Como um quebra-cabeça difícil de montar, o filme Blink Twice (“Pisque Duas Vezes”, em português) chamou a atenção dos espectadores sem expectativas para a primeira produção de Zoë Kravitz. Lançado no dia 23 de agosto, o filme conta a história de um bilionário, Slater King, interpretado por Channing Tatum, e uma garçonete, Frida, interpretada por Naomi Ackie, que, com o desejo de mudar de vida, embarca em uma viagem de férias para a ilha privativa perfeita de King.
Com uma narrativa que aborda violência e o esquecimento de forma fictícia, ela traz uma gama de interpretações que o público pode criar e se desdobrar, dando uma sensação de que será preciso assistir à trama mais de uma vez para entender de fato todos os acontecimentos e solucionar o grande enigma.
AFINAL, QUEM É ZOë?
Nascida em 1988, em Los Angeles, Zoe é atriz, cantora e modelo. Filha do músico Lenny Kravitz e da atriz Lisa Bonet, teve a sorte de também nascer artista e, com apenas 35 anos, ela já fez diversas aparições em filmes populares como The Batman, Big Little Lies, Spiderman: Into The Spider-Verse, Divergent, Mad Max e No Reservations. Zoë estudou na Universidade Estadual de Nova Iorque, em Purchase, mas não concluiu os estudos e se mudou para o Brooklyn. Momento em que começou sua carreira nas artes cênicas e deu seu pontapé inicial como atriz, no filme No Reservations, em 2007.
Mesmo com 16 anos de carreira consolidados, Kravitz não conseguia escapar das denominações do público e dos haters de que era apenas uma “Nepo Baby“. Com todos os seus privilégios de crescer em uma casa cercada de arte e cultura, aprendendo com grandes nomes, era praticamente impossível que ela não pegasse a influência dos feitos dos pais. Por sorte, ela soube usar suas influências e privilégios para criar filmes inusitados como Blink Twice. O público, sem esperar grandes resultados da sua primeira produção, ficou impressionado com a amplitude do raciocínio para construir um filme como esse.
PEQUENAS PISTAS E A CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA
Em sua produção, Zoë tece uma trama envolvente, cheia de pequenas pistas que, ao longo do filme, vão criando uma narrativa em clima de suspense que não é desvendada facilmente pelo público antes de todas as pistas serem reveladas dentro do filme. Desde o início, detalhes sutis e diálogos aparentemente inocentes começam a construir um cenário intrigante, levando os espectadores a se perguntarem sobre o que realmente está acontecendo naquela ilha isolada.
Cada personagem apresenta nuances que sugerem segredos não revelados (até mesmo por parte dos personagens que não sabem, ou não se lembram, da verdade) e a presença da garçonete — uma figura que inicialmente parece deslocada entre os poderosos — desperta curiosidade. Por que um bilionário estaria interessado em alguém “comum”? Essa questão se torna um fio condutor, alimentando a tensão e o mistério.
Kravitz utiliza e abusa de elementos visuais e sonoros para intensificar a atmosfera de suspense.
O foco nas expressões faciais sorridentes dos funcionários da ilha, as cores vibrantes e felizes e até mesmo a trilha sonora nos fazem questionar o quão perfeita essa viagem de férias realmente pode ser. Não só na produção visual, o filme é rico em sinais: as sacolas vermelhas, roupas brancas simetricamente calculadas para a medida de todas as vítimas, as cobras amarelas pelos campos, o isqueiro amarelo, comidas perfeitas, bebidas e drogas que cumprem os seus trabalhos, as unhas que sempre amanhecem sujas de terra e diálogos que não compreendemos de primeira- “red bunny”.
Tudo isso constrói uma sensação de que algo mais profundo se esconde por trás das intenções até então superficiais dos homens ricos. À medida que os espectadores se aprofundam na trama, eles se tornam cúmplices da busca por respostas, e junto com Frida (a garçonete) e a amiga que faz na ilha, Sarah (Adria Arjona), vão conectando pontos e formando teorias.
No clímax do filme, quando finalmente as peças se encaixam, muitos dos mistérios são revelados, mas não todos. O futuro da ilha e dos personagens fica em um campo abstrato, mesmo que Frida saia por cima da situação. Essa escolha deixa um gostinho de incerteza, instigando discussões e reflexões mesmo após os créditos finais.
Zoe não apenas narra uma história, ela convida o público a participar ativamente, a se envolver com os personagens e a questionar suas motivações, tornando todos os acontecimentos nunca previsíveis. As revelações culminam em um final impactante, mas que também deixa espaço para interpretações, fazendo com que os espectadores queiram revisitá-lo e explorar os detalhes mais uma vez. Essa habilidade de entrelaçar pistas e construir um cenário fascinante é o que torna memorável.
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O artigo acima foi editado por Livia Nomoto.
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