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Culture

“Eles falam de paz com ódio no coração”, Conheça Dina Di, A Rainha Do Rap nacional

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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

“Eu nunca paguei pau para homem”, dizia Dina Di em uma sociedade onde movimentos feministas não eram pautados, bem vistos ou ao menos acolhidos. Viviane Lopes Matias é o nome da mulher que renasceu com o rap e deu à luz Dina Di. Luz que não se apagou, ainda ilumina os caminhos das novas gerações de mulheres no rap nacional.

Dina Di começou sua trajetória na música ainda adolescente, na mesma época que fugiu de casa. Aos treze anos já fazia composições, almejava uma carreira musical e passava seus dias na Febem, atualmente conhecida como Fundação Casa. E ingressou oficialmente no mercado em 1994, aos dezoito anos, quando formou o grupo de rap “Visão De Rua”, composto por Tum (Paula Fernanda) e DJ Guto. 

Apenas quatro anos após a formação, o grupo “Visão De Rua” foi premiado como melhor grupo feminino pelo Prêmio Hutúz, acontecimento que se repetiu em 2001. E, em 2009, um ano antes da morte da rapper, Dina Di venceu a premiação na categoria “Melhores Grupos ou Artistas Solo Feminino da década”.

O Prêmio Hutúz era organizado pela Central Única das Favelas, durante o Festival Hutúz. Ocorreu durante dez edições, sendo a última em 2009. A premiação era o principal meio de prestígio para o rap nacional, que ainda sofria preconceito pelas grandes premiações musicais do período.

“Pra quem duvidou, me criticou e, seja quem for, desacreditou da mina que eu sou, se enganou. Bem, aqui estou, nos palcos outra vez. Com ódio e com amor, a número 1 com vocês”, diz parte da composição “Amor e Ódio”.  

Viviane Lopes Matias já era mãe de Lucas Eduardo quando descobriu a gravidez da primeira filha, Aline. E foi durante o nascimento da criança que Dina Di contraiu uma infecção hospitalar. Guerreira como de costume, Dina Di lutou por dezoito dias contra a enfermidade antes de falecer. 

As músicas de Dina Di eram escritas para denunciar a realidade vivida por milhares de brasileiras marginalizadas, atingidas diariamente pelas armas de exclusão da sociedade: racismo, machismo, aporofobia e sistema carcerário. “Confidências de uma presidiária”, “Mente engatilhada” e “Irmã de Cela” são exemplos dessas denúncias musicais feitas pela rainha do rap nacional.

Não há dúvidas que a potência de sua carreira é reconhecida até hoje. No dia 19 de fevereiro de 2022, dia em que comemoraria seu 46º aniversário, Dina Di foi homenageada pelo Google Doodle – versão personalizada do logotipo do Google. 

A sociedade não mudou muito desde que Dina se foi, as letras continuam atuais, por isso a luta persiste, na mente e coração das mulheres que entenderam seu lugar de luta ouvindo as melodias e linhas compostas por Viviane Lopes Matias, vulgo Dina Di. 

“Eu sou mais uma mulher sobrevivente.

O meu valor não está na cor, está na mente.

Rivalidade impede o desenvolvimento

do próprio raciocínio e atrapalha seu pensamento.

Eu vim para resolver, apontar uma solução.

A mente engatilhada e o microfone na mão.

Munição vai ter de sobra se as minas resolver juntar.”

  • Mente Engatilhada, Visão de Rua

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Caroline De Tilia

Casper Libero '24

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