A cultura negra chegou no Brasil por meio de um processo cruel e desumano: a escravidão. Isso gerou problemas sociais que convivemos até hoje, sobretudo após a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, que rompeu com a legalidade do trabalho forçado e não remunerado no país, mas não integrou a população recém liberta ao convívio.
Contrariando o abandono dos organismos estatais e o racismo estrutural, que surgiu a partir de um processo de submissão marcado por violência e sofrimento, a resistência e a busca por reconstruir narrativas são elementos que fazem crescer a consciência negra e a luta antiracista.
Assim, no 137º aniversário da abolição da escravidão no Brasil, comemorado este ano no dia 13 de maio de 2025, a Her Campus Cásper Líbero separou cinco espaços de resistência negra para visitar e compreender a trajetória da cultura afro-brasileira na cidade de São Paulo.
1. Museu Afro Brasil Emanoel Araújo
Localizado no Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Ibirapuera), seu nome carrega uma homenagem ao artista, curador, colecionador e museólogo brasileiro Emanoel Araújo. A instituição pertence a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e é administrada pela Associação Museu Afro Brasil.
Com um acervo de mais de 8 mil obras em 11 mil m², o museu apresenta exposições de longa duração e temporárias, além de uma biblioteca especializada e programação cultural ao longo do ano. O funcionamento é de terça à domingo – das 10h às 17h (com permanência até às 18h). Os ingressos custam a partir de R$7,50, mas às quartas-feiras a entrada é gratuita.
2. Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
Sua origem remete ao período colonial, quando havia restrições à população preta que almejava frequentar as mesmas igrejas que os senhores brancos. Então, em 1711, negros escravizados e alforriados, juntamente com abolicionistas, que buscavam a socialização, a resistência e a cooperação desse grupo, construíram a Igreja Nossa Senhora do Rosário.
O edifício original era simples e estava no antigo Largo do Rosário, atual Praça Antônio Prado, no centro da capital. Com o processo de urbanização, promovido pelo prefeito que dá nome a praça atualmente, a igreja foi demolida e transferida para o Largo do Paissandú, Centro Histórico de São Paulo, em 1908. Felizmente, apesar da mudança, o espaço se consolidou como um centro de preservação da memória e da riqueza cultural negra.
3. Educafro
Presente no centro de São Paulo (Rua Riachuelo, 342), esse organismo tem por objetivo reunir pessoas voluntárias, solidárias e beneficiárias, que lutam pela inclusão de negros e pessoas de baixa renda nas universidades públicas ou em uma universidade particular com bolsa de estudos.
O Projeto tem a finalidade de possibilitar empoderamento e mobilidade social para população pobre e afro-brasileira. Além de contribuir para incentivar a formação de núcleos de pré-vestibular nas periferias de todo Brasil, proporcionar o surgimento de cidadãos conscientes nas comunidades e nas universidades, promover uma formação cidadã e acadêmica, entre outras motivações.
4. Largo do Arouche
É uma praça tradicional da região central, considerada patrimônio cultural da cidade de São Paulo. O largo é visto como polo de diversidade, uma vez que é ocupado por grupos sociais LGBTQIAP+ desde a década de 1940. Além dessa comunidade, que luta em prol da diversidade sexual e de gênero, o espaço acolheu a causa da população afro-brasileira.
Em destaque na praça, há o busto de Luiz Gama – advogado autodidata, abolicionista, orador, jornalista e escritor brasileiro. O monumento, criado por Yolando Malozzi em 1931, foi inaugurado em 22 de novembro do mesmo ano e erguido por intermédio dos esforços políticos do movimento negro com a parceria de um veículo de imprensa paulistano, O Progresso, que organizou uma arrecadação para a obra. O monumento dedicado a Luiz Gama foi o primeiro a prestar homenagem a um líder negro em São Paulo.
5. Aparelha Luzia
A Rua Apa, número 78, na região central de São Paulo, abriga um espaço que à noite entrega desde uma roda de samba ou uma mostra de filmes que não estão no circuito, até uma efervescência de pessoas que conversam animadas. Não surpreende que o público seja majoritariamente negro, na medida em que o Aparelha Luzia foi pensado para ser um quilombo urbano. Ele, que funciona intensamente nos finais de semana, é um centro cultural e político inaugurado em abril de 2016.
O nome incomum do local tem raízes históricas, pois aparelhos eram apartamentos ou casas onde ativistas que resistiam à Ditadura Militar se encontravam clandestinamente, faziam reuniões ou se refugiavam. Luzia, por sua vez, é o nome do fóssil mais antigo já encontrado na América, datado em cerca de 13.000 anos. Ela tinha traços e fenótipos negros muito antes do início do tráfico de escravos no século XVI.
Gostou das dicas? Então é só colocar no seu roteiro e sair por São Paulo!
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O artigo acima foi editado por Marcele Dias.
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