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Casper Libero | Wellness > Mental Health

Quando o tempo vira luxo, o agora vira prioridade

Mariana Tomiato Student Contributor, Casper Libero University
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter and does not reflect the views of Her Campus.

Você já parou para pensar como a frase “não tenho tempo” se tornou uma resposta automática para quase tudo? Seja para cuidar da saúde, visitar alguém ou simplesmente respirar entre uma tarefa e outra, o tempo virou um luxo, e talvez o mais valioso de todos. Na rotina moderna, o tempo não passa. Ele voa. E a gente corre atrás, muitas vezes sem saber exatamente do quê.

Uma pesquisa de 2013 do IBOPE Inteligência mostra que 68% dos brasileiros sentem que não têm tempo suficiente para cumprir todas as tarefas do dia. Já a Fundação Dom Cabral aponta que moradores de grandes cidades gastam, em média, 1h40 por dia no trânsito — tempo que poderia ser dedicado ao lazer, ao autocuidado ou ao convívio social.

A urbanização, a overdose de conectividade e a cultura da produtividade extrema transformaram o tempo em um recurso escasso. Vivemos sob a pressão de sermos eficientes, rápidos, presentes em todos os lugares ao mesmo tempo, o que custa caro, principalmente à saúde mental.

Durante a pandemia de Covid-19, experimentamos um modo de vida mais lento devido ao lockdown. Prometemos valorizar o que é simples, mas, com a volta das atividades presenciais, o relógio voltou a correr – e nós também, com ele.

Hoje, é comum ver estudantes acumulando estágios, empreendendo nas redes e tentando manter a saúde em dia. É como se a vida precisasse caber nos intervalos entre uma entrega e outra.

Vivemos em uma cultura em que ter tempo livre é confundido com ociosidade e o ócio é julgado como algo negativo. Mas descansar não é preguiça. É necessidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking mundial de ansiedade. Coincidência?

E ainda, no meio dessa pressa toda, deixamos de notar uma coisa: o tempo é relativo. Há dias em que tudo o que queremos é que ele passe logo. Mas há momentos em que desejamos congelar. Parar o relógio. Esticar um pôr do sol, uma conversa leve, um riso espontâneo. E é nesses instantes que percebemos que o tempo não é só medida — é qualidade.

Ao priorizar produtividade acima de tudo, abrimos mão de pausas, de conexões reais e da escuta atenta com quem amamos. O resultado? Gente esgotada, emocionalmente distante e culpada por “não dar conta”.

Valorizamos tanto o tempo porque ele é finito e, por isso mesmo, precisamos resgatar o direito de vivê-lo com mais leveza. Não significa largar tudo, mas encontrar formas de desacelerar sempre que possível. Talvez seja uma caminhada sem pressa, uma noite sem notificações ou um café demorado com alguém especial. Pequenas atitudes que nos lembram que estar presente é mais importante do que estar ocupado.

O tempo não para, mas a gente pode – por instantes. E nesses momentos, talvez a gente redescubra que a vida não está nas metas nem nas planilhas, mas nos segundos compartilhados, nos silêncios confortáveis e nas pausas que tanto evitamos. Porque, no fim, o que mais queremos… é tempo para viver.

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O artigo acima foi editado por Juliana Santos.

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Meu nome é Mariana, sou estudante de jornalismo, tenho 18 anos e sou apaixonada por livros, música e entretenimento.