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Precisamos Falar Sobre Assédio

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

No dia 17 de abril, a Frente Feminista Casperiana Lisandra, o Coletivo Africásper, a Frente LGBT+ Casperiana, a Bateria Cásper Líbero, a Aguante Rojo, a Calí Cásper 18, a AAA Jesse Owens e o Centro Acadêmico Vladimir Herzog, com o apoio da Faculdade Cásper Líbero, realizaram um debate sobre assédio, abuso e outras formas de opressão e discriminação dentro da vida universitária.  

O debate teve a mediação da professora Dra. Evorah Lusci Costa Cardoso e trouxe como convidadas:

  •  Julia Drummond, advogada, mestranda em direitos humanos pela Universidade de São Paulo (USP) e membro da deFEMde – Rede Feminista de Juristas; 
  • Marina Ruzzi, advogada especialista em direitos das mulheres e membro da Rede Feminista de Juristas;
  • Mayara Vincenzi, psicóloga, gestora pública, pesquisadora da área da psicologia social e violência de gênero, integrante do DIVAM (Debates Integrados pela Valorização e Atendimento das Mulheres) – uma rede de psicanalistas feministas que atendem mulheres gratuitamente ou por preços sociais;
  • Crislaine de Toledo-Plaça, socióloga, mestre em Sociologia pela USP, professora da FAAP, analista pedagógica do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) e pesquisadora nas áreas de gênero, relações étnico-raciais e educação no Brasil.

A palestra começou com uma introdução ao conceito de cultura, que segundo Edward Burnett Tylor, é “cultura e civilização: tomadas em seu sentido etnológico mais vasto, são um conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade.”.

O machismo atinge todas as classes sociais, desde a garota que vive em uma comunidade até a dona de casa de Higienópolis. Estamos em uma cultura que envolve a violência a mulher, indiferente não importando se você for estudante de uma boa faculdade ou não. Durante o debate, números alarmantes foram citados, como o de que 700 mil mulheres brasileiras são vítimas de agressão. E a tendência é de não procurar a polícia, afinal muitas vezes o agressor é alguém próximo, como um namorado ou familiar. 

Enquanto a convidada passava slides, uma explicação de um termo muito usado me chamou a atenção: o que é a cultura do estupro? É quando apenas 10% dos casos de violência são levados a polícia e, pasmem, apenas 2% são resolvidos. Tudo por conta da banalização da vítima e da tentativa de diminuir a culpa do agressor – com comentários do tipo: “Sozinha naquele lugar? Pediu para ser estuprada!”,“Usando aquela roupa? Ela estava pedindo’’ e o famoso “elogiar é crime, agora?”. Sim, é. 

A violência se torna normal. A mulher cresce sendo ensinada que é inferior. Se culpa por um parente a abusar. Se culpa por seus professores a abusarem. Se culpa de usar shorts em um dia de verão na faculdade. Isso não é normal. 

Uma das palestrantes, Mayara Vicenzi, abordou o tema: violência no meio universitário, tanto física como verbalmente. E esse é um dos exemplos das consequências da cultura do estupro. Quais são os meios para acabar com isso? O primeiro é que as universidades devem se responsabilizar, como instituição, em casos de violência. Sendo ética, com colaborações dos funcionários, alunos e professores. As campanhas devem ser sempre presentes nas universidades e para que as entidades estudantis repensem em suas atitudes, excluindo músicas machistas das baterias, por exemplo. 

Créditos: Coletivo Zaha

Eventos universitários como o que aconteceu na Cásper, mostram que existe uma corrente do bem se formando, onde as mulheres estão se unindo. É sempre válido relembrar que todas estamos no mesmo barco e precisamos umas das outras para vencer essa luta. Nós não estamos sozinhas. 

Caso algum homem esteja lendo, pratique o respeito às mulheres. Quando perceber uma atitude machista, alerte. Fale com seus amigos, seu pai, seu avô, mude o machismo na sua rotina, nas pequenas coisas. Sempre pergunte à uma mulher sobre uma situação que envolve machismo e feminismo. Se alguma mulher te apontar algo, escute. 

Esse evento me fez ver em quantos alunos homens estavam presentes na palestra. No começo, o teatro estava cheio, após trinta minutos, a maioria dos alunos haviam sumido e deixavam uma plateia majoritariamente feminina; afinal ao falarmos sobre assedio, que é um tema atual, que coloca o dedo na ferida, deve ser destinado apenas as mulheres? Os homens também devem fazer parte desse debate. A mudança começa em cada um de nós.

Mariana Neto

Casper Libero

Boo, gemini who loves fashion, coffe, travels and chats.
Anna is a 21 year old from Sao Paulo, Brazil, who studies Journalism at Casper Libero University. She’s currently the Editor in Chief of Her Campus CL's Chapter and is pretty obsessed with fashion, beauty and (trashy) reality TV shows.