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Culture

Doutor, Me Explica! | Outubro Rosa: Tudo O Que Mulheres Jovens Precisam Saber Sobre O Câncer De Mama

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

O Outubro Rosa surgiu na década de 1990 com o intuito de promover a conscientização sobre o câncer de mama. Nas mulheres, a incidência desse tipo de tumor fica atrás apenas do câncer de pele. Em termos de letalidade, no público feminino, o câncer de mama é o campeão.

Mas o câncer de mama pode acometer mulheres jovens, na faixa dos 20 anos? Quais cuidados as mulheres precisam ter nessa idade? O que essa faixa etária precisa saber a respeito dessa doença? A Her Campus Cásper Líbero entrevistou a ginecologista Andréa Angeli, que esclareceu todas essas questões. Confira!

MULHERES JOVENS E CÂNCER DE MAMA

A boa notícia é que, na faixa dos 20 anos, o câncer de mama é muito raro, e costuma acometer pacientes com histórico familiar da doença em mulheres jovens – isto é, pessoas em cuja família houve incidência de câncer de mama em mulheres abaixo dos 40 anos. Ou seja, as fãs de The Bold Type podem ficar tranquilas – o caso da Jane é uma exceção, não a regra.

Na maior parte dos casos, no entanto, o mais comum é o surgimento de nódulos benignos. “Às vezes, a paciente se assusta porque vai fazer um ultrassom e vem uma classificação 4. Essa classificação não significa câncer, mas sim nódulos maiores que 1 cm, que estão crescendo. Frente a um diagnóstico 4, não precisa se assustar”, afirma Angeli.

A médica explica que, nas raras ocasiões de câncer de mama em mulheres jovens, o que causa o câncer costuma ser uma mutação gênica. “A mutação geralmente acontece no cromossomo 17. De acordo com o tipo de mutação, a gravidade do câncer varia, bem como os outros órgãos que ele pode atingir”.

AUTOCONHECIMENTO

Quando se fala em Outubro Rosa, logo nos lembramos do autoexame. Angeli reforça a importância dessa prática como uma forma de autoconhecimento. Segundo ela, quando a mulher conhece o próprio corpo, consegue identificar quando há algo fora do normal.

“Não tem uma idade para começar a fazer o autoexame. Costumamos fazer quando estamos menstruadas, porque a mama está mais murcha. Não há uma técnica, basta passar as mãos nas mamas. Se você faz sempre, vai notar se tiver algo errado”, diz Angeli.

E quem tem medo de tocar o próprio corpo, porque “quem procura acha”? “As pessoas devem tentar achar. Quanto antes você acha, mais cedo você vai conseguir um tratamento. Com a tecnologia que temos pode-se encontrar uma cura”, afirma a ginecologista.

Ela ainda reitera que, em mulheres na faixa dos 20 anos, a probabilidade de uma protuberância significar câncer de mama é muito baixa. Mesmo assim, se, através do autoexame, a paciente notar algo anormal, a recomendação é que procure seu ginecologista para uma investigação mais a fundo. Angeli diz que, a essa altura, não é necessário recorrer a um mastologista.

A ginecologista explica que, a partir da percepção de um nódulo, costuma-se iniciar o acompanhamento com ultrassom de mama.

E O TESTE GENÉTICO?

As fãs de The Bold Type certamente estão se perguntando sobre o exame para identificar a propensão ao câncer de mama. Mas vamos com calma! O primeiro passo, segundo Angeli, é conhecer seu histórico familiar. Pacientes sem histórico de câncer de mama em mulheres abaixo de 40 anos não precisam se preocupar.

Já para os casos em que o histórico familiar não é favorável, existe um teste genético, solicitado pelo geneticista. Esse profissional avalia o histórico familiar da paciente, não só em relação ao câncer de mama, mas de outros cânceres também. A partir disso, faz o pedido do teste para os genes ligados a esses cânceres.

A grande questão, segundo Angeli, é o que fazer com o resultado desse teste. A médica lembra que, em tese, qualquer pessoa capaz de arcar com as despesas do teste genético pode realizar o exame. No entanto, é primordial que a paciente se pergunte: o que vou fazer a partir das informações que obtiver?

“Muita gente, por medo, mesmo sem histórico familiar, quer fazer. Mas por que você vai fazer esse teste e o que você vai fazer com esse resultado?”, reflete Angeli. “Se você descobre que tem a mutação BRCA 1 ou 2, você sabe que, até os 80 anos, vai ter câncer de mama ou de ovário. Então, precisa tomar uma atitude, tirar a mama, tirar o ovário – tudo isso, claro, na idade certa. Mas se não fizer nada com o resultado, só vai impor sofrimento para a sua vida e ficar esperando todo ano que algo aconteça”.

DEVO ME PREOCUPAR COM ANTICONCEPCIONAIS?

A resposta de Angeli é simples: não. “Não existe nenhum estudo que prove que o anticoncepcional provoque câncer de mama”, afirma.

A médica esclarece que os hormônios podem ser usados, desde que com o acompanhamento de um ginecologista.

PREVENÇÃO

Segundo Angeli, alguns cuidados devem ser tomados por qualquer pessoa para propiciar uma vida saudável: alimentação saudável, atividades físicas, controle do estresse. Não é inédito, mas é eficaz.

A ginecologista conta que uma pesquisadora na França identificou uma forte relação entre obesidade e câncer de mama. “Pessoas com sobrepeso e obesidade são mais propensas a desenvolver câncer, não só de mama. E as mulheres que já tiveram câncer de mama e são obesas, independente se já eram ou se tornaram depois, têm uma tendência maior de reincidência”. Daí a importância de hábitos saudáveis.

No entanto, nem se preocupe em estabelecer metas absolutas: segundo Angeli, isso é impossível. “Faz parte chutar o pau da barraca de vez em quando, ter períodos sem atividade física, mas é importante sempre voltar atrás e saber que precisamos retornar às práticas saudáveis. Dentro de 12 meses, o ideal é ter oito saudáveis”, explica.

A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA GINECOLÓGICA

Por fim, Angeli ressalta a importância da consulta ginecológica regular, isto é, anualmente. A médica explica que, ao contrário do que muitos pensam, a consulta não se resume à coleta do Papanicolau (exame que pode ser realizado a cada dois anos). Segundo ela, além da avaliação das mamas e dos exames solicitados pelo ginecologista, há ainda a conversa.

“O ginecologista é o clínico geral da mulher, costumo dizer. Ele faz uma triagem e encaminha para outras especialidades. E, quando ficamos próximas do nosso paciente, começamos a conhecer um pouco da vida, das atitudes, das reações, e conseguimos ajudar em cada momento da vida”, explica.

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I’m a writer and Journalism student at Cásper Líbero. Besides writing and reading, I’m fascinated by culture, arts and wellness.