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Culture

5 Autoras Brasileiras A Quem Você Deveria Dar Uma Chance

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Nesta semana, mulheres ao redor do país ganharão flores, chocolates e outros mimos. Muito mais do que isso, entretanto, o que elas e eu queremos, não só uma vez ao ano, mas todos os dias, é respeito, o direito de escolha e, principalmente, o de ser quem quisermos. Pensando nisso, resolvi montar uma lista com algumas escritoras brasileiras que me ajudaram, e continuam me ajudando, a ser quem eu sou: uma menina apaixonada por palavras.

1. Ruth Rocha

 

Quando eu comecei a bolar essa mini lista, fiquei pensando com quem eu deveria começar. E então, por desde muito cedo eu ter contato com histórias e livros, decidi me apegar as memórias de quando eu era criança para decidir essa questão e,no meio de Monteiro Lobato, Ziraldo e Maurício de Souza, o nome de Ruth me apareceu.

Para quem não conhece a verdadeira Rainha dos Baixinhos, Xuxa que me desculpe, Ruth tem 88 anos de idade, possui mais de 200 trabalhos publicados e ocupa a cadeira número 38 da Academia Paulista de Letras desde 2007. Ou seja, definição de mulherão.

Seu livro best seller, pelo qual muitos a conhecem, incluindo eu mesma, é o Marcelo Marmelo Martelo. Ele conta a história de um menino chamado – pasmem! – Marcelo que é para lá de curioso e que, como qualquer criança, possui questionamentos muito importantes relacionado a origem das palavras.

A grande chave dessa história e eu acho que é por isso que a Ruth é a Ruth, é o fato de que o protagonista não fica só na dúvida, ele, de forma bem inteligente, arruma uma solução para seus dilemas que correspondiam aos meus quando eu era criança. Essa pequena forma de resolver o que o incomodava ajudou a Anna Paula Dechechi que usava Maria Chiquinha a trazer a tona algumas dúvidas, como por exemplo, “Por que nós falamos que o homem destruiu a natureza se também tem mulher no Planeta Terra” e consequentemente, começar a construção de um pensamento crítico.

O que eu mais gosto na Ruth é o fato de que ela vê as crianças como seres pensantes, que merecem ser tratados de igual para igual e que, diferentemente do que muitos acham, possuem pensamentos, indagações e angústias muito válidas e que merecem respostas.

O Marcelo, mesmo eu não sabendo na época, me trouxe o conforto causado pela representatividade, e ele é um alento para os mini seres que constantemente se vêem no meio de um “porque sim”, “não te interessa”, “sei lá”.

2. Thalita Rebouças

 

Apesar de agora estar conhecida nacionalmente graças aos seus livros, que estão sendo adaptados para as telonas, conheço a Thalita há doze anos, porque foi ela a autora da primeira obra que entrou para minha coleção literária, “Uma fada veio me visitar”.

O enredo da trama foca em Luna, de quase 14 anos, que em uma noite, véspera de uma prova de exatas que definiria seu bem estar-social, recebe a visita de uma fada chamada Tatu. Apesar de não acreditar na existência de seres mágicos, Luna passa a lidar com a presença de Tatu em sua vida, e com isso aprende valores incríveis como empatia e sororidade!

Além de suas crônicas e suas narrativas terem uma linguagem moderna, acessível, bem-humorada que me tornaram fiel à literatura enquanto transitava da infância para a pré adolescência, o que eu mais gosto na Thalita é que ela não tem vergonha de dizer, com seu típico bom-humor, que não foi fácil chegar onde chegou, e isso é um dos fatores que me inspiram a ter motivação.

Ela era uma convidada recorrente no extinto “Programa do Jô” e, em uma de suas participações contou que, para vender exemplares de seus livros na Bienal do Livro, chegou até mesmo a subir na cadeira em que estava sentada e com assobios e apitos, conseguindo chamar a atenção do público presente e fazendo com que alguns deles comprassem seus livros. Assim, de pouquinho em pouquinho, ela abriu portas para que outras autoras incríveis se consolidassem no mercado literário infanto-juvenil.

3. Paula Pimenta

 

A mineira Paula Pimenta também se tornou uma autora que tem adaptações de seus livros nas telonas. No dia 28 de fevereiro, seu livro Cinderela Pop, que começou como um dos contos do Livro das Princesas, estreou nos cinemas tendo como protagonista, ninguém mais, ninguém menos, do que a rainha do Brasil, Maísa Silva.

O primeiro livro que eu li da Paula foi Fazendo meu Filme 2: Fani na terra da rainha. Era para ser o um, mas minha mãe me presenteou com a continuação. Na época em que eu o li, eu estava muito focada em livros estrangeiros que se passavam no universo adolescente. E, apesar de adorar essas narrativas, sentia que faltava algo. Confesso que eu tive uma certa resistência para lê-lo, porque eu sentia como se, ao tocá-lo, estivesse traindo a Thalita. Mas, assim que eu passei pelas dez primeiras páginas, me apaixonei.

Foi tão bom ter contato com um material em que os personagens possuíam quase a mesma idade que eu, enfrentavam o que eu tinha que enfrentar, comiam o que eu comia, frequentavam lugares que existiam na minha realidade e consumiam o que eu consumia. Foi a primeira vez que eu me senti como se pudesse fazer parte de uma história. O cenário não era um Starbucks no meio da neve, sabe? Era a vendinha de pão de queijo que ficava em frente ao colégio dos personagens! Sensacional! Mais uma vez, a questão da representatividade se fez presente.

Eu devo dizer que a Paula também foi um marco na minha vida, porque ela me ensinou a abraçar quem eu sou, e isso inclui meus gostos.

Ela contou uma vez que, enquanto estava amarrada na ideia de que não podia ter como referência contos de fada, cultura pop, princesas e assim por diante, porque isso não era aconselhado para alguém da idade dela, sua escrita não fluia. Foi só após conhecer o trabalho de Meg Cabot, autora de “O Diário da Princesa” que ela se descobriu como escritora, porque percebeu que estava tudo bem falar sobre o que gostava.

4. Carina Rissi

A Carina foi uma das últimas escritoras brasileiras com quem eu tive contato. Diferente do trabalho da Ruth, da Thalita e da Paula, os livros dela são para um público adulto e são todos romances.

A construção das personagens femininas é um dos elementos que eu mais gosto nas obras dela. Normalmente, se tratando de narrativas amorosas, há aquele estereótipo de protagonistas ingênuas e sem conhecimento da própria sexualidade. Contudo, no caso das heroínas de Rissi, mesmo sendo doces e de bom coração, todas possuem personalidade, são esforçadas, inteligentes e buscam muito mais do que o amor para a própria vida. Essa visão me mostrou que é possível montar clássicos adaptando-os para as nossas crenças e valores.

Um dos livros que eu mais gosto, o primeiro que eu li, apresenta justamente essa nova construção de protagonista: “Perdida”. A história é sobre Sofia, uma moça do século XXI, ligada em tecnologia que, em uma noite de bebedeira, deixa o celular cair na privada. Desesperada por ficar sem o aparato, na manhã seguinte ela vai até uma loja e adquire um novo. O problema é que, dentre as funções ofertadas pelo aparelho, estar a de voltar para dois séculos atrás.

5. Eliane Brum

Como jornalista, é impossível falar sobre autoras que inspiram e não pensar em Eliane Brum. Um dos motivos que me fazem ficar em dúvida sobre se eu devo mesmo seguir a carreira jornalística é o fato de que eu gosto de histórias aprofundadas, e no jornalismo, é difícil ter espaço para esse tipo de formato. Entretanto, a Brum é um potinho de ouro no final do arco íris para mim, já que, habilmente, ela usa sua carga jornalística para contar histórias reais que comovem e nos fazer botar em questão muitas de nossas perspectivas.

O Livro “O Olho da Rua” reúne reportagens que mais parecem contos. Nele, ela narra o que nós vemos, mas com uma perspectiva tão delicada que parece fazer parte de um universo paralelo. Em um dos textos que compõem, essa obra, por exemplo, é abordada a questão das mães que vivem em comunidades e precisam lidar com a perda dos filhos, alguns menores de idade, que se envolveram com o crime.

Em tempos de instantaneidade das informações e Fake News, o que falta para as pessoas é a calma para aprender a absorver os detalhes que nos cercam. Porque eles sim são importantes. E isso Eliane nos mostra de uma forma mágica.

Há muitos nomes de mulheres na literatura brasileira que me marcaram, mas essas foram as principais! Me contem quais foram as escritoras que fizeram vocês serem quem são!

Giovanna Pascucci

Casper Libero '22

Estudante de Relações Públicas na Faculdade Cásper Líbero que ama animais e falar sobre séries.