Nascida no subúrbio de Salvador (BA), Miraildes Maciel Mota foi apelidada aos 12 anos por um torcedor, ficando popularmente conhecida como Formiga. De primeira não aprovou o apelido por achar piada, mas depois reconheceu que era parte de seu jogo: correr o campo inteiro e ajudar suas companheiras de time. Ao lado de Garrincha, ela dá nome ao torneio de futebol feminino da Faculdade Cásper Líbero, a Taça Formiga.
Ainda muito jovem, Formiga já se destacava nas peladas entre família e amigos. Ao ver uma mulher jogando bola, o machismo era tão enraizado que a jogadora chegou até mesmo a apanhar algumas vezes de seus irmãos. Vinda de uma família pobre, as dificuldades em se tornar uma jogadora em um universo predominantemente masculino eram ainda maiores,. Mas a dedicação de Formiga era gigante. Aos 15 anos foi revelação do campeonato brasileiro, o que influenciou sua convocação logo em seguida para representar a Seleção Brasileira.
Em sua trajetória, a atleta já atuou em clubes de grande importância no cenário brasileiro, como São Paulo, Santos e Portuguesa, e nos clubes internacionais de New Jersey, Jersey Sky Blue, FC Gold Pride e Chicago Red Stars. Atualmente joga no grande clube europeu Paris Saint-Germain.
Formiga se consagrou como uma jogadora de extrema importância para a história da Seleção Brasileira. Em sua carreira participou de seis olimpíadas e é a única jogadora de futebol a ter esse feito, sendo dona de duas medalhas de prata em jogos olímpicos. Nas copas do mundo a história se repete: são seis copas na lista de Formiga, atuando ao lado de jogadoras como Marta e Cristiane. Nos jogos Pan-Americanos, carrega três medalhas de ouro e um título Sul-Americano.
Atuando pela Seleção Brasileira há mais de 20 anos, Formiga resolveu pendurar suas chuteiras em 2016 e apenas continuar defendendo o time em que jogava. Mas em 2018, com uma proposta do técnico Vadão, optou por voltar a defender a amarelinha.
Homenageada em 2015 por sua trajetória, a atleta foi a primeira jogadora, juntamente com Marta, a integrar a Sala Anjos Barrocos no Museu do Futebol, que até então era somente composta por homens. Formiga está ao lado de jogadores como Pelé, Garrincha e Ronaldo.
A carreira de Formiga é marcada pela superação: a volante driblou todos os obstáculos colocados em seu caminho. O racismo, machismo e a sua condição econômica fizeram de Formiga uma mulher que cresceu cada vez mais decidida a ultrapassar todas as barreiras que lhe fossem impostas. O amor ao futebol e a dedicação intensa eram vistos desde a época em que jogava descalça com os pés no asfalto. A humildade, a impetuosidade e toda sua devoção ao esporte a fizeram ser uma das maiores jogadoras brasileiras da história do nosso futebol feminino.