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Culture

Fanny: conheça a primeira banda de rock composta unicamente por mulheres

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

California,1969. No mesmo ano em que acontecia o Festival de Woodstock, em que os Beatles lançavam o seu penúltimo álbum (Abbey Road), surgia a primeira banda de rock exclusivamente feminina a assinar um contrato com uma gravadora.

Pioneiras do rock

Formada por quatro mulheres, a formação clássica contava com June Millington (guitarrista e vocal), Jean Millington (baixista e vocal), Nickey Barclay ( tecladista e vocal) e a Alice de Buhr (baterista que entrou após a saída de Brie Darling). 

As irmãs June e Jean eram imigrantes filipinas que se mudaram para a Califórnia, Estados Unidos, na adolescência. Durante o ensino médio, elas formaram uma banda feminina chamada Svelts. A banda estudantil não continuou por muito tempo, mas foi o início da trajetória musical para as duas irmãs. Em 1969, elas decidem por conta própria formar uma nova banda com mais duas outras garotas que iria se destacar em um universo musical predominantemente masculino.

O estilo musical e SEU legado 

A combinação de arranjos entre a guitarra, baixo, teclado, bateria e a originalidade nas letras das jovens talentosas e ambiciosas, conquistaram os fãs de rock.

Seu estilo musical era uma mistura do hard rock, o tipo de rock mais clássico. Fãs do gênero musical como Johnny Paul, do Vinho & Vitrola comentou que é possível encontrar traços de outros gêneros como funk (estilo musical dos anos 60 popular nos EUA), country, soul music, R & B e boogie na música da banda. O grupo se inspirou muito no estilo de outras bandas de sucesso da época com os Beatles e Funk Brothers.

Fanny foi a primeira banda composta apenas por mulheres a assinar com a gravadora Warner/Reprise lançando o primeiro álbum em 1970. A banda também lançou hits que ficaram no top 40 da Billboard: Charity Ball (1971) e Butter Boy (1974), fazendo turnês por várias cidades dos EUA durante os anos 70.

O diferencial da banda era que, além de tocar seus instrumentos, elas também revezavam na voz e tinham composições cheias de personalidade e à frente do seu tempo.

Mesmo não sendo reconhecidas como um grande sucesso comercial na época, a banda quebrou barreiras quando o assunto é lutar contra o sexismo. A banda se destacou desmitificar pensamentos da época que as mesma escutavam,  como ”nada mal para uma banda de mulheres”.

Fanny manteve a sua essência, apesar das inúmeras tentativas de transformarem o quarteto em um produto sensual e puramente estético, deixando a música de lado.

A banda influenciou diretamente outras bandas femininas como Runaways e The Bangles e independentemente do gênero ”a banda era boa e teve a coragem de chegar com os dois pés na  porta e ditar o seu próprio ritmo”, completa Johnny.

por onde andam? (Dias atuais)

A banda teve uma carreira curta, até 1975. Após 50 anos do fim da banda, a cinegrafista Bobbie Joe Hart junto às integrantes da banda decidiram reviver o legado e importância da banda feminina para indústria musical, para que elas continuem sendo um grande referência para fãs e artistas de rock.

Uma dessas pessoas era o cantor britânico David Bowie, fã declarado da banda. Em uma entrevista para Rolling Stone, em 1999, disse que acreditava que a Fanny era uma das melhores bandas de rock do seu tempo, ele acrescentou: ”Revivam Fanny e o meu trabalho terá sido feito”

Essa frase foi fundamental para que a cinegrafista e diretora Bobbie Joe Hart tivesse a ideia de produzir um documentário sobre a banda. ”Fanny: The Right to Rock” lançado em 2021, foi uma ótima maneira de reviver o talento da banda e honrar essas mulheres que estavam à frente do seu tempo.

Outro fato que causou curiosidade na cinegrafista foi a falta de publicação sobre a identidade da banda, fatos rasos sobre quem eram as suas integrantes e falta perguntas que normalmente seriam feitas para artistas da época, isso pode ter dificultado maior conexão com o público na época. ”Não se falava sobre o fato que havia uma  mulher queer ou mulheres filipinas na banda ou onde cresceram, não se sabia que era músicas autodidatas, raramente falava sobre as letras que elas escreviam, o que era mais focado na época era o fato delas serem uma novidade”.

Esse sentimento causado na diretora não é uma suposição, visto que mulheres, principalmente as que estão na indústria do rock, não tinham ouvido falar da banda, como é o caso da cantora e produtora de conteúdo, Mox.

Por conta do interesse em saber mais das mulheres dentro do rock para produção de seu conteúdo, o nome da banda Fanny surge nas suas pesquisas e assim ela vai descobrindo o pioneirismo que até então era atrelado pela The Runaways.

A cantora ainda lembra que Fanny não é uma banda muito conhecida no cenário do rock mas que deixaram um legado de coragem em se impor e em posicionar no cenário do ”rock and roll dos anos 70”, que ainda pode inspirar nos dias de hoje.

A coragem de se lançar em um ambiente hostil fez com que elas tivessem destaque e marcassem a história, abrindo espaço para que mais mulheres percebam que elas podem ter espaço no rock e na música.

Com cerca de 33,860 mil ouvintes mensais no Spotify, outra maneira de conhecer esse grande talento do rock é escutando algumas músicas dos cinco álbuns lançados pela banda. Curiosamente, a cada álbum havia obrigatoriamente um cover, o restante são músicas autorais, feitas e tocadas por quatro mulheres. Algo inovador tanto para época quanto para dias atuais.

Além do universo do audiovisual, é possível visitar a Fanny ‘s Music House em Nashville. O nome é em homenagem à banda, dado por uma das suas criadoras, June Millington. A loja de instrumentos acústicos e elétricos também oferece aulas e serviço de reparo dos instrumentos.

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O texto acima foi editado por Ana Luiza Sanfilippo.

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Brunna Bitencourt

Casper Libero '25

Journalism student who loves to talk about art,music,fashion,travel,books. Looking for to write new stories.