Her Campus Logo Her Campus Logo
Man and woman with fashion clothes from the Brazilian brand Negro Piche
Man and woman with fashion clothes from the Brazilian brand Negro Piche
Photo by Matheus Dias Aguiar / Negro Piche
Style

Conheça A “Negro Piche”, Marca Brasileira Que Está Revolucionando A Moda

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Criada em 2017, “Negro Piche” é um dos nomes da moda brasileira que vem dialogando diretamente com questões sociais, como o movimento “Vidas Negras Importam” e a transição entre gêneros. Pensando no diferencial que a marca traz para o mercado fashion, a Her Campus conversou com Iury Aldenhoff para entender um pouco mais sobre a história da loja e sua atuação nas causas que apoia. 

Formado em gastronomia, Iury é um jovem cearense de 24 anos que, ao lado de sua mãe, Ionete Rodrigues (49), comanda a marca no coração de Fortaleza. A loja já foi destaque em diversos veículos de comunicação, como o site da GQ Brasil e Uol.

O começo

Segundo o Aldenhoff, ele e o namorado confeccionavam blusas infantis, bem coloridas, para vender no hall de um teatro. “As crianças não gostaram mas os pais ficaram apaixonados. No final de semana seguinte, a gente fez as [camisas] adultas e deu certo”, contou o profissional sobre o início da criação da marca. Já que o casal tinha muito contato com pessoas que trabalhavam no meio cultural, rapidamente foram convidados para expor as peças, mesmo que as roupas ainda não tivessem uma assinatura. 

Iury, contando sobre o nascimento da marca com muito louvor, descreveu o momento em que o nome “Negro Piche” finalmente foi traçado. Ele e o namorado sentaram-se ao chão da sala e, na sinfonia de uma música e ao gosto de alguma bebida, passaram a conversar sobre infância. “Eu comecei a falar sobre como era ser uma criança negra na escola, os apelidos que recebia, e quis trazer isso pra dentro da marca de alguma forma”

Após a saída do namorado no negócio, Aldenhoff convidou sua mãe para se tornarem sócios e continuarem produzindo roupas. “A partir da chegada dela, a gente começou a trazer outras peças, vestidos, saias e kimonos. Isso deu um boom maior para a Negro Piche, a marca foi alcançando outros locais, dialogando com outros publicos”.

Olhar de estilista

As roupas assinadas por Aldenhoff e Rodrigues são leves e soltas o suficiente para serem confortáveis no clima nordestino. Esse resultado é atingido devido ao uso de viscose, apesar de alguns produtos da loja já contarem com linho. Além disso, recentemente, a Negro Piche agregou estampas exclusivas que, segundo Iury, transmitem sua personalidade e seus gostos. 

“Eu nunca sei onde começa a Negro Piche e onde começa o Iury, eu sempre acho que tudo é a mesma coisa, eu sou a Negro Piche e a Negro Piche sou eu, nós somos um só”, reforça.

Ao ser perguntado sobre o mercado da moda e as dificuldades de ter uma marca, o gastrônomo confirmou que a vida nesse meio é carregada de complicações. De acordo com ele, a loja nunca passou por algum momento complexo ou avassalador, mas ele não deixou de afirmar que o cuidado com o que se posta em nome do empreendimento necessita ser redobrado. “A construção de uma marca demora muito, mas para essa marca acabar é muito rápido”.

Entretanto, Iury diz que a Negro Piche não se safou de passar por alguns problemas. Ele comentou que, por mais que mantenham os preços da loja acessíveis, não conseguiram se abster de comentários indesejáveis. “As pessoas acham que porque somos pessoas pretas temos que vender nossos produtos a ‘preço de banana’”.

Um dos lemas da marca é a valorização das pessoas que confeccionam as roupas, já que cada peça passa por mãos confiáveis e profissionais. Desse modo, pedidos por um valor abaixo do que já é apresentado ultraja o trabalho daqueles que produzem.

Representatividade

Durante a conversa com a Her Campus, Aldenhoff explicou que, atualmente, marcas de roupas, além de venderem o vestuário, também vendem um estilo de vida e pensamento. No caso da Negro Piche, o diálogo sobre “Black Lives Matter” (“Vidas Negras Importam”) é crucial. “A gente fala sobre o assunto e, além disso, a gente empodera”, diz Iury.

O empreendedor relata a importância da marca fazer diferença na vida dos consumidores. Segundo ele, muitas vezes a Negro Piche descontrói preconceitos nos clientes e os alerta sobre atitudes, lojas ou costumes de cunho racista. 

“Acredito que as marcas estarem falando sobre o empoderamento negro [..] e sobre a importância de valorizar empreendimentos negros é extremamente importante para que a gente desconstrua e, além disso, para que a gente consiga de alguma forma valorizar esse mercado”. 

O jovem comenta que, na capital cearense, não é comum encontrar lojas que trazem referências de pessoas negras. “A Negro Piche tem esse diferencial, ela foi uma das primeiras marcas aqui em Fortaleza a falar sobre o assunto e ter essa representatividade desde o nome da marca”.

Além desse contato direto com o BLM, a loja cearense também aborda a moda sem gênero. “A marca não acredita no padrão estético, a marca não acredita que vestido é uma roupa só de mulher, por exemplo”.

É perceptível que a loja carrega consigo originalidade e resistência. A personalidade de Iury e a da mãe são refletidas nas peças de roupa leves e de modelagens amplas. 

“Acredito que depois que a Negro Piche surgiu, o Iury como pessoa física desenvolveu muito mais enquanto intelecto, enquanto pessoa, enquanto pensamento social. A Negro Piche trouxe um outro posicionamento para mim, para minha família e para as pessoas ao meu redor”.

—————————————————————–

The article above was edited by Gabriela Sartorato.  

Liked this type of content? Check Her Campus Casper Libero home page for more!

Laura Vicaria

Casper Libero '23

Laura is jornalism student at Faculdade Casper Libero and a feminist in Brazil. She is passionate about fashion, pop culture and female power. Taking women to the top of journalistic positions is one of her biggest goals as a professional and supporter of gender equality.