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Conheça o trabalho de #5 mulheres pioneiras no Jornalismo brasileiro

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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Como mulher e jornalista, sei que muitas trilharam o caminho para que hoje eu possa exercer minha profissão com a maior autonomia e liberdade possível. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, aqui estão cinco mulheres que foram (e são) pioneiras no jornalismo brasileiro. 

#1 Nísia Floresta Brasileira Augusta

Nascida em 12 de outubro de 1810, Dionísia Gonçalves Pinto, também conhecida como Nísia Floresta Brasileira Augusta, é considerada por muitos a primeira jornalista feminista brasileira. Em um Brasil onde a educação das mulheres era pautada, sobretudo, na preparação para a vida doméstica, Nísia foi pioneira na luta pela emancipação das mulheres, além de defender a abolição da escravatura, o republicanismo e a liberdade religiosa.

Em 1931, se tornou a primeira mulher a publicar textos em jornais no Brasil, quando se tornou redatora n’O Espelho das Brasileiras, onde defendia a instrução moral e científica das mulheres. Isso influenciou outros periódicos a darem espaço à presença feminina em suas redações e, mais tarde, jornais geridos por mulheres foram sendo formados no país. 

Ao longo de sua vida, Floresta escreveu 15 livros defendendo os ideais feministas e abolicionistas. Mas, apesar de hoje essas obras serem valorizadas mundo afora, seu pioneirismo não foi visto com bons olhos pela sociedade patriarcal do século XIX e Nísia foi tratada com difamação e preconceito por muitos jornais da época. E, talvez, isso explique a razão pela qual a jornalista não é conhecida por muitos brasileiros. 

“Por que [os homens] se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedemos na administração dos cargos público, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham” – Nísia Floresta em ‘Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens’ (1832).

#2 Eneida de Moraes

Foi em Belém de 1904 que um dos nomes mais importantes da literatura paraense nasceu. Autora de 11 livros, Eneida atuou como jornalista e cronista política em periódicos nacionais e internacionais. Seu amor pela escrita surgiu cedo: aos 7 anos ganhou um concurso de conto infantil na revista Tico-Tico, com texto sobre o caboclo amazônico – um tema recorrente nas obras da escritora durante toda a sua carreira.  

Considerada subversiva por se envolver em greves e em manifestações contra o governo de Getúlio Vargas, Eneida foi presa diversas vezes durante o Estado Novo. Em uma das mais conhecidas, dividiu cela com Maria Werneck de Castro e Olga Benário (da qual foi intérprete). Esse período foi registrado em suas crônicas e no célebre livro Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos.

E a política não foi o único assunto que permeou a vida da paraense, que é, também, autora de História do Carnaval Carioca, o primeiro grande livro sobre a maior festa popular do Brasil. Idealizadora do Baile do Pierrot, no Rio de Janeiro e em Belém, Eneida foi homenageada por escolas de samba das duas cidades após sua morte.

#3 Hebe Camargo

Talvez pelo bom gosto do destino, a dama da TV, Hebe Maria Monteiro Camargo, nasceu em um 8 de Março, no ano de 1929. Ela, que começou a carreira como cantora, assinou contrato com a Rádio Difusora aos 15 anos. E em 1950, esteve no grupo que foi, junto de Assis Chateaubriand, ao Porto de Santos buscar os equipamentos vindos de Nova York para criar a primeira emissora televisiva do país, a TV Tupi

Cinco anos mais tarde, Hebe foi pioneira ao apresentar o primeiro programa feminino da televisão, O Mundo é das Mulheres, na TV Paulista. Famosa por suas icônicas entrevistas, a paulista teve seu próprio programa por quase seis décadas, de 1955 a 2012 – ano de sua morte. Tinha como marca registrada dar selinhos nos convidados e o uso da expressão “gracinha”.

Durante seu tempo na TV, passou pela Record, Band, Rede TV! e SBT, onde ficou por 24 anos e se consolidou no imaginário brasileiro. Uma mulher a frente do seu tempo, Hebe não se privava de comentar assuntos considerados tabus, defendia os direitos da comunidade LGBTQIA+, a legalização do aborto e erguia sua voz a favor de causas progressistas, mesmo se definindo de direita.

#4 Lillian Witte Fibe 

Paulistana, nascida em 21 de outubro de 1953, Lillian ficou conhecida como “primeira dama da notícia”. Formada pela Universidade de São Paulo (USP) em 1976, iniciou sua carreira como jornalista na Folha de S. Paulo. Na televisão, começou no Jornal Mercantil, por meio da TV Bandeirantes e, após um ano, se tornou repórter de Economia do Jornal Globo, passando também pelo Jornal Nacional e Jornal Hoje.

Após uma breve passagem pelo SBT, onde assumiu como âncora e editora-chefe do Jornal do SBT, retornou à Globo. E foi na emissora carioca que Lillian fez história ao assumir, junto de William Bonner, a apresentação do maior telejornal do país – o Jornal Nacional -, se tornando a primeira mulher a comandar o programa. 

Ao longo de seus mais de 40 anos de carreira, a jornalista não se ateve apenas à TV, tendo passagens marcantes pelo rádio, como comentarista de Economia na Excelsior e na Bandeirantes AM. Na internet, foi pioneira ao desenvolver o noticiário multimídia e interativo do Portal Terra, o Jornal da Lillian. Foi, também, âncora do site UOL News e a terceira mulher a comandar o Roda Viva, da TV Cultura.

#5 Glória Maria 

Sinônimo de pioneirismo e representatividade negra no jornalismo, a carioca Glória Maria Matta da Silva, é um ícone incontestável da comunicação nacional. Formada pela PUC-Rio, começou a carreira na Rede Globo, em 1970, se tornando a primeira repórter negra da TV brasileira. Na emissora, foi âncora dos jornais RJTV e Jornal Hoje, além de ter comandado o Fantástico e o Globo Repórter. 

Dona de um passaporte invejável, Glória Maria conheceu mais de 160 países a trabalho e ficou conhecida por suas reportagens especiais. Em particular, estão as viagens para lugares excêntricos, onde a jornalista fazia uma imersão na cultura local, a exemplo do famoso ritual da ganja na Jamaica, e entrevistas com figuras célebres, como Freddie Mercury, Michael Jackson e Madonna.   

Mas, acima de tudo, ela foi espelho para uma geração inteira de meninas negras que viam nela um exemplo a se tornar. Em entrevista ao Globo Repórter em junho de 2020, afirmou “Racismo é algo que vivi desde sempre e a gente vai aprendendo a se defender”. Glória Maria pode ter nos deixado em 2023, mas seu legado permanece vivo e ela segue sendo exemplo de mulher, profissional e cidadã. 

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O artigo acima foi editado por Mariana Cury

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Yasmin Logrado

Casper Libero '25

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