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Um Mundo chamado Francisco José: Resenha de “40 anos no Ar”

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Confesso que, talvez por ignorância, o jornalista Francisco José não habitava meu universo dos cinco “top of mind” no quesito de repórteres do telejornalismo brasileiro. Mas devo que um presente mudou minha perspectiva. Entrei no curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero neste ano de 2017, resgatando um velho sonho que há muito alimentava em momentos que refletia aspectos da minha realização profissional. Com 15 anos de idade, no auge da juventude, naquela época de transição entre a adolescência e a maturidade, dois cursos dividiam minha atenção: o Direito e o Jornalismo. Optei pelo caminho do estudo das leis, sob os auspícios de um pai promotor de justiça e um irmão já encaminhado na área. No entanto aquela vozinha interior insistia em reverberar de quando em vez, que o jornalismo precisava ser trilhado, como forma de acalmar o espírito e aquietar a mente.

Retornando ao Chico José, meu marido então, na primeira semana de aula, me presentou com o livro do jornalista: “40 Anos no Ar – A Jornada de um Repórter pelos Cinco Continentes” (Editora Globo S.A., 2016). Livro na mão de jornalista não sobrevive são! Precisa ser devorado o quanto antes para ampliar o repertório do profissional que escolhe a escrita como uma de suas principais ferramentas de trabalho. Foi então que Francisco José, através de sua obra, viajou comigo para o litoral norte de São Paulo, e passei a acompanhar as peripécias desse grande repórter. É encantador como esse ambientalista nato narra suas reportagens, grande parte delas repletas de aventuras, suspenses e desafios que apenas um profissional apaixonado pelo que faz é capaz de enfrentar.

Chico José desbrava os rincões desse país e do mundo, revelando situações de perigo, como a cobertura de um sequestro com quatro reféns, no Recife, em que o sequestrador pede a presença do jornalista para intermediar a negociação. Francisco José, na condição de repórter, aceita o desafio de encarar frente a frente os bandidos e cobre o fato da maneira mais inusitada possível: se oferece para trocar de lugar com uma mulher grávida e se torna um dos reféns. O ano era 1987, quando eu tinha apenas 3 anos de idade, e esse “monstro” do jornalismo já realizava coberturas memoráveis como essa.

O livro tem recordações dereportagens para todos os gostos: registros de guerras, naufrágios, debates políticos, tribos indígenas intocadas. A cada aventura, desvela-se para o leitor, a imagem de um jornalista com uma sensibilidade ímpar, preocupado com as mazelas humanas, obstinado por ajudar o próximo através do seu ofício e de suas denúncias jornalísticas, demonstrando que a profissão exige altas doses de resiliência, atitude, coragem, foco e princípios.

Não raras foram as vezes em que o repórter precisou enfrentar autoridades, que dificultavam seu trabalho jornalístico, muitas vezes no intuito de impedir a apuração de fatos contrários à lei. Nos dilemas em que teve que enfrentar no cumprimento de suas funções, priorizou a matéria e a busca pela verdade, como no caso da reportagem do desastre do barco Bateau Mouche, em que em menos de 24 horas do naufrágio, o repórter, juntamente com sua equipe, mergulhou na baía de Guanabara e veiculou para todo Brasil imagens do Bateau Mouche no fundo mar. O ápice da reportagem se deu no encerramento da notícia: – Francisco José, ao vivo, do fundo do mar para o Jornal Nacional.

Um aspecto que chama a atenção, também, nas narrativas, é a menção sempre muito respeitosapara com toda a equipe que o acompanha, dedicando inclusive o epílogo do livro para homenagear tantos profissionais que o têm acompanhado ao longo da carreira. Para quem está chegando agora no universo do jornalismo, é importante tomar conhecimento e reconhecer que uma reportagem só é exibida com a ajuda e o sacrifício de muitos profissionais, como câmeras, editores, produtores e apresentadores. E Francisco José parece ter o dom e um ótimo poder de convencimento para amealhar colegas de profissão para as mais diferentes coberturas de reportagens em locais inóspitos, sem conforto, e em alguns casos, bastante perigosos como na ilha de Komodo, para que se obtenha a melhor reportagem. Fica registrada a mensagem de valorização de tantos profissionais que não titubeiam em envidar esforços para que a notícia seja recebida pelo telespectador com qualidade, minúcia e presteza.

A televisão tem um poder de fascinação.

Acredito que grande parte dos estudantes de jornalismo aspiram à possibilidade de ter seu minuto de fama em rede nacional. Afinal,apresentar uma notícia de grande repercussão traz reconhecimento e notoriedade para o profissional. O livro revela os bastidores da notícia, aquilo que ninguém vê e escuta porque fica atrás das câmeras, as dificuldades enfrentadas pelo profissional para que o objetivo principal, a matéria, seja preservado. O telejornalismo até pode ter uma aura  de glamour, mas esconde um bastidor de muito trabalho e dedicação. Neste livro, os calouros jornalistas aprendem que a notícia deve ser sentida, não apenas transmitida. O repórter deve, como diz Humberto Werneck, “sujar os sapatos”, se quiser verdadeiramente experienciar o jornalismo na sua totalidade. Somente assim é possível compartilhar uma reportagem com emoção e propriedade, e escrever uma história de sucesso, como a do meu  futuro colega de profissão, Francisco José.

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I must confess that, maybe out of ignorance, the journalist Francisco José was not in my top 5 names when it comes to TV reporters. However, I have to say that a gift changed my perspective. I got into Faculdade Cásper Líbero’s Journalism School IN 2017, rescuing an old dream that I used to go back to every time I reflected upon my career path. With 15 years, during the adolescence to adulthood transition, I had two majors in mind: Law or Journalism. I eventually followed the Law study, under the guidance of my father, who worked as a District Attorney, and my brother, who was already studying in the field. Nonetheless, that small voice inside me still whispered, warning that I should traveled in the journalistic path in order to calm my spirit and thoughts.

But moving back to Francisco José, during my first week of classes, my husband presented me with this book “40 Anos no Ar – A Jornada de um Repórter” (Editora Globo S.A., 2016). A book in the hands of a journalist spend very little time without being fully read. I must be devoured as soon as possible to expand our professional repertoire, especially for those that pick writing as an essential job skill. It was then, on a weekend trip to São Paulo’s north coast, that I started to follow the adventures of this great reporter.   

Chico José discovered the most extreme frontiers of Brazil and the world, putting himself and his crew in the dangerous situations. Such as the coverage of a live kidnapping with four hostages in Recife. An episode where the kidnapper demanded the presence of José as an intermediate in the negotiations. Francisco José, in his position as a reporter, accepted the challenge of facing the criminal and even offered to switch places with a pregnant woman, becoming one of the four hostages. The year was 1987, when I was only 3 years old, and José was already a journalistic force to be reckon.

The book brings memories of coverages for all taste: war reports, shipwrecks, political debates, Indians tribes. But, for each adventure, the reader realizes José as a extremely sensitive journalist, worried about the human poverty and focused on the helping as much as he can through his job and his journalistic complaints. He shows us how journalism requires a special dose of resilience, attitude, courage, focus and ethic. It is quite charming to see this environmentalist narrating his coverages with so much passion.

It was not rare the times where the reporter faced authorities, which tried to prevent him from reaching the truth and exposing illegal actions. During his career, Job prioritize seeking the truth and going to extremes, such as when he dived in Baia de Guanabara to broadcast live the shipwreck of Bateau Mouche, only 24 hours after the boat had crashed.

Something that caught my attention was that through each narrative, there is a clear mention of his entire crew. In the epilogue, for instance, the reporter honors all professionals that worked with him and followed him through his career.

For those that just arrived to the journalistic universe, it is importante to be aware that a coverage is broadcasted only with the mutual effort of several professionals, like cameramans, editors, producers and presenters. It seems that Francisco José has the ability to convince his fellow colleagues to travel to new and dangerous places, like the island of Komodo, to find the best coverage possible. It is clear how every journalistic professional must be honored for their dedication to broadcast a TV coverage with quality and detail.

I think a lot of journalism students aspire to have their minutes of fame in national television. After all, TV has a great aura of fascination and presenting a news report can get you a certain notoriety.  This book reveals to us the behind the cameras, with lots of sweat and dedication. In this book, journalism freshmen can learn that news is not only broadcasted, it must be felt first. As Humberto Werneck said, you must fill your shoes with dirt, if you really wish to experience journalism in its fullest. So that, one day, there is a possibility of sharing a coverage with the same intensity and emotion as our profession colleague, Francisco José.

Graduada em Direito, pós graduada em Marketing de Serviços pela Faap/SP, cursando o primeiro ano de jornalismo na Cásper Libero.
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Alana Claro

Casper Libero '17

Alana is a Senior in Cásper Líbero University, majoring in Journalism. She is President of Casper Libero's Chapter and an intern in a Corporate Communications firm. Born and raised in Sao Paulo, where she speaks Portuguese, although English is her ever-lasting love. Alana is a proud Slytherin and INTJ.