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Não tenha Medo: Robbie em vez de Regan

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Você com certeza já ouviu falar ou assistiu ao filme O Exorcista de Willian Petter Blatty de 1973, também autor de livro homônimo. A história que virou um marco dos filmes de terror é baseada em fatos e aconteceu com um garoto no ano de 1949 em Maryland, Estados Unidos. E é sobre essa história de que se trata o Exorcismo do jornalista Thomas B. Allen, lançado primeiramente em 1994 pela editora Nova Fronteira e republicado neste ano pela Darkside.

No livro, Robert Mannheim (tanto o garoto quanto seus familiares são apresentados na obra com pseudônimos) de doze anos ganha de presente de sua tia Harriet um tabuleiro ouija. A tia, de crença espírita, apresenta o objeto não como um brinquedo, mas como um canal de comunicação com espíritos de pessoas que já morreram.

Meses depois, essa tia falece e é aí que coisas (mais) estranhas começam a acontecer pela casa. Objetos se movem sozinhos, e no corpo do menino frases como “Hello” e “Hell” aparecem por meio de arranhões. Assim como o próprio garoto, seus familiares desconfiam de que seja Harriet esteja tentando se comunicar do outro mundo, mas as ações sofridas por Robbie (apelido de Robert) se intensificam ao passo que a família recorre à ajuda religiosa.

De crença protestante, os pais do menino pedem ajuda a seu pastor, o qual confessa que a única religião capaz de ajudar Robbie é o catolicismo. Diferente do filme, houve diversas tentativas de se contatar um padre para resolver o caso. Hughes foi um deles, durante uma das sessões sofre um incidente que resulta na desistência do caso e em mais de cem pontos cirúrgicos em seu braço.

Após Hughes, a família tem o comprometimento de dois padres de exorcizarem o garoto, Bowndern e Halloram, este que manteve nas mais de trinta sessões de exorcismo um diário/ata, principal fonte de Thomas. Não há duvidas de que o diário seja um documento e tanto, entretanto a falta de detalhes do ambiente e das próprias frases ditas pelo garoto durante as sessões deixam a desejar na leitura em si, fica a cargo do leitor montar em sua mente o cenário, o aspecto físico dos personagens, os xingamentos/gestos feitos pelo garoto possuído, etc. E  é compreensível a falta desses pontos, até porque o padre documentou isso apenas para sua própria consulta e a da igreja, e não para que alguém escrevesse um livro no futuro.

A ausência desses aspectos é recompensada por histórias/casos extras e também por informações de por quê é feito o batismo na igreja católica, etc. Deixando muitas vezes aquele leitor que tinha expectativas altas de passar medo apenas na vontade, no final das contas acaba sendo um livro bem objetivo, desapegado de qualquer espetacularização.

Um dos casos extras presente na narrativa é o de Loudun – o qual também virou livro: Os Demônios de Loudun, Aldous Huxley – que aconteceu no século XVII, no interior da França, onde diversas freiras em um convento ficaram possuídas. O caso, um dos poucos a ser documentado até o de Robbie, também serviu de fonte de estudo aos padres a fim de compreenderem melhor o que estava por vir e as ladainhas que deveriam ser feitas.

A quantidade de aves-marias e pai-nosso rezados vai para a narrativa, ao ponto de muitas vezes deixar a leitura cansativa e desgastante. Todavia, essa exaustão traz muito o que foram aqueles dias para aquela família, as noites não eram nada silenciosas, pouco se dormia – as sessões começavam às 22h. A expectativa de medo é substituída por pena, de repente não era mais uma criança possuída que trazia terror, e sim uma criança solitária que inclusive teve de sair da escola por conta de um problema seja qual realmente fosse, que não conseguia dormir mais direito ou simplesmente brincar como uma criança comum, mas que sempre manteve a esperança de retomar à vida normal.

O final do livro traz o diário do padre Halloran, deixando a obra repetitiva, mas não desinteressante, o uso da primeira pessoa traz o ar mais de verdade que muitos céticos podem achar ausente durante a narrativa em si.

É uma leitura quase obrigatória para amantes de histórias de terror, visto que essa é a matéria-prima de quase tudo que viria depois, além de também ser uma história “clichê” que abre a possibilidade do leitor entender o lado humano de um (possível) exorcismo.  

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Denise Kanda

Casper Libero

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Alana Claro

Casper Libero '17

Alana is a Senior in Cásper Líbero University, majoring in Journalism. She is President of Casper Libero's Chapter and an intern in a Corporate Communications firm. Born and raised in Sao Paulo, where she speaks Portuguese, although English is her ever-lasting love. Alana is a proud Slytherin and INTJ.