prática pode transformar crianças em fonte de renda, submetendo-as à pressão de gerar conteúdo. Ele relembra um caso de 2019 que ganhou repercussão nacional: após comoção pública, uma família foi investigada por suspeita de trabalho infantil e exploração emocional.
Segundo o Instituto Alana, casos como esse não são recentes. Desde a década de 1990, especialistas alertam para os impactos da adultização infantil, como o estímulo à sexualidade precoce, a pressão estética e a adoção de comportamentos incompatíveis com a idade. Historicamente, o fenômeno foi visível na televisão, em novelas, programas e publicidades que colocavam crianças em papéis adultos ou as retratavam de forma sexualizada para atrair audiência.
Sexualização de Menores e o Algoritmo P: A Face Mais Perversa
Felca trouxe à tona a discussão de casos ainda mais graves, como o de um influenciador que dirigiu um reality show com adolescentes e pré-adolescentes, repleto de conotação sexual. Suas vidas e relações foram expostas nas redes sociais e, embora tivessem um público jovem, o engajamento maior vinha de homens adultos.
O que o influenciador chama de “algoritmo P”, utilizado com o objetivo de ilustrar o perigo, cria uma conta nas redes sociais e demonstra como os predadores sexuais usam o algoritmo a seu favor. Ao curtir e interagir com conteúdos de menores, eles são facilmente direcionados a vídeos aparentemente inofensivos, nos quais é comum encontrar comentários de homens adultos com más intenções revela essa dinâmica perversa.
Em outro exemplo, o influenciador divulgou vídeos de uma menor que se apresentava em uma casa de shows para um público adulto. A mesma adolescente, que aparece em suas redes desde os 12 anos, foi recentemente exposta fazendo um procedimento estético.
Em um caso ainda mais preocupante, o influenciador relata a história de uma menina cuja vida começou a ser exposta pela mãe aos 12 anos de idade em busca de monetização. A garota rapidamente começou a receber comentários de predadores sexuais, que pediam por mais vídeos, roupas provocantes e conteúdos exclusivos. Usando códigos e links disfarçados em suas biografias em redes sociais, os criminosos transformaram o perfil da menina em um ponto de encontro para a troca de conteúdos ilegais. Felca afirma que a mãe atendeu aos pedidos, vendendo conteúdos explícitos da filha em grupos pagos que, mais tarde, foram vazados para centenas de grupos criminosos online.
O alerta é geral para qualquer pai com crianças que tenham presença online. A psicóloga Ana Beatriz Chamati, especialista em infância e infantojuvenil foi convidada para analisar os casos abordados em vídeo, e em sua análise ela classificou o cenário da seguinte maneira “Largar seu filho no quarto com o celular é o mesmo que largá-lo na Praça da Sé, ele está exposto a tudo.”
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O artigo acima foi editado por Gabriela Belchior.
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