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Opinião | A Importância dos Grupos Antifascistas no Brasil

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

O cenário brasileiro está bastante caótico. Com a instauração de uma crise política, econômica e sanitária em meio a pandemia do novo coronavírus, as tensões tornaram-se ainda mais latentes. Como se não bastasse, a ascensão de ideais fascistas – frequentemente debatidos desde o período eleitoral de 2018 – ganhou força e forma. Indo contra as ideologias da extrema direita, os grupos antifascistas voltaram às ruas com um papel crucial.

Tal clima de insatisfação foi construído, também, a partir das constantes ameaças e posicionamentos negligentes tanto por parte do Presidente da República, Jair Bolsonaro, quanto por seus apoiadores. Desde o princípio, a situação foi tratada com descaso e simplificada a uma “gripezinha”, o que fortaleceu o discurso negacionista e intensificou as consequências da pandemia. Em Brasília, houve também a convocação de atos antidemocráticos que pediam intervenção militar e o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal). Diante das circunstâncias, a população se perguntava qual seria a gota d’água capaz de gerar uma onda de protestos por todo o país.

Resist protest sign
Photo by Sides Imagery from Pexels

Iniciadas ao final do mês de maio, as manifestações de caráter antifascista possuíram diversos motivos para seu surgimento. Em entrevista concedida ao Her Campus Cásper Líbero, a ativista Laura Sabino explica como as falas do presidente impactaram diretamente no número de infectados e mortos pela COVID-19 no Brasil. “Abertamente contra o isolamento social e impedindo o avanço da proposta do auxílio emergencial, Bolsonaro deixava claro que se preocupava mais com os prejuízos dos grandes empresários do que com a vida da população”. Além disso, Laura ressalta a importância dos protestos internacionais antirracistas e contra a violência policial, que, de uma forma ou de outra, impulsionaram os movimentos organizados por parte da sociedade civil brasileira.

say their names black lives matter sign
Photo by Frankie Cordoba from Unsplash
Nesse período, indivíduos pertencentes aos mais diversos espectros políticos passaram a compartilhar na internet o símbolo antifascista com cores e dizeres diferentes do original. É importante apontar que, ser contrário ao Bolsonaro não significa, necessariamente, ser contra o fascismo. A ativista explica: “O movimento “fora Bolsonaro” é pontual e plural. Boa parte dos grupos e partidos políticos que hoje defendem a saída dele foram – e não podemos esquecer – coniventes com suas falas”.

A respeito da modificação identitária do símbolo, o pensamento é de que “as cores vermelha e preta simbolizam, respectivamente, o comunismo e o anarquismo. A ação antifascista é, portanto, um movimento historicamente anticapitalista que buscava combater as ideias fascistas na cultura alemã e na burocracia partidária, por meio de agitação, propaganda, ações diretas e, não raro, conflitos diretos com fascistas e nazistas. Historiar o movimento e compreender sua importância é, de certo modo, evitar o esvaziamento das pautas, pois é como se, a partir disso, o antifascismo se tornasse tudo e ao mesmo tempo nada”.

Entretanto, por mais que as manifestações estejam alcançando uma assiduidade e solidez, o perigo do coronavírus ainda assombra a população. O Brasil é considerado o epicentro da doença e já alcançou mais de 50.000 mortes até a publicação desta matéria. Para Laura, “é importante compreender que, estar nas ruas é um ato de resistência à necropolítica bolsonarista, mas permanecer em casa também é. No entanto, isso não significa que as manifestações não sejam legítimas. Muito pelo contrário, uma das bandeiras dos atos foi a necessidade de investimento no SUS (Sistema Único de Saúde), bem como a necessidade do mercado de produzir luvas, álcool em gel, respiradores e a revogação da PEC do Teto de Gastos que sufoca os investimentos em pesquisa nas universidades federais. Além disso, o movimento negro foi protagonista nos atos e eles traziam consigo, além das denúncias sobre a violência policial, a de que a população negra é a mais afetada pelo vírus tanto em número de mortes quanto pelo desemprego provocado pela crise. Inclusive, nesse sentido, compreender a interseccionalidade das lutas pode nos ajudar a enxergar que as opressões são relacionais e não podem ser dissociadas.”, explica.

A vector illustration representing the Earth wearing a mask.
Photo from Pixabay
Em manifestações tão abrangentes e atuais, a desmistificação de termos e a busca incessante pelo não apagamento da história são essenciais. A responsabilidade para que símbolos e ideias não sucumbam, juntamente com a confluência entre as diferentes pautas referentes à realidade da população de acordo com os recortes sociais também faz parte do objetivo final dos manifestantes. Afinal, a banalização leva à fraqueza e não é isso que eles pretendem.

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O artigo acima foi editado por Laura Ferrazzano.

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Bárbara Vetos

Casper Libero '23

A latin american journalism student who talks about politics when she can - and when she cannot :)