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Culture

Descolonizando a estante: conheça 5 livros escritos por autores indígenas brasileiros

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

A cultura dos povos originários deve ser celebrada e valorizada por sua resistência e diversidade. Os livros são uma das manifestações culturais mais significativas para a sociedade e uma forma acessível de se aproximar das narrativas indígenas no Brasil. Por isso, separamos 5 livros essenciais para quem quer entrar nessa jornada!

Ideias para adiar o fim do mundo

“Definitivamente não somos iguais, e é maravilhoso saber que cada um de nós que está aqui é diferente do outro, como constelações.”

Em seu livro mais vendido, Ailton Krenak, convida os leitores a pensar o mundo por uma perspectiva diferente. O filósofo e ambientalista questiona a ideia de humanidade como algo separado da natureza, baseado em conferências e entrevistas que realizou em Portugal entre 2017 e 2019. Hoje, o livro já vendeu mais de 50 mil cópias no Brasil e está traduzido para cinco idiomas. 

A obra é uma análise sobre o modo de viver atual, nessa reflexão, o autor fala da importância dos vínculos profundos que os indígenas têm com a ancestralidade, a natureza e a identidade. Além de questões ambientais e políticas, Ailton também aborda a falta de sentido e prazer crescentes na humanidade e explica como a resistência de seu povo se deu apoiado na arte e criatividade.   

A queda do céu 

“Os brancos se dizem inteligentes, não o somos menos. Nossos pensamentos se expandem em todas as direções e nossas palavras são antigas e muitas.”

Organizado pelo antropólogo francês Bruce Albert, “A queda do céu” foi publicado originalmente em francês. Na obra, o xamã yanomami Davi Kopenawa faz um testemunho fundamental para interpretar a história do Brasil. 

O livro é fruto de 40 anos de contato e amizade entre os coautores, que convidam os leitores a refletir sobre o contato dos povos originários como homem branco. A narrativa envolve os saberes cosmológicos, o avanço dos colonizadores e suas consequências e finaliza com a denúncia do líder sobre a destruição dos povos originários.

A VIDA NÃO É ÚTIL 

“A ecologia nasceu da preocupação com o fato de que o que buscamos na natureza é finito, mas o nosso desejo é infinito, e se o nosso desejo não tem limite, então vamos comer esse planeta todo.”

“A vida não é útil” também é de autoria de um dos líderes indígenas brasileiros mais influentes, Ailton Krenak. A obra discute uma alternativa ao cenário atual baseada na vivência dos que já habitavam o Brasil antes de 1500. Incentivado pela pandemia do coronavírus e a crise climática, o escritor discorre sobre as tendências auto destrutivas da sociedade como o consumismo, a devastação ambiental e a percepção excludente da humanidade.

Nós: Uma antologia de literatura indígena

“Naquele tempo os homens não usavam animais como meio de transporte. Andavam a pé. E assim observavam melhor tudo o que os rodeava. Também não se apressaram de um lado para o outro como formigas caçando.”

Escritores de diferentes comunidades indígenas contam neste livro, dez histórias  de suas tradições e mitos, sobre temas que vão de romances ao surgimento do universo. A antologia foi organizada por Maurício Negro e abrange autores das etnias Mebengôkré, Kayapó, Saterê-Mawé, Maraguá, Pirá-Tapuya, Waíkhana, Balatiponé Umutina, Taurepang, Umuko Masá Desana, Guarani Mbyá, Krenak e Kurâ-Bakairi

“Nós” demonstra a enorme diversidade cultural dos povos indígenas e conta com ilustrações que enriquecem a leitura. Questões sobre os espaços aos quais pessoas indígenas têm acesso na sociedade, as relações com o passado e com a natureza também são pinceladas nos contos. É uma forma acessível – para todas as idades – de ampliar as perspectivas e quebrar estereótipos. 

Coração na aldeia, pés no mundo 

“Esta é a minha história, tenho muito pra contar. Feliz eu serei um dia, se o preconceito acabar. Letras são meu baluarte, revelo com minha arte um Brasil a conquistar.”

Auritha Tabajara nasceu no interior do Ceará e teve contato com cordel desde a infância. Em 2018, lançou “Coração na aldeia, pés no mundo”, o primeiro livro em formato de cordel publicado por uma mulher indígena. A obra trata de forma poética a experiência de crescer na aldeia e as violências sofridas pela mulher indígena quando vai para a cidade grande.

A leitura incentiva a desconstruir concepções falsas atribuídas aos indígenas como a de que viver na cidade e usufruir da tecnologia anula suas origens. O preconceito contra minorias LGBTQIA + também é assunto da obra, na qual Aurtiha compartilha a alegria de relembrar memórias. 

Bônus – O desejo dos outros: Uma etnografia dos sonhos yanomami

“Nesse sentido, o sonho se constitui como resistência. Os vivos resistem aos apelos incessantes desses outros, e é porque resistem que eles podem continuar existindo como Yanomami.”

Hanna Limulja é antropóloga integrante da Rede Pró- Yanomami e Ye’kwana e explica sobre a importância do sonhar para a resistência indígena no livro “O desejo dos outros”. A obra ressalta a importância de  valorizar os yanomamis como um povo de tradições e culturas densas através de uma etnografia respeitosa. É ideal para se aproximar da cultura yanomami e conhecê-los além das tragédias recentes.

O artigo acima foi editado por Mariana Cury

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Daniela Clivatti

Casper Libero '25

Journalism student delighted by communication and telling new stories.