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“Ilha dos Cachorros”: Uma Animação Fora dos Padrões

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Wes Anderson já entrou para a lista de diretores cults da atualidade e, apesar de pertencer ao grande mundo Hollywoodiano, cativou seu espaço no coração de muitos críticos da sétima arte. Seus filmes possuem cores e fotografia perfeitamente planejadas para que o espectador saia do cinema com uma impressão de que acabou de viver algo incrível. De fato, este sentimento vem à tona.

O diretor sabe como harmonizar uma ótima paleta de cores e histórias espetaculares, e com Ilha dos Cachorros não foi diferente. O seu novo longa-metragem em formato de stop-motion tem diversos detalhes para se pensar em como uma animação pode ser criada sem precisar ser direcionada para o público infantil.

Image Credit: IMDb

Logo no prólogo, Wes Anderson deixou claro que os humanos não falavam inglês ao longo da narrativa, somente japonês, e o inglês era utilizado pelos cachorros. Por mais estranho que pareça, esse formato não atrapalha nem um pouco o entendimento de todo o delicado enredo e traz uma sensação de aproximação da visão canina da história.

Alguns trechos dos diálogos em japonês são traduzidos de forma simultânea por personagens do longa e nos faz criar algumas teorias da conspiração, por conta de sua forma duvidosa de tradução. O sentimento ao longo do filme é transmitido através destes pequenos (ou grandes) detalhes. Mas nada é mais profundo do que a dublagem de cada personagem: foi algo tão bem montado e desenvolvido, que você chega a pensar que o dublador está ali, encenando junto com os bonecos utilizados para a obra.

Image Credit: IMDb

O filme se passa no Japão, em uma Megasaki futurista que é controlada por um governo autoritário e opta por banir todos os cachorros da cidade para uma ilha que é utilizada como um lixão. O motivo? A quantidade de cachorros na cidade criou uma doença, a qual o contágio é feito através dos cães. O prefeito Kobayashi (Kunichi Nomura) começa o processo para enviar os cachorros para o lixão com Spots (Liev Schreiber), o cão de guarda de seu sobrinho Atari (Koyu Rankin), que tem sido a única companhia desde que a criança de 12 anos perdeu os pais e passou a morar com o tio.

Atari decide ir atrás de seu grande parceiro e rouba um monomotor para chegar até a ilha, que neste momento, já se tornou um local repleto de cachorros famintos e infectados com a doença que fez com que fossem exilados. Na ilha, somos apresentados ao grupo de cachorros adoráveis, que irão ajudar Atari em sua busca. São eles: Chief (Bryan Cranston), Rex (Edward Norton), Boss (Bill Murray), Duke (Jeff Goldblum) e King (Bob Balaban). A busca por Spots nos traz outros personagens incríveis, mas o grande foco do filme está presente neste núcleo da narrativa.

Enquanto na ilha há uma procura desesperada pelo primeiro cachorro a chegar no local, jovens ativistas tentam mudar a situação da cidade, iniciam diversos protestos contra a corrupção do prefeito e seu governo absurdamente autoritário. Tracy (Greta Gerwig) é uma intercambista e se destaca dentre os colegas devido suas atitudes e visões da situação e traz várias “teorias da conspiração” que se confirmam ao longo da trama.

Image Credit: IMDb

Além de se apegar à alguns personagens e se emocionar com os detalhes que trazem diversos sentimentos à tona, ao longo do filme você torce para que os cachorros não sejam executados, saiam daquela ilha e tenham novas chances como “o grande amigo do ser humano”, e também, para que consigam produzir a cura para a doença que tanto atormenta os peludinhos. Mas agora, assim como a Tracy, farei a minha teoria da conspiração: o diretor trouxe um pouco dessa questão cachorros versus gatos, onde cada um tem preferência, ou não, e o prefeito talvez adote um lado, o que é bem errado.

Wes Anderson surpreende e a cada novo filme, temos uma reafirmação em relação ao seu estilo e formato, que provavelmente lhe renderá uma indicação ao Oscar 2019, provavelmente por Melhor Animação. Ilha dos Cachorros tem uma leveza ao lidar sobre as questões culturais, também sobre governos autoritários e a forma como os ativistas começam seus trabalhos. Além disso, traz muito sentimento na história de cada personagem, principalmente dos cachorros, que vivem de nostalgia e sobras de comida já estragadas.

Se este filme fosse voltado para o público infantil, talvez os pequenos não entendessem boa parte da mensagem e da delicadeza ao estruturar cada detalhe das personagens, desde os bonecos até a dublagem perfeita, mas ao mesmo tempo, entendo que o sentimento infantil focaria mais na beleza da história, do que pela beleza da obra. Um adulto consegue mesclar as duas visões e admirar este novo filme, que é mais do que indicado para aproveitar com uma pipoca e uma companhia que goste de prestar atenção nos mesmos, ou outros, detalhes.

Ailane Roma

Casper Libero '20

I don't know how to describe myself, even because I hate to adjectivate a person. Ex student of Letters and now, Journalism student. I'm fissured by the beauty of words. Lover of books, photographs, films and series. I don't need coffee to survive, but I accept a Coke!
Anna is a 21 year old from Sao Paulo, Brazil, who studies Journalism at Casper Libero University. She’s currently the Editor in Chief of Her Campus CL's Chapter and is pretty obsessed with fashion, beauty and (trashy) reality TV shows.