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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

É impossível falar de rock sem pensar nas inúmeras mulheres que, apesar de serem negligenciadas por seu pioneirismo e de nem sempre serem lembradas nesse contexto, tiveram um papel essencial para o crescimento do estilo. Por meio de performances revolucionárias, suas canções de protestos quebraram as barreiras da música na sociedade.

Confira a seguir as 10 principais figuras femininas que revolucionaram esse gênero musical.

1- Sister Rosetta Tharpe

Surpreendentemente, o estilo atrelado à rebeldia nasceu em uma igreja nos Estados Unidos. A cantora gospel, designada Mãe do Rock, foi responsável pela invenção do gênero. Muito antes dos anos 50, quando o estilo se popularizou entre os jovens, ela havia acelerado o ritmo do blues ao utilizar a sua guitarra com distorção. Influência para muitas criações da década, foi citada como referência por Elvis Presley, Johnny Cash, Bob Dylan e Chuck Berry.

Rosetta também foi a primeira religiosa a subir em palcos de casas noturnas para realizar apresentações, local até então utilizado apenas por artistas do jazz e do blues. Sem abandonar sua raiz gospel, adaptou o seu estilo e produziu gravações que atraíram o público do R&B e do rock. Cruzando a linha entre o sagrado e o profano, a compositora ajudou a abrir o caminho para o pop-gospel.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Rosetta era uma das únicas artistas gospel autorizadas a gravar para os soldados no exterior. Em 1944, seu single “Strange Things Happening Every Day” foi a primeira canção a atingir o top 10 da Billboard. 

A abordagem musical da cantora consistia em unir blues e jazz com uma pegada gospel e a distorção de guitarra. Rosetta não se limitou às fronteiras dos Estados Unidos e realizou uma turnê na Inglaterra, apresentando a novas plateias o que seria posteriormente espalhado em diversas partes do mundo como rock.

2- Rita Lee

A paulista foi a primeira a incorporar o rock no país, na década de 60. Ex-integrante dos grupos “Os Mutantes” e “Tutti-Frutti”, Rita foi fundamental para a mudança do cenário nacional da música. Seus versos abordavam o sentimento de revolução e a independência feminina.

A cantora é a que mais vendeu discos no Brasil e foi fundamental no processo de modernização da música nacional, contribuindo para a ascensão das mulheres no rock. Em sua carreira, lançou 32 discos e alcançou a marca de 55 milhões de cópias vendidas.

A trajetória solo, a partir de 1978, conciliou o rock com baladas românticas, canções de bossa nova e outros estilos. Rita seguiu um caminho mais ligado ao pop, com músicas populares e fez trabalhos como atriz e escritora. Apesar de ter anunciado sua aposentadoria em 2012, lançou, em 2016, sua autobiografia, seguida de vários livros infantis.

Além dos inúmeros sucessos, teve músicas gravadas por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina e muitos outros. Rita se destaca no cenário brasileiro não somente por ser uma grande cantora e compositora, e sim por ser uma das primeiras mulheres a tocar guitarra no palco. Sua atitude fez com que ela fosse vista como a rainha do rock brasileiro.

3- Janis Joplin

Intitulada de Rainha do Rock, foi a primeira referência feminina do gênero nos anos 60. A cantora foi pioneira na sua época e tornou-se uma das artistas mais importantes do festival de Woodstock. Janis quebrou a barreira entre o sexo feminino ao produzir músicas marcantes e intensas, abordando sexualidade, dilemas, psicodelia e diversos outros temas em uma pegada explosiva, misturando rock com blues.

Como artista solo, Joplin revolucionou o cenário musical. Dona de uma voz poderosa e inconfundível, a artista entrou para a história como um dos símbolos dos anos da contracultura. Cantora, compositora e multi-instrumentista, a jovem conquistou seu espaço e cativava a todos com seu talento. 

Desde cedo, Janis enfrentou preconceitos por sua personalidade e posicionamentos numa sociedade segregada e patriarcal. Antes de se descobrir como cantora, dedicou-se às artes. A paixão pela música e a inquietude intelectual foram traços herdados dos pais.

Além do vocal único, a artista criou uma imagem muito valiosa. Os casacos de pele, os chapéus extravagantes, os óculos e colares fizeram as revistas disputarem para ter uma foto da musicista na capa.

Apesar do pouco tempo de carreira, Janis deixou sua marca na história do rock. Seu canto inconfundível e carregado de emoção continua influenciando artistas até hoje. Ela quebrou barreiras e assumiu riscos para que mulheres ganhassem espaço na indústria sem precisar se ajustar às demandas impostas.

4- Joni Mitchell

Nomeada a 75ª melhor guitarrista do mundo pela revista Rolling Stones e julgada pela crítica uma das maiores compositoras da história, Joni Mitchell é uma das cantoras mais influentes da música. Joni conquistou nove Grammys e gravou dois discos que fazem parte da lista de 500 melhores álbuns: o Clouds (1969) e o Blue (1971).

Antes de se descobrir na música, Joni estudava a pintura. O que começou como lazer futuramente desencadeou seu sucesso. Mitchell, entretanto, nunca deixou de pintar. Pelo contrário, o processo criativo dos álbuns e a sua capacidade de criar imagens se expandiram para as letras e melodias de suas canções.

O sucesso veio na década de 70. Suas composições possuem pautas sociais e transitam entre o rock, o blues, o folk e o jazz. As letras vão de temas autobiográficos até a conscientização ambiental.

Embora tenha começado com a imagem de uma jovem delicada que cantava músicas melancólicas, a cantora transitou entre diferentes gêneros. Imortalizada como uma das artistas mais marcantes e respeitadas, Joni abriu caminho para que as mulheres pudessem se expressar com sua arte.

5- Tina Turner

Inspiração para muitas mulheres, Tina iniciou sua carreira na década de 50, possui oito Grammys e vendeu mais de 200 milhões de discos pelo mundo. Além disso, ela foi a primeira artista negra a estampar a capa da Rolling Stones e entrou para o Guinness Book pelo recorde de público em seu show no Maracanã, em 1988, que reuniu cerca de 188 mil pessoas e teve transmissão ao vivo para todo o mundo. Tida como uma das 10 maiores artistas de todos os tempos, a cantora também foi reverenciada Rainha do Rock.

Sob o nome de Little Ann, começou sua carreira artística ao lado de Ike Turner, com quem foi casada entre 1962 e 1978. Tina cantava na banda “The Kings of Rhythm”, que ganhou investimento de produtores, mas se desfez futuramente. Em 1960 adotou o nome Tina Turner.

Na década de 80, Tina teve um dos maiores retornos da música com seu álbum Private Dancer. Nele continha o hit “What’s Love Got to Do With It”, que ganhou o Grammy de Gravação do Ano. Aos 44 anos, ela foi a artista solo feminina mais velha a liderar o Hot 100 da Billboard.

Tina antecipava tendências e estava sempre à frente de seu tempo. Considerada uma das mais belas vozes do cenário musical, também foi reconhecida por suas coreografias em seus shows.

Anunciou a aposentadoria em 2000, e decidiu voltar aos palcos oito anos depois para um último show, em comemoração aos 50 anos de carreira. Desde então, está oficialmente afastada dos palcos, mas canta até hoje em pequenos eventos.

6- Patti Smith

Inovadora na estética musical, Patti transitou por muitas vertentes alternativas, inclusive pelo que viria a ser chamado de indie, rock e grunge. Ela também antecipou o hip hop em algumas músicas e trouxe um ideal mais feminista e intelectual à música punk em seu disco de estreia, o Horses (1975), que foi considerado o percursor do estilo. 

Em 1971, Patti foi atração de abertura em um projeto de leitura de poesia de sua igreja. Ao incluir os acordes de guitarra à poesia declamada, inúmeras revistas demonstraram interesse em seus trabalhos, tanto literários quanto musicais. 

Além da carreira musical, Patti publicou livros de poesia, dos quais destaca-se “Só Garotos”, que fala sobre a sua amizade com Mapplethorpe e foi vencedor do National Book Award. Patti também organizou exposições de suas fotografias em Berlim, Paris e Ontário. As imagens retratavam itens cotidianos e lugares significativos para a artista.

Estrela do punk, Patti ganhou o apelido de Poetisa do Rock após promover a união de guitarra com letras literárias. Sua música combina felicidade, traumas, fantasias sexuais, religião, violência e morte, todos embalados por vocais melódicos misturados com rock. Ela aparece em 47º lugar na lista dos cem maiores artistas da Rolling Stones.

7- Joan Jett

Conhecida mundialmente nos anos 70 com a banda “The Runaways”, Joan é uma das maiores guitarristas do rock. Grande representante feminina na cena musical, foi chamada de Rainha do Rock por sua expressividade artística.

Aos 15 anos de idade fundou a banda The Runaways, sendo um dos primeiros grupos somente de mulheres. Apesar da trajetória de apenas quatro anos, as The Runaways impactaram o cenário da música na época.

O primeiro álbum solo de Joan foi rejeitado por 23 gravadoras, o que levou a cantora a lançá-lo de modo independente pela Blackheart Records, se tornando a primeira mulher a ter sua própria gravadora.

No ano de 1980, Joan formou a banda “The Blackhearts”, que gravava covers de bandas. Após um ano, o grupo lançou seu primeiro álbum, denominado I Love Rock’n’Roll. Uma das canções, que leva o mesmo nome do álbum, é considerada a 28º maior música de todos os tempos e toca até hoje em filmes e séries.

Joan Jett foi nomeada a 67º melhor guitarrista de todos os tempos pela Rolling Stones. Além dos sucessos emplacados, a artista expôs toda a sua força no palco, reverberando sua história no rock entre as mulheres.

8- Stevie Nicks

Aos quatro anos, Stevie já se apresentava na taverna de seus pais. Durante a adolescência, a jovem começou a escrever canções e formou a sua própria banda, a “Fritz”. Eles faziam apresentações ao vivo e abriam shows para artistas famosos, como Janis Joplin e Jimi Hendrix. O grupo teve um curto período de atividade e se desfez em 1972.

Dois anos depois, Nicks e Lindsey Buckingham, namorado e ex-membro da banda, se juntaram a “Fleetwood Mac”. O álbum Rumours, lançado em 1977, tornou-se o mais vendido de todos os tempos e conquistou o prêmio Grammy de Álbum do Ano. Nicks recebeu treze indicações ao Grammy e vendeu mais de 140 milhões de discos, tornando o grupo musical o mais vendido de todos os tempos. A banda, inclusive, serviu de inspiração para a minissérie Daisy Jones & The Six, a qual manteve-se fidedigna aos instrumentos e, em especial, ao figurino da época.

Os trabalhos solos surgiram em 1981, e o seu álbum de estreia, Bella Donna, alcançou o primeiro lugar na Billboard dos Estados Unidos. Batizada de Rainha Reinando do Rock, Stevie ganhou reconhecimento pela voz e estilo visual únicos, além das letras de caráter simbólico.

9- Cássia Eller

Referência na década de 90 pelo timbre marcante, a cantora produziu cinco álbuns de estúdio. O mais bem sucedido, nomeado Acústico MTV, teve mais de um milhão de cópias e lhe garantiu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock. Os arranjos da artista passavam pelo rock, MPB e até pelo samba. 

O interesse pela música veio aos 14 anos, quando ganhou um violão. A cantora aprendeu a tocar o instrumento a partir das músicas dos Beatles. Seu sonho era ser cantora de ópera.

Cássia trabalhou em vários bares, cantando e tocando. Antes disso, ela cantou em corais, participou de duas óperas, foi vocalista de um grupo de forró e liderou o primeiro trio elétrico de Brasília, o “Massa Real”.

Reconhecida pelo timbre grave e ecletismo musical, interpretou canções de compositores de rock, pop, MPB, rap e samba. Cássia tinha presença de palco e era constantemente convidada para participações especiais e interpretações personalizadas.

Sua trajetória musical, embora curta, foi muito importante. Nos últimos meses de vida, fez uma apresentação histórica no Rock In Rio 2001.

10- Siouxsie Sioux

Vocalista da banda britânica fundamental para a cena pós-punk, a “Siouxsie And The Banshees”, a cantora é avaliada, até hoje, como uma das artistas mais consagradas de sua geração.

A banda lançou 11 discos e dentre os álbuns de destaque estão Kaleidoscope, JuJu, Tinderbox e Superstition, que, além da diversificação dos temas, renderam hits de sucesso e a participação do grupo no festival Lollapalooza.

Outro projeto paralelo foi a banda “The Creatures”, formada com seu marido Budgie, em 1981. Versátil enquanto compositora, os aspectos sonoro e lírico seguiram um rumo completamente diferente dos Banshees.

O visual da artista foi construído ao longo do tempo e serviu de inspiração para muitas pessoas. Misturando glamour com a moda punk e gótica, apresentou ao público sua marca registrada. O estilo era composto por roupas pretas, cabelos bagunçados, meia-arrastão, delineador e batom vermelho.

Siouxsie é símbolo de empoderamento e foi admirada por ter rompido com o machismo na cena do punk ao liderar uma banda composta por homens. Apesar de não ter como objetivo representar alguém, ela acabou o fazendo com as inúmeras mulheres que desejavam ser quem quisessem enquanto profissionais. 

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O texto acima foi editado por Ana Luiza Sanfilippo.

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Camila Iannicelli

Casper Libero '25

Estudante de jornalismo. Tentando sair do óbvio. Cultura, música, entretenimento, esportes. E-mail para contato: camilaiannicelli13@gmail.com