Mais um dia daqueles que tenho que sair correndo para ir às aulas. Almoço, faço minhas marmitas, tomo um banho me arrumo e vou… Vou a um lugar em que as pessoas são diferentes daquelas que convivi durante anos. Um lugar onde entro e penso todo dia em ver minhas amigas, aquelas amigas para conversar, fofocar e ouvir meus milhões de desabafos. Então, no entediante e longo caminho do ônibus até lá, pego meu celular e chamo minha amiga “da escola”. Conversa vai, conversa vem, papo em dia, altas risadas e… Chegou meu ponto. Aqui. Desci.
A conversa está tão boa que eu quase esqueço que é aqui. Ando em direção à faculdade, dou um leve suspiro, guardo o celular e percebo o quanto amizade vai além de ver alguém todos os dias. Besteira, isso não significa nada. Não é preciso estar perto para estar junto, o importante é saber e ter certeza de que, quando precisar, terei alguém para me ajudar, conversar sobre assuntos importantes ou banais e também ter convicção que estarei lá quando a pessoa precisar de mim.
Refleti e vi que criar e manter amizades quando a rotina é a mesma, quando os problemas são os mesmos, é muito mais fácil, porque você está lá ao lado vendo tudo de perto para ajudar. Difícil é quando os hábitos são diferentes, quando cada um de nós segue caminhos opostos. Mas amizade verdadeira ultrapassa e supera todos os detalhes. Pode até ser que um dia eu e alguma amiga da escola talvez fiquemos mais distante. Talvez a gente não se veja com tanta frequência, só que enquanto houver amizade ou eu ou ela há de lembrar uma da outra. A força da nossa amizade vence todas as diferenças da rotina. E então penso em voz alta “realmente… amizade é um amor que nunca morre”.
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Cheguei à faculdade, encontrei minhas amigas e começamos a conversar, cada uma contando um pouco sobre si (afinal, em 1 ano e meio de aulas ninguém se conhece 100% ainda). Falando e ouvindo um pouco delas, uma amiga me lembrou minha irmã, acho engraçado porque minha irmã é mais velha, mas ela não. Em apenas 12 meses, ela se tornou muito especial na minha vida e mostrando que nossa amizade pode ir além da Faculdade.
Durante a aula, meu pensamento sobre amizade depois dos 20 permaneceu. Pensando sobre isso, sei que perdi amigos, porém na mesma intensidade, ganhei. Minha amizade com alguém do passado é mais duradoura e forte, porque um laço de verdade não se desfaz com o tempo, mesmo depois das brigas, da distância, dos rumores, das conversas. Perder uma amigo, hoje, é, simplesmente, sinal que a missão dele na minha vida acabou.
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Texto: Izabela Ares
Edição: Marcela Schiavon