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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Para os swifties, o dia 22 de março foi cheio de alegria. Caso você seja um, deve saber que foi nessa data que a mais querida loirinha da indústria musical, Taylor Swift, usou suas redes sociais para divulgar seu novo single, ‘Carolina’, para a adaptação cinematográfica do livro ‘Um Lugar Bem Longe Daqui’ (Delia Owens, 2018).

Não é de hoje que Taylor se inspira em obras da literatura para compor. Na verdade, seus álbuns ‘folklore’ e ‘evermore’ nasceram de uma junção de várias leituras e algumas faixas foram até escritas baseadas diretamente em livros específicos.

Enquanto esperamos pela próxima novidade que a cantora nos guarda, seja ela qual for, que tal reservar um tempo para dedicar a leitura de alguns títulos que tem tudo a ver com o universo musical de Swift? Confira a lista!

Pessoas Normais‘, de Sally Rooney

“But I knew you’d linger like a tattoo kiss / I knew you’d haunt all of my what-ifs / The smell of smoke would hang around this long / ‘Cause I knew everything when I was young.” – ‘cardigan’, ‘folklore’ (2020)

Marianne e Connell são pessoas normais, mas, como toda pessoa normal, não se sentem desta forma. Os dois se conheceram ainda no colegial, mas vieram de universos muito diferentes: a menina era filha de uma família rica; o garoto era filho da empregada da amiga. Mesmo assim, encontraram o amor e viraram carne e unha, porém escondidos de todos. Uma história de idas e vindas, que conta muito sobre ser humano na sociedade atual e sobre a forma como nos relacionamos.

Para muitos fãs de Taylor Swift, a história possui paralelos com ‘cardigan’, do álbumfolklore(2020). A própria artista já afirmou que Pessoas Normais se tornou um de seus livros favoritos. A inspiração não poderia ser mais notável!

Rebecca’, de Daphne du Maurier

“I made you my temple, my mural, my sky / Now I’m begging for footnotes in the story of your life.” – ‘tolerate it’, ‘evermore’ (2020)

A quinta faixa de ‘evermore(2020), segundo a própria artista, foi produzida com a inspiração que Rebecca lhe trouxe. Narrando a história de um amor tóxico e frio, ‘tolerate it’ é o puro enredo construído por Daphne du Maurier numa interpretação tipicamente swiftiana.

O livro traz a história de uma jovem humilde que ganhava a vida como dama de companhia e que teve sua vida transformada por Max de Winter, um herdeiro recém-viúvo que aparenta estar apaixonado pela garota. Ela se casa e é levada para uma grande mansão, porém os segredos guardados pelo marido vão muito além do que ela poderia imaginar. Tudo gira em torno de Rebecca, a falecida senhora de Winter. Acompanha-se, então, a trajetória da protagonista em busca de ocupar o mesmo lugar que a ex-mulher ocupava. No fim das contas, ela foi apenas tolerada…

Malibu Renasce‘, de Taylor Jenkins Reid

“There goes the maddest woman this town has ever seen / She had a marvelous time ruining everything.” – ‘the last great american dinasty’, ‘folklore’ (2020)

Mick Riva era o ídolo de Hollywood. Era. Hoje, sobra apenas a lenda associada a seu nome, mas também quatro filhos que se ligam ao pai apenas pelo sobrenome e guardam memórias de família que as grandes telas não mostram. ‘Malibu Renasce’, intercalando entre as histórias dos pais e dos filhos, mostra que existem certas coisas que dinheiro nenhum pode comprar e conflitos que só se apagam com fogo e revolução.

Os temas tratados na obra se assemelham muito aos assuntos que a artista gosta de compor sobre, como relações familiares, reencontros, decepções amorosas, cura, traição, histórias do passado que explicam o presente e influenciam o futuro. A ambientação, os cenários, os personagens e principalmente a protagonista Nina Riva… tudo parece algo que Taylor Swift escreveria. ‘the last great american dinasty’, de ‘folklore’ (2020), conversa muito com o enredo construído por Reid. Se você se identifica com a canção, vale a pena a leitura.

Jane Eyre‘, de Charlotte Brontë

“Isn’t it just so pretty to think? / All along there was some / Invisible string tying you to me” – ‘invisible string’, ‘folklore‘ (2020)

Mas não são apenas em livros contemporâneos que Taylor Swift se inspira. ‘Jane Eyre’, clássico da literatura inglesa, foi fonte para a faixa ‘invisible string’,de ‘folklore’(2020), justamente para cantar sobre o atual relacionamento dela com Joe Alwyn e como eles foram destinados a ficarem juntos.

A obra mais importante de Charlotte Brontë conta a história de Jane Eyre, uma jovem de meados do século XIX muito deslocada de seu tempo. Desde muito nova, ela tinha suas próprias concepções de quem era e para onde iria, e assim seguiu, cresceu, apesar de qualquer obstáculo presente em seu caminho. Achou o amor, perdeu-o por vontade própria, perdeu-se de si para reencontrar-se melhor com os aprendizados da jornada e manteve-se firme naquilo que acreditava a despeito da opinião alheia em qualquer cenário. É inevitável perceber o porquê de Swift escolher uma protagonista tão forte como inspiração musical.

Orlando‘, de Virginia Woolf

“I’m so sick of running as fast as I can / Wondering if I’d get there quicker / If I was a man / And I’m so sick of them coming at me again / ‘Cause if I was a man / Then I’d be the man.” – ‘The Man’, ‘Lover’ (2019)

Orlando era homem. Era. Homem nobre no século XVI, levava a vida com seus privilégios que pareciam naturais. Nada o fazia pensar que a vida seria diferente para qualquer um. Até que um dia, levantou, olhou-se no espelho e se viu mulher. Corpo de mulher. Alma de mulher. Ele continua a viver como se nada tivesse acontecido, mas logo percebe que a vida feminina é sobrevivência constante e suas dores passaram a ser de gênero, não mais generalistas.

Virginia Woolf escreveu sobre as dificuldades de ser mulher em pleno século XIX visando lutar pelos direitos femininos. Taylor Swift com certeza faz parte dessa narrativa. A cantora vive tratando do tema através de suas falas, publicações, atos e, logicamente, de sua obra. Afinal, ela está passando pelo processo de regravar a maior parte da sua discografia por ter perdido seus direitos autorais para Scooter Braun. A quarta faixa de Lover (2019), ‘The Man’, parte do questionamento: “como a vida seria se eu fosse um homem?”. Orlando soube melhor do que ninguém; e na própria pele.

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O texto acima foi editado por @diovanna-mores-monte

Catharina Pinheiro

Casper Libero '24

A journalism student in love with literature and music. :)